É um dos principais dinamizadores do Futsal em Portugal e colocou a modalidade no topo do Mundo. Quer aumentar o número de atletas federados e todos os dias exige mais de si e de quem com ele trabalha.Em dia de aniversário do DN Jorge Braz conversou sobre o Campeonato da Europa onde Portugal tem ambições para chegar ao terceiro título europeu consecutivo. A carreira e o futuro. Falta praticamente um mês para o início do Campeonato da Europa Masculino e todos querem mais um título. A responsabilidade é muito grande.Nós conhecemos o nível de exigência de uma competição deste tipo. Ao contrário de dizer são bicampeões da Europa, começam com vantagem, devíamos todos dizer não, não começamos com vantagem nenhuma, começamos igual a toda a gente, com zero pontos, a ter de vencer o grupo e passar. Mas o trabalho que têm desenvolvido revela consistência e consolidação nos resultados.Nós estamos consolidados, por alguma coisa somos bicampeões da Europa, mas isto aumenta os níveis de alerta de todos os adversários perante nós. Esta é que é a grande diferença. Usando uma expressão popular, Portugal é um alvo a abater, não é? Chegámos a um ponto em que qualquer seleção masculina ou feminina que faça um jogo e que nos consiga vencer, é uma vitória inacreditável e é motivo de festejo para essas seleções.Os primeiros adversários são a Itália, a Polónia e a Hungria. Gostava que falasse de cada uma destas equipas e de quais os cuidados a ter com cada uma.Sobre a Itália, estamos a falar de uma seleção que voltou a apostar em bastantes jogadores naturalizados brasileiros, gente muito experiente. A média de idades das últimas convocatórias da Itália é uma média elevadíssima, com jogadores que passaram aqui na Liga portuguesa, portanto, inverteram um bocadinho o rumo que vinham a ter há duas épocas atrás. Vamos jogar com uma seleção que está num nível competitivo muito interessante, eliminou o Cazaquistão no play-off, portanto, isso diz muito do nível em que está novamente. Depois, o Hungria, que está extremamente organizada, com um selecionador espanhol que tem vindo a fazer um percurso muito interessante, e que também se consegue qualificar para o campeonato da Europa. Uma seleção muito organizada, muito objetiva e que se adapta muito bem ao que se está a exigir. Mas, claro, temos a obrigação de ganhar. E, por último, a Polónia, que se calhar, dos países de segunda linha, foi o que mais evoluiu nos últimos anos. Com equipas na Liga dos Campeões a fazer história, com resultados e com uma qualificação limpa para o campeonato da Europa. Os jogadores da Polónia, são muito objetivos, muito diretos no jogo. O nosso grupo não vai dar para respirar em nenhum momento, em nenhuma das jornadas. O professor é uma pessoa muito focada, muito exigente e exige muito a quem trabalha consigo. Passam os dois primeiros de cada grupo. Basta-lhe o segundo lugar ou quer passar em primeiro?Não, não, não. Nós temos de vencer o grupo. Eu preocupo-me sempre, nestas competições, é saber quantos dias de descanso temos entre cada jogo, qual é a sequência de jogos. Não me interessam os adversários, não me interessa com quem cruza ou com quem não cruza. Se nós temos objetivos altos, que é chegar a uma final, nós vamos ter de jogar com toda a gente. Em Portugal é que temos logo a mania de ir fazer contas. São três jogos para vencer e ficar em primeiro. Mas qual é para si o resultado que menos o vai frustrar se Portugal não for de novo campeões da Europa? Jogar a final. Temos de ter oportunidade de ser campeões da Europa. Eu não digo temos de ser campeões da Europa. Não, eu quero chegar ao jogo decisivo. Eu quero estar naquela final. Depois, estar na final, várias vezes digo, é o jogo mais fácil que existe. É jogar uma final. É o jogo onde todos queremos estar.Qual é a sua análise ao estado do futsal em Portugal? Acho que podemos ir para os 50 mil federados. A qualidade, o processo, as oportunidades, as competições nacionais, as oportunidades que os nossos meninos e as nossas meninas têm são cada vez maiores. O Campeonato do Mundo Feminino veio realçar o interesse de muitas meninas. Oiço muitas dizer: quero ser como a Ana Azevedo, como a Janice, como a Ana Catarina, como a Fifó, não é? Fazer golos como a Lídia. Este entusiasmo aconteceu.Estamos a falar de seleções principais. E os mais novos? O processo formativo está muito ligado às associações e aos clubes, à importância do trabalho que se vai desenvolver em cada distrito. Temos vindo a alinhar isto tudo. Tem