João Sousa dobra o cabo das tormentas e conquista o Estoril Open

Vimaranense tornou-se o primeiro tenista português a vencer em Portugal. Triunfo sobre Tiafoe coroou participação de luxo.
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Do sonho à realidade em cinco jogos. Assim construiu João Sousa uma conquista histórica no Estoril Open 2018. As lágrimas que o impediram de falar logo após o match point diante de Frances Tiafoe foram o exemplo vivo de como o vimaranense ansiava por esse momento. O melhor tenista português de todos os tempos conseguiu-o à quarta tentativa, após três anos a emperrar na estreia.

Sousa levantou o troféu de bandeira portuguesa enrolada à cintura e ao som do hino nacional, pela voz de Katia Guerreiro. A Portuguesa já tinha sido entoada no início e no fim do jogo, por iniciativa das bancadas, que assim relembraram ao mundo que pela primeira vez o conquistador do Estoril Open era português. Depois de Frederico Gil em 2010, no antigo open português, ter chegado à final (e perdido com Albert Montañes), Sousa conseguiu fazer mais e melhor, colocando o nome entre os vencedores do único torneio ATP do país. Um feito que fez Marcelo Rebelo de Sousa ir duas vezes ao Estoril para o felicitar.

João Sousa sucede assim aos vencedores Carreño Busta, Nicolas Almagro e Richard Gasquet. "Pareço um menino a chorar. Não há palavras para descrever esta emoção, vocês estiverem inacreditavelmente fantásticos ao longo da semana. É sem dúvida um sonho tornado realidade vencer aqui. Sempre quis vencer aqui em Portugal. É incrível o esforço durante todos estes anos", afirmou o tenista ainda em court, antes de dedicar o título à mãe.

Não foi o desempenho mais brilhante que teve no Clube de Ténis do Estoril, mas foi o mais desejado e o mais empolgante. Sousa soube como contrariar o serviço e a pancada forte de Tiafoe com paciência e experiência, obrigando o jovem americano de 20 anos a cometer alguns erros em momentos cruciais e vencendo com um duplo 6-4, em uma hora e 20 minutos de verdadeiro espetáculo no court.

A exemplo do que aconteceu nos duelos anteriores, com Medvedev, Pedro Sousa, Kyle Edmund e Stefanos Tsitsipas, João Sousa entrou determinado e confiante, não dando hipóteses a Tiafoe depois de um break que o lançou rumo à conquista do primeiro parcial (6-4). Mas, desta vez, ao contrário do que aconteceu nos outros duelos, o número 68 do ranking mundial não tirou o pé do acelerador no segundo set. Meteu prego a fundo e chegou ao 4-0, colocando-se numa posição privilegiada para a conquista do sonhado título. Depois foi gerir e evitar entrar em stress com a ameaça de recuperação do americano e voltar a fechar o set em 6-4.

No final Tiafoe entrou na festa do português e prometeu voltar. O filho de emigrantes da Serra Leoa, que se tornou no mais novo de sempre a ganhar a Orange Bowl e que é representado por Jay-Z, falhou assim a conquista do segundo título ATP da carreira. Big Foe, como é tratado, mostrou no Estoril que o futuro do ténis americano está bem entregue ao ser no rei dos Ases (18).

De Guimarães para o mundo

Sousa gostava de ter sido jogador de futebol, mas o pai Armando, juiz e tenista amador, puxou-o para o ténis. O que obrigou o vimaranense a trocar a cidade natal por Barcelona, onde vive e treina há 15 anos.

Sonhava ser como Juan Carlos Ferrero, Pete Sampras ou Roger Federer, entrou no top 100 em 2013 e desde então foi sempre a subir. Em maio de 2016 chegou a número 28 do mundo, depois de um ano de sonho, em que venceu um ATP (Valência, 2015) e bateu alguns top 10. Mas foi no piso rápido de Kuala Lumpur, na Malásia, que atingiu o primeiro grande êxito da carreira e mostrou que não seria só mais um tenista português, mas o melhor de sempre. Dois anos depois venceria em Valência e agora no Estoril. Hoje quando for atualizado o ranking, Sousa vai voltar ao top 50.

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