O Ginásio Clube Português (GCP) extinguiu a ginástica rítmica de competição, uma decisão que surpreendeu as 38 ginastas, a maioria atletas da seleção nacional, e deixa preocupados o grupo e a Federação de Ginástica de Portugal, que procura uma solução..A decisão foi comunicada às treinadoras um dia após o regresso do Campeonato Mundial Júnior, realizado na Roménia, em julho, e em que todas "atingiram os objetivos e renovaram o [estatuto] de Alto Rendimento", contou à agência Lusa Leonor Batista, mãe de uma das ginastas..O presidente da Federação de Ginástica de Portugal (FGP), Luís Arrais, acentuou que não lhe cabe julgar uma decisão interna do clube e afirmou não saber qual a razão, mas adiantou estar preocupado, "em contacto" com o emblema com tradição na modalidade e com os pais, para arranjar uma solução para que as atletas que integram as seleções nacionais não fiquem sem treinar, e sublinhou que o GCP está a ser colaborante.."Estamos a tentar arranjar uma alternativa para que as ginastas, a partir da próxima época, sensivelmente em setembro, tenham um lugar para continuarem a treinar", disse, em declarações à Lusa, Luís Arrais..Segundo o presidente da FGP, estão em cima da mesa "duas possibilidades", sem mencionar quais, frisou que a federação "não tem locais de treino com as necessidades exigidas, concretamente em termos de altura", e essa é a "grande prioridade"..A maioria das atletas integra os trabalhos da seleção. Para as restantes, terão de ser os pais, ginastas e treinadoras a encontrar uma solução, referiu Luís Arrais..Nas várias tentativas feitas pela Lusa para ouvir a direção, não foi possível falar com dirigentes do clube..Segundo Leonor Batista, as quatro treinadoras foram despedidas e só mais tarde a decisão de extinguir a equipa foi comunicada aos pais e atletas..De acordo com Elisabete Antunes, mãe de outra ginasta, foram apresentados vários cenários ao clube, mas a decisão foi apresentada como um facto consumado, "dando a ideia de que já estaria tomada há muito tempo"..Leonor Batista, mãe de uma atleta há 10 anos no clube, disse que lhes foi comunicado não ser "um modelo sustentável", censurou a "decisão financeira", destacou os "resultados apresentados" pelas ginastas, "o prestígio" que a modalidade dá ao GCP e salientou que "existia alternativa à extinção desta equipa".."Não é um modelo rentável, mas é o que dá e sempre deu prestígio ao clube, o que faz com que outras miúdas queiram entrar na formação", argumentou Leonor Batista, que acrescentou ter sido feita pela direção a "sugestão absurda" de serem os pais a pagarem às treinadoras, quando já eram as famílias a custearem as deslocações e as inscrições nas provas, acrescentou..Elisabete Antunes considerou que, atendendo aos anos de trabalho em conjunto, à confiança nos processos e às ligações fortes criadas, "é impensável" continuar sem a mesma equipa técnica "ou com outro grupo", manifestando ainda a preocupação de a situação de indefinição poder comprometer objetivos internacionais.."Perder-se esta equipa é prejudicial para a modalidade. É uma equipa que faz a diferença nas competições, que sempre teve ginastas a evoluírem nas modalidades olímpicas", enfatizou Leonor Batista, que censura o momento em que a decisão foi comunicada e "com esta inconsequência"..Leonor Batista mencionou a forma como "as miúdas se sentem revoltadas" e entende que lhes "passaram a perna", considerando que o clube "destratou" os pais..A opinião é partilhada por Elisabete Antunes, que lamentou "a angústia" das ginastas, a "tristeza e vazio" que nota na filha e espera que todas possam "voltar tranquilas" aos praticáveis..Para Leonor Batista, uma boa solução seria algum clube "que lhes reconheça o mérito" acolher a estrutura e as atletas.