Lyon segura Fonseca. Outros casos de agressões a árbitros com castigo
Apesar do castigo de nove meses de suspensão decretado pelo Comité Disciplinar da Liga francesa, Paulo Fonseca não tem o lugar em risco. A garantia foi dada ontem por John Textor, acionista maioritário do Olympique de Lyon, numa altura em que se especulava sobre a possibilidade do emblema francês poder prescindir dos seus serviços dadas as limitações a que vai estar sujeito - até setembro não pode entrar no balneário antes, durante e depois dos jogos.
“Continuo ao teu lado agora e sempre. Cometeste um erro, as tuas desculpas foram sinceras e a tua punição foi claramente severa demais. És o homem certo para o Lyon e vamos vencer”, escreveu o empresário norte-americano no Instagram. O clube, entretanto, anunciou que está a estudar “todas as vias de recurso possíveis”. O treinador reagiu ontem ao castigo antes do jogo da Liga Europa com o FCSB, que o Lyon venceu por 1-3, e onde pôde estar no banco - não disfarçou as lágrimas após ser abraçado pelos jogadores no primeiro golo da equipa: “Sinto uma grande injustiça e quero deixar claro que nunca toquei no árbitro e não tive qualquer intenção de ser fisicamente agressivo.”
O castigo foi duro e está entre os mais pesados do futebol gaulês envolvendo árbitros, “um acontecimento que marca o futebol francês, algo sem precedentes”, como referiu Will Still, treinador do Lens. Na verdade, em 2003, o brasileiro Leonardo, também foi suspenso nove meses na sequência de gestos e de um empurrão a um juiz após um PSG-Valenciennes (1-1). Dois meses depois demitiu-se do cargo.
Gelson Martins, antigo jogador do Sporting, também esteve a contas com a justiça desportiva francesa. Em 2020, num Mónaco-Nimes, o português empurrou o árbitro Mikael Lesage e foi expulso, voltando a empurrá-lo antes de abandonar o relvado - foi suspenso seis meses.
As sanções a treinadores por via de desacatos com árbitros são centenas, mas a grande maioria devem-se apenas a insultos e não são tão graves como o encosto de cabeça de Fonseca a Benoît Millot no Lyon-Brest de domingo.
Sérgio Conceição, que como treinador foi expulso mais de duas dezenas de vezes por palavras a árbitros, apanhou uma suspensão de quatro meses em 2006 quando era jogador do St. Liége, da Bélgica. Tudo porque cuspiu num adversário e atirou a camisola a um dos árbitros como reação a uma expulsão.
Também Fernando Santos foi suspenso oito jogos pela FIFA quando era selecionador da Grécia, por ter insultado um juiz num jogo com a Costa Rica, no Mundial2014.
De João Pinto a Ronaldo
Vários jogadores já sofreram na pele suspensões por agressões a árbitros. Um dos mais mediáticos envolvendo portugueses aconteceu no Mundial 2002, quando no jogo entre Portugal e a Coreia do Sul, João Vieira Pinto agrediu com um soco no estômago Angel Sanchez. A Comissão de Disciplina da FIFA suspendeu-o quatro meses.
Antes, nas meias-finais do Euro2000 contra a França, Abel Xavier, Nuno Gomes e Paulo Bento também se envolveram com o árbitro Gunter Benko. Xavier foi suspenso pela FIFA nove meses, Nuno Gomes oito e Paulo Bento seis, castigos depois reduzidos para seis, sete e cinco meses, respetivamente.
A liga portuguesa também registou casos semelhantes. Um deles valeu uma suspensão de seis meses a Dyego Souza (inicialmente eram nove), então jogador do Marítimo, por agredir um árbitro assistente num jogo de pré-época com o Tondela.
Cristiano Ronaldo também já perdeu a cabeça com um árbitro. Em agosto de 2017, num jogo entre o Real Madrid e o Barcelona, o internacional português empurrou Burgos Bengoetxea após ser expulso. O castigo foram cinco jogos de suspensão.
Luisão, antigo capitão do Benfica, também viveu um episódio semelhante em agosto de 2012. Num jogo de pré-temporada frente aos alemães do Fortuna Dusseldorf, deu um empurrão no árbitro. Apanhou dois meses de suspensão.
Em Inglaterra duas agressões de jogadores a árbitros fizeram correr muita tinta. Em 1998, Paolo di Canio, então jogador do Sheffield Wednesday, teve ordem de expulsão e deu um valente empurrão no árbitro, que se estatelou na relva. Levou 11 jogos de suspensão.
Mais recentemente, a justiça desportiva inglesa não perdoou Mitrovic, então jogador do Fulham, do português Marco Silva. Num jogo diante do Manchester United, em março de 2023, o sérvio empurrou o árbitro e apanhou oito jogos de suspensão (três pelo cartão vermelho e mais cinco pela atitude violenta contra o árbitro Chris Kavanagh).