sido a nossa preocupação: ter cada vez mais meninos e meninas qualificadas, acima de tudo interessados em praticar, interessados em envolver-se, mas depois treinadores e dirigentes também a quererem associar-se a esta modalidade. Só trabalhando, alinhando isto tudo, envolvendo o país todo, envolvendo todas as estruturas que proporcionam oportunidades para se jogar futsal. Esse alinhamento, essa visão estratégica está a acontecer e será reforçada no futuro, para continuarmos este percurso e para que as pessoas sintam que praticar futsal pode ser bom. Quando começou há alguns anos, neste processo de desenvolver o futsal e de dinamizar a modalidade em Portugal, esperava chegar ao final de 2025 como chegou? Honestamente? Achei que seria possível. Desconfiava? Sim, é normal. Claro. Não é utópico dizer podemos ser campeões da Europa. Tínhamos jogado a final de 2010, fomos medalha de bronze na Guatemala, passámos já por uma série de coisas. Eu entrei em 2010 e o que dizia era que tínhamos de andar a jogar finais. Foi muito difícil no início, falhámos uma série de finais, falhámos no campeonato do mundo, falhámos em campeonatos da Europa, era sempre nos quartos ou nas meias que caíamos. Mas em 2018 achava que era o momento. Já estávamos a ter mais gente, a ter miúdos na seleção com uma mentalidade diferente. E felizmente foi acontecendo.Já disse que quer chegar à final do europeu no dia 7 de fevereiro, mas o que é que o selecionador nacional de futsal gostava e desejava mais para o ano de 2026? Nós temos de passar os 50 mil federados, já. Acho que não é um objetivo assim tão ambicioso. Temos de qualificar mais ainda as nossas competições nacionais e temos que aumentar muito a oportunidade e a prática feminina.E como é que conseguem fazer isso objetivamente? Estamos numa nova fase, o presidente quer muito ganhar, ganhar, ganhar. Como é que alavancamos agora tudo isto para continuarmos a estar nas finais? Eu sabia que esta época desportiva era muito importante. Fomos campeões da Europa Sub19, não fomos campeões do mundo feminino, mas fomos vice-campeões, com um orgulho dos diabos, pelo menos no processo, e vem agora aí um campeonato da Europa. É aqui que queremos andar sempre. Agora, para andar sempre, não podemos fazer copy-paste. Temos de querer mais todos os dias.Imagine que tem à sua frente um jovem jogador com um enorme potencial no futsal. O que é que lhe diz? Que se divirta. Depende sempre da etapa onde está. Mas que se divirta. Um Ricardinho, uma Ana Catarina – aqueles olhos brilham cada vez que vão treinar e vêm a bola a saltar.É continuar a alimentar essa paixão e depois ajudá-los nas outras questões para eles se tornarem confortáveis no patamar de exigência que vão encontrar lá em cima. Mas que não acabe essa paixão. Mas esse brilho pega-se, porque o professor também está com um brilhozinho nos olhos a falar de tudo isto. É o brilho, isto é o que eu digo, é que nos alimenta o interior, não sei bem como. Eu sempre acreditei em envolver toda a família do futsal, os clubes, as associações, as pessoas que estão à volta, eu sempre acreditei em envolver toda a gente pelo exemplo. Dentro desta casa, nós temos de ser exemplo. Temos de ser os que trabalhamos mais, os que nos dedicamos mais, os que estamos presentes todos os fins de semana em todos os pavilhões.Como é que o cidadão Jorge Braz se define a ele próprio? Não é o treinador, o selecionador.Nunca gosto muito de me avaliar. Não sei. O princípio que eu mais defendo e mais gosto é a humildade.Nunca estamos acima de ninguém. E depois é a honestidade e a frontalidade. As decisões mais difíceis da nossa vida, profissionais e pessoais, são as decisões onde temos de ser mais frontais. São aquelas que custam. Eu não tomo uma decisão difícil por e-mail.Como sabe, o Diário de Notícias faz 161 anos e gostava que aproveitasse para transmitir umas palavras a quem nos lê.O DN é uma referência, não é? Da imprensa nacional, do jornalismo, que me habituei também a ler e a acompanhar. Primeiro, muitos parabéns. E depois, é uma história enorme. Respeitar a história e perceber a história ajuda-nos tanto a situar-nos onde estamos. O Diário de Notícias tem tanta história e tanta vida na comunicação social, na imprensa portuguesa, que só isso é de valorizar. É um jornal que merece um enorme respeito, que vale a pena acompanhar e ler. E por isso os meus sinceros parabéns por tantos anos de vida..Mundial 2026. A última dança de Ronaldo e Messi num torneio com final à imagem do Super Bowl