Jorge Martín, o campeão independente que cumpriu o sonho de uma vida
Foto: Alejandro Garcia/EPA

Jorge Martín, o campeão independente que cumpriu o sonho de uma vida

O terceiro lugar na última prova do Mundial valeu-lhe o primeiro título de campeão mundial, feito que merece maior destaque por ter sido alcançado numa equipa satélite, a Pramac Racing Ducati. Para o ano vai exibir o número 1 na equipa oficial da Aprilia.
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Jorge Martín (Pramac Racing) vingou este domingo em Barcelona o azar do ano passado, quando à sexta volta da corrida em Valência caiu e não pôde evitar que Bagnaia se sagrasse bicampeão mundial. Os dois pilotos voltaram a ir para a pista na prova que encerrou a temporada com possibilidades de erguerem o troféu. Mas desta vez o espanhol levou a melhor, conquistando o primeiro título mundial da carreira - Bagnaia venceu a corrida, mas o terceiro lugar permitiu a Martín festejar.

O piloto de 26 anos, natural de Madrid e conhecido por Martinator, tornou-se no primeiro na era MotoGP a ser campeão com uma equipa independente, a Pramac Racing, satélite da Ducati - Valentino Rossi foi o último a fazê-lo em 2001, com a Honda Nastro Azurro, então na categoria de 500cc, que antecedeu ao MotoGP.

Uma proeza que não pode deixar de ser assinalada e que torna este título com maior significado, porque as equipas satélites não têm os mesmos recursos das de fábrica. Foi o próprio Martín que no início deste mês chamou a atenção para esta situação: “Tenho uma equipa de 12 pessoas que lutam sozinhas contra o mundo. Alcançar o que já alcançámos [na altura sete vitórias em sprint, três vitórias e 30 pódios], não posso pedir mais.”

“Ser campeão foi algo que sonhei a vida toda. E agora consegui. Trabalhei muito este ano para conseguir este objetivo, até com um psicólogo, que me ajudou a deixar de ter medo de não ganhar”, referiu o novo campeão mundial.

“Não foi um caminho fácil, todos sabem de onde venho. Os meus pais fizeram grandes sacrifícios para que eu pudesse cumprir o meu sonho, que era sagrar-me campeão. Hoje consegui o sonho de toda uma vida. Podia estacionar amanhã a mota que já seria a pessoa mais feliz do mundo”, acrescentou.

Da mota no Natal à queda em Portugal

A paixão de Martín pelas duas rodas não vem do berço, mas quase. O pai era um entusiasta por motas e motociclista amador. E quando Jorge tinha seis anos, pelo Natal, ofereceu-lhe uma mini mota. Foi o clique para na altura sonhar que um dia seria piloto profissional, campeão do Mundo, e bateria os recordes do seu ídolo, Valentino Rossi.

Começou a dar nas vistas nas categorias de iniciação e foi aceite na Red Bull Rookies Cup. Em 2012 chegou à Moto 3 e por lá ficou até 2018, ano em que se sagrou campeão mundial, feito que lhe permitiu subir um patamar até à Moto2. O máximo que conseguiu nesta série foi um quinto lugar, mas mesmo assim em 2021 chegou ao MotoGP, assinando pela Pramac Racing Ducati.

O seu ano de estreia na categoria máxima do motociclismo ficou marcado por uma violenta queda sofrida no Autódromo Internacional do Algarve, no Grande Prémio de Portugal. Partiu oito ossos e falhou quatro corridas nessa temporada. Ainda assim, garantiu o título de Estreante do Ano [Rookie of the Year].

Em 2022 voltou a subir outras quatro vezes ao pódio e no ano passado lutou até ao final com Bagnaia pelo título, somando quatro vitórias e oito pódios. O título de campeão mundial fugiu-lhe na última corrida, em Valência, mas neste domingo em Barcelona foi finalmente coroado.

Na próxima temporada vai exibir o número 1 numa outra marca - já assinou pela Aprilia, desta vez para correr na equipa oficial.

O português Miguel Oliveira, que regressou este domingo para a última prova após lesão, terminou a prova em 12.º lugar. Na classificação geral ficou em 15.º, ele que na próxima temporada também vai mudar de ares e correr pelaPramac, equipa satélite da Yamaha.

nuno.fernandes@dnpt

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