Jorge Martín (Pramac Racing) vingou este domingo em Barcelona o azar do ano passado, quando à sexta volta da corrida em Valência caiu e não pôde evitar que Bagnaia se sagrasse bicampeão mundial. Os dois pilotos voltaram a ir para a pista na prova que encerrou a temporada com possibilidades de erguerem o troféu. Mas desta vez o espanhol levou a melhor, conquistando o primeiro título mundial da carreira - Bagnaia venceu a corrida, mas o terceiro lugar permitiu a Martín festejar..O piloto de 26 anos, natural de Madrid e conhecido por Martinator, tornou-se no primeiro na era MotoGP a ser campeão com uma equipa independente, a Pramac Racing, satélite da Ducati - Valentino Rossi foi o último a fazê-lo em 2001, com a Honda Nastro Azurro, então na categoria de 500cc, que antecedeu ao MotoGP..Uma proeza que não pode deixar de ser assinalada e que torna este título com maior significado, porque as equipas satélites não têm os mesmos recursos das de fábrica. Foi o próprio Martín que no início deste mês chamou a atenção para esta situação: “Tenho uma equipa de 12 pessoas que lutam sozinhas contra o mundo. Alcançar o que já alcançámos [na altura sete vitórias em sprint, três vitórias e 30 pódios], não posso pedir mais.”.“Ser campeão foi algo que sonhei a vida toda. E agora consegui. Trabalhei muito este ano para conseguir este objetivo, até com um psicólogo, que me ajudou a deixar de ter medo de não ganhar”, referiu o novo campeão mundial..“Não foi um caminho fácil, todos sabem de onde venho. Os meus pais fizeram grandes sacrifícios para que eu pudesse cumprir o meu sonho, que era sagrar-me campeão. Hoje consegui o sonho de toda uma vida. Podia estacionar amanhã a mota que já seria a pessoa mais feliz do mundo”, acrescentou..Da mota no Natal à queda em Portugal.A paixão de Martín pelas duas rodas não vem do berço, mas quase. O pai era um entusiasta por motas e motociclista amador. E quando Jorge tinha seis anos, pelo Natal, ofereceu-lhe uma mini mota. Foi o clique para na altura sonhar que um dia seria piloto profissional, campeão do Mundo, e bateria os recordes do seu ídolo, Valentino Rossi..Começou a dar nas vistas nas categorias de iniciação e foi aceite na Red Bull Rookies Cup. Em 2012 chegou à Moto 3 e por lá ficou até 2018, ano em que se sagrou campeão mundial, feito que lhe permitiu subir um patamar até à Moto2. O máximo que conseguiu nesta série foi um quinto lugar, mas mesmo assim em 2021 chegou ao MotoGP, assinando pela Pramac Racing Ducati..O seu ano de estreia na categoria máxima do motociclismo ficou marcado por uma violenta queda sofrida no Autódromo Internacional do Algarve, no Grande Prémio de Portugal. Partiu oito ossos e falhou quatro corridas nessa temporada. Ainda assim, garantiu o título de Estreante do Ano [Rookie of the Year]..Em 2022 voltou a subir outras quatro vezes ao pódio e no ano passado lutou até ao final com Bagnaia pelo título, somando quatro vitórias e oito pódios. O título de campeão mundial fugiu-lhe na última corrida, em Valência, mas neste domingo em Barcelona foi finalmente coroado..Na próxima temporada vai exibir o número 1 numa outra marca - já assinou pela Aprilia, desta vez para correr na equipa oficial..O português Miguel Oliveira, que regressou este domingo para a última prova após lesão, terminou a prova em 12.º lugar. Na classificação geral ficou em 15.º, ele que na próxima temporada também vai mudar de ares e correr pelaPramac, equipa satélite da Yamaha..nuno.fernandes@dnpt