A data do regresso do Grande Prémio de Portugal ainda não foi anunciada e só o será quando se definir o calendário das corridas para 2027, ou seja, a meio do próximo ano.Tudo indica que poderá ser durante a primavera, para integrar a ´temporada europeia´.O acordo entre o Governo português e os promotores do campeonato foi assinado em Londres, mas o anúncio também foi feito em Lisboa pelo ministro da Economia, Manuel Castro Almeida.A oficialização do que já se esperava, deixou o presidente da Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting (FPAK) satisfeito, mas ao mesmo tempo um pouco surpreso: “É muito importante a imagem que Portugal tem em todo o Mundo. Correu muito bem quando organizámos duas provas por causa da covid-19. Por isso, achei que poderia ser uma possibilidade o regresso a Portugal para o Campeonato do Mundo, mas não estava à espera que fosse já em 2027 e 2028. Não estava à espera que Portugal entrasse já no calendário, por causa das transferências recentes para o Médio Oriente. Mas há um número mínimo de provas que se têm de realizar na Europa e esse fator também poderá ter pesado”, referiu Ni Amorim.A Fórmula 1 regressou a Portugal em 2020, após 24 anos de ausência do Mundial, na sequência da reorganização dos calendários por causa da pandemia de covid-19.Foram, no entanto, duas situações de exceção. A última vez que a Fórmula 1 passou por Portugal foi em 1996, no Estoril.O canadiano Jacques Villeneuve (Williams) foi o último vencedor da prova, deixando o seu companheiro de equipa, o britânico Damon Hill, na segunda posição. O alemão Michael Schumacher, em Benetton, completou o pódio, mas viria a perder o título nesse ano para Hill.O Autódromo Internacional do Algarve (AIA) em Portimão, voltará assim a estar no centro do mundo da mais importante prova automobilística internacional.Pedro Lamy é atualmente Comissário da Federação Internacional do Automobilismo (FIA). Considera que “é ótimo que a Fórmula 1 regresse a Portugal. Em termos mediáticos, o retorno é enorme e para além de ser uma alavanca para a economia, é um enorme privilégio para o país. Vamos ter 2 anos em que teremos as corridas em Portugal e temos obrigação de usufruir dessa mais-valia. Depois, o futuro dirá se é para continuar. Com a enorme concorrência que há no Mundo é mesmo um privilégio”, explicou, acrescentando que “como Comissário Desportivo vivo bem este desporto por dentro. A opinião geral é que Portugal é um país muito querido para toda a gente e a pista de Portimão é uma pista que os pilotos gostam muito. Trata-se de uma pista muito interessante e que pode trazer corridas muito boas de acompanhar”.Tiago Monteiro, o último piloto português a competir na Fórmula 1, há 20 anos, segue pelo mesmo discurso. Esta é uma notícia que o deixa muito orgulhoso, tanto mais que o seu filho Noah já lhe segue as pisadas e poderá ser também uma oportunidade para os mais novos: “estou muito feliz com a notícia, ainda para mais, porque estando o Noah numa trajetória fantástica para chegar à Fórmula 1 dentro de 3 a 4 anos, é o ideal também ter um piloto português para promover a modalidade, promover toda esta atividade. E também, claro, depois do Noah, outros jovens poderão sonhar também com a Fórmula 1. Nós temos muito talento em Portugal, mal aproveitado muitas vezes e talvez isto ajude as empresas portuguesas a ajudar um pouco mais, a apoiar um pouco mais os pilotos nacionais, por isso é positivo para todos”. No próximo dia 22, segunda-feira, uma delegação da FIA estará em Portimão para fazer uma vistoria à pista algarvia. Faz parte das normas e permite, com tempo, proceder a alterações, caso sejam necessárias.“Vamos ter de trabalhar um pouco algumas melhorias na pista, mas ela está em excelentes condições, por isso não será muito difícil. Para a semana a FIA vem cá para fazer uma inspeção e depois dará feedback sobre as melhorias que é necessário fazer em algumas infraestruturas”, contou ao DN Jaime Costa o diretor do AIA, que adiantou ainda que “as maiores intervenções serão na hospitalidade e no entretenimento A parte desportiva não é a que exige mais trabalho. São mais outras áreas – logística, comunicações, acessibilidades, por exemplo”.Também por este motivo é que Ni Amorim está confiante no sucesso da prova a cerca de um ano e meio da sua realização. O Presidente federativo admite que “É necessário fazer um conjunto de melhorias na pista. A Fórmula 1 é mais dinâmica – os carros precisam de mais espaço do que há uns anos. E as equipas trazem todo o seu staff e equipamento. Sobre a organização dos Grandes Prémios em Portugal, este acaba por ser um contrato tripartido entre a FIA, a FPAK e a AIA, que gere o circuito. O que é certo é que a AIA tem provas dadas em organizações muito complexas. Estou convencido de que vamos ficar muito bem vistos em 2027 e 2028 e que, se o Governo assim o entender, possamos continuar por mais anos”.Jaime Costa não tem dúvidas de que a atribuição a Portugal da organização destes dois Grandes Prémios “foi de certeza uma boa impressão que deixámos no mundo da Fórmula 1, porque conseguimos organizar as provas durante a covid-19 e resolvemos um problema à FIA. Agora, foi também uma decisão económica deles. Gostam muito de Portugal como destino turístico e ser no Algarve valoriza muito. Penso que esta variável terá pesado muito na decisão da FIA”, concluiu o diretor do Autódromo.Em 2027 acontecerá a 19ª edição do Grande Prémio de Portugal. A prova começou em 1958 e repetiu em 1960 no circuito da Boavista, no Porto. Seguiu-se a corrida de 1959 em Monsanto, em Lisboa, e entre 1984 e 1996 no Autódromo do Estoril, em Cascais.Excecionalmente a Fórmula 1 regressou a Portugal em 2020, após 24 anos de ausência do Mundial, devido à pandemia de covid-19. Nessas duas provas no Algarve, o britânico Lewis Hamilton, sete vezes campeão do mundo, e na altura a correr pela Mercedes, venceu as duas últimas corridas em solo luso.Para os jovens pilotos portugueses que tentam chegar à Fórmula 1 esta notícia poderá também ser benéfica. Para chegarem ao topo da carreira têm de fazer o seu percurso noutras categorias, como são os karts e as outras Fórmulas.“A realização de um Grande Prémio em Portugal não os influencia muito. Mas facilita as empresas a investirem no automobilismo e nas carreiras dos pilotos. Se não tiverem dinheiro, não conseguem seguir. Estes dois Grandes Prémios podem ajudar a garantir os apoios das empresas aos mais novos. Sei o que senti quando estava na fórmula 1. Foi a realização do sonho de um jovem. É o topo máximo do automobilismo. A competição é única e cada um tem a sua visão, mas foi fantástico”, lembrou Pedro Lamy.Para além do impacto económico e mediático, este regresso assume igualmente uma forte dimensão simbólica e formativa para o desporto nacional. A presença regular da Fórmula 1 em território português funciona como um estímulo ao investimento no desporto motorizado, criando melhores condições para o desenvolvimento de estruturas, programas de formação e apoio aos jovens pilotos. Este contexto pode abrir novas oportunidades para talentos portugueses que aspiram a competir ao mais alto nível, ao mesmo tempo que reforça a visibilidade das categorias de base, como o karting e as fórmulas de promoção. Paralelamente, contribui para consolidar o papel das entidades nacionais na organização e promoção do automobilismo, fortalecendo a sua credibilidade internacional. Deste modo, o Grande Prémio de Portugal volta a afirmar-se como um evento de referência, capaz de impulsionar uma nova etapa de crescimento e afirmação do desporto automóvel português no panorama nacional e internacional..Turismo celebra regresso da Fórmula 1 ao Algarve pelo impacto económico e projeção global .É oficial. Fórmula 1 de regresso a Portugal em 2027 e 2028