Flick e Kompany, treinadores surpresa dos gigantes Bayern e Barcelona
Está confirmado. Barcelona e Bayern Munique anunciaram esta quarta-feira oficialmente os seus treinadores para a próxima época. Tratam-se de apostas surpresa e, bem vistas as coisas, de algum risco, afinal o alemão Hans-Dieter Flick vai pegar no gigante espanhol quase dois anos depois de ter sido despedido da seleção da Alemanha, enquanto o belga Vincent Kompany assume os bávaros cerca de dez dias depois de ter descido de divisão com os ingleses do Burnley.
Curiosamente, foi no Bayern que Hansi Flick deu nas vistas como treinador, quando em novembro de 2019 subiu de adjunto a treinador principal dos bávaros depois do despedimento do croata Niko Kovac. Nessa altura, iniciou um percurso fantástico que culminou com a conquista de todos os troféus nacionais e internacionais. Em 2021, deixou Munique para regressar à seleção alemã, onde tinha sido adjunto, para tentar inverter o ciclo negativo, mas as coisas não correram bem - a Mannschaft foi eliminada na fase de grupos do Mundial 2022 -, tendo em dois anos e meio vencido apenas 12 dos 25 jogos que orientou.
Flick surge agora como alternativa a Xavi Hernández, treinador que orientou o Barcelona durante três épocas marcadas pela crise financeira do clube, mas que apesar disso conseguiu conquistar um título de campeão espanhol. Os problemas com a direção, nomeadamente com o treinador Joan Laporta e o diretor desportivo Deco, provocaram o divórcio.
Após assinar contrato por duas temporadas, o treinador alemão de 59 anos falou aos meios de comunicação dos blaugrana, considerando tratar-se de “uma grande honra” e ainda “um sonho” ser treinador de um clube como o Barcelona. “Tenho muita vontade de começar. Já comprovei que todos amam este clube e fazem tudo para ter êxito”, sublinhou, garantindo que a filosofia de jogo do clube “encaixa-se muito bem” com a sua: “Posse de bola e futebol ofensivo são aspetos de que gosto”, acrescentou, destacando que a equipa “tem uma boