Zlatan Ibrahimovic apadrinhou a apresentação de Paulo Fonseca.
Zlatan Ibrahimovic apadrinhou a apresentação de Paulo Fonseca.AC Milan

Fonseca quer ser diferente, mas grande e vencedor como Mourinho em Itália

Treinador português apresentou-se com um discurso ganhador e disposto a acabar com maldição dos técnicos estrangeiros em Itália - neste século só Mourinho foi campeão.
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Paulo Fonseca foi esta segunda-feira oficialmente apresentado como treinador do AC Milan, naquele que será o maior desafio da sua carreira, e terá como missão devolver títulos ao histórico clube italiano, que neste século apenas se sagrou campeão em três ocasiões (2003/04, 2010/11 e 2021/22). Na cerimónia de apresentação, ao lado de Zlatan Ibrahimovic (agora dirigente do clube), o técnico de 51 anos garantiu estar preparado para o novo desafio, mas recusou comparações com José Mourinho, o único treinador português campeão em Itália (duas vezes pelo Inter Milão, em 2008-09 e 2009-10).

“Vejo isto como uma grande oportunidade na minha vida e na minha carreira. Estou extremamente motivado e com grande ambição de vencer com o Milan. É indesmentível que quando somos treinadores de um clube desta dimensão, devemos trabalhar para vencer e é isso que eu quero fazer, ter a possibilidade de vencer com o Milan”, referiu.

Antes de ser anunciado, teve a oportunidade de visitar o recheado museu do clube. “Vi a história do Milan e devo dizer que tenho uma grande ambição de fazer parte desta história. O Zlatan [Ibrahimovic] também me mostrou o espaço para os novos troféus. Estou pronto para começar. Tenho consciência de que é uma grande responsabilidade, mas também um grande orgulho. É um clube universal. Sei da responsabilidade, mas tenho muita confiança em fazer o Milan vencer de forma ofensiva, dominadora e corajosa”, acrescentou.

Paulo Fonseca, que regressa a Itália depois de ter treinado a AS Roma entre junho de 2019 e junho de 2021, e que no estrangeiro orientou ainda o Shakhtar Donetsk e o Lille, recusou comparações com José Mourinho, que ao serviço do rival Inter ganhou dois títulos de campeão, além uma Champions e de uma Taça de Supertaça de Itália. “Sou diferente de Mourinho, mas tenho orgulho de haver um português que venceu em Itália. Quero fazer o mesmo, mas noutro clube, no Milan. Tenho uma grande ambição e quero vencer”, repetiu.

A importância de Leão

Em Milão, o técnico vai ter a oportunidade de treinar o internacional português Rafael leão, uma das grandes figuras da equipa. “Todos sabemos da importância que ele tem nesta equipa do Milan. Há sempre espaço para melhorar. Aquilo que vou tentar fazer é motivar e melhorar algumas coisas nele, mas sobretudo motivá-lo, porque ele é demasiado importante nesta equipa, e nós queremos vencer com o Rafael Leão sendo preponderante na equipa”, garantiu.

E para vencer, Paulo Fonseca já tem a promessa dos responsáveis milaneses de que haverá investimento no reforço da equipa, algo que o treinador não escondeu, dizendo que existem uma ou duas posições em que a equipa terá de ir ao mercado, e que vai chegar um avançado. “Estamos a trabalhar para encontrar o número 9 certo. Sabemos que tipo de jogador queremos, um futebolista que domine todos os aspetos da função. Sei como colocar o Milan a ganhar”, atirou. 

De acordo com a imprensa italiana, alguns dos alvos prioritários do AC Milan são o defesa direito Emerson Royal, do Tottenham, o médio Youssouf Fofana, do Mónaco,  e o tal número 9, posta de lado que parece a hipótese do neerlandês Joshua Zirkzee, do Bolonha, há dois veteranos na agenda: Álvaro Morata (At. Madrid) e Romelu Lukaku (Chelsea).

Apesar do discurso otimista e cheio de confiança, Paulo Fonseca vai ter que lutar contra uma tradição que afeta os treinadores estrangeiros em Itália, e que há dias foi lembrada pelo conhecido Fabio Capello: “Quem é que veio de fora para triunfar em Itália? Liedholm, Boskov e Eriksson são alguns exemplos, mas com muitos anos. Desde 2000 apenas aconteceu com Mourinho e isso tem de querer dizer alguma coisa.”

O AC Milan é um dos históricos de Itália, o terceiro clube com mais títulos de campeão nacional (19), atrás da Juventus (36) e do Inter (20). Mas destaca-se dos rivais no panorama internacional à custa das sete Champions que já conquistou, a última em 2006/07. O emblema rossoneri tem como proprietário Gerry Cardinale, fundador e sócio-gerente da RedBird Capital Partners, fundo norte-americano que adquiriu o clube italiano em 2022.

O clube viveu um dos seu maiores períodos entre 1987 e 1990, com Silvio Berlusconi como presidente e Arrigo Sacchi como treinador, anos onde conquistou um campeonato italiano (1987-88), duas Ligas dos Campeões (1988-89 e 1989-90), dois Mundiais de Clubes (1989 e 1990), duas Supertaças Europeias (1989 e 1990) e uma Taça de Itália (1988). Uma equipa de sonho onde atuavam, entre outros, Baresi, Costacurta, Ancelotti, Donadoni, Gullit e Van Basten.

Refira-se que na sua anterior passagem pelo futebol italiano, ao serviço da AS Roma, onde esteve duas temporadas (de 2019 a 2021), o melhor que Paulo Fonseca consegui foi um quinto lugar na liga italiana na sua primeira temporada, atingindo na época seguinte as meias-finais da Liga Europa. Pelo Lille, nas duas últimas temporadas, foi quinto na liga francesa em 2022-23 e quatro na temporada transata.

nuno.fernandes@dn.pt

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