Froome joga à defesa com advogado de atletas famosos

Britânico, acusado de usar substância ilícita, contrata Mike Morgan, que defendeu Contador e Sharapova, em outros casos de doping. "É uma situação horrível", lamenta Froome
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Chris Froome sempre se rodeou dos melhores. Ao ataque, nas principais provas velocipédicas internacionais, o ciclista da Sky foi tendo a seu lado gregários de luxo como Geraint Thomas, Sergio Henao, Richie Porte, Nicolas Roche ou Mikel Landa. Agora, obrigado a jogar à defesa, socorre-se de Mike Morgan, o advogado que defendeu outros atletas famosos apanhados nas malhas do doping (como Alberto Contador e Maria Sharapova).

É a mais recente cartada, após ter sido revelado, há uma semana, que Chris Froome acusou o consumo de uma substância dopante (salbutamol, um broncodilatador), durante a Volta a Espanha deste ano. O ciclista britânico da Sky - que alega ter tomado o medicamento para tratar uma crise de asma - decidiu contratar o escritório Morgan Sports Law, liderado por Mike Morgan, para tratar da sua defesa no caso, em que arrisca ser punido com uma suspensão de dois anos e a perda do título da Vuelta (onde se estreara a vencer, tornando-se o primeiro ciclista desde o francês Bernard Hinault, em 1978, a ganhar as voltas de França e Espanha no mesmo ano).

Morgan, eleito advogado (de direito) desportivo do ano, nos prémios britânicos Who"s who 2017, é famoso pela carteira de clientes e pelos casos mediáticos em que interveio. Além de ter defendido de acusações de doping figuras como os tenistas Maria Sharapova e Marin Cilic, o futebolista Mamadou Sakho e a atleta Veronica Campbell-Brown, também trabalhou com os ciclistas Alberto Contador e Sergio Henao em processos do género.

O espanhol Contador, que acusou o uso de clembuterol durante a Volta a França de 2012, não se livrou do castigo de dois anos de suspensão e da perda do título conquistado no Tour. Já o colombiano Henao - colega de equipa de Froome - acabou ilibado, após terem sido detetados valores considerados anormais no seu passaporte biológico.
Agora, Chris Froome, de 32 anos, agarra-se à ação do famoso advogado para tentar conservar a vitória na Vuelta e a credibilidade de um palmarés que incluiu quatro triunfos no Tour (2013, 2015, 2016 e 2017). "Sou ciclista profissional há 10 anos e entendo perfeitamente como estes casos fazem algumas pessoas olharem para o nosso desporto. Levo a minha responsabilidade muito a sério e estou a fazer o máximo possível para tentar chegar ao fundo da questão", afirmou o ciclista, domingo à noite, à margem da gala Personalidade Desportiva do Ano, da BBC.

No centro da polémica está o salbutamol, uma substância cuja utilização é aceite pela Agência Mundial Antidopagem apenas em determinadas circunstâncias e em doses limitadas. Chris Froome duplicou o limite máximo de mil nanogramas por mililitro de urina (a análise ao ciclista da Sky revelou uma concentração de 2000 ng/ml) mas declara inocência. "Sou asmático desde criança e uso um inalador para ajudar a controlar os sintomas, mas nunca utilizei mais do que a quantidade permitida. Esta é uma situação horrível", lamentou o britânico.

Certo é que agora não há colegas como Thomas, Henao, Porte, Roche ou Landa que possam ajudar Froome como faziam nos momentos de aperto, nas grandes voltas internacionais. Ainda ontem, o Movimento por um ciclismo credível (MPCC) - que reúne 43 equipas do pelotão profissional das divisões WorldTour e do Continental - exortou a Sky a suspender voluntariamente o atleta britânico, até ao final do processo de inquérito ao seu controlo antidoping positivo. E, destes ataques à credibilidade de Chris Froome, talvez só mesmo o advogado Mike Morgan o possa defender.

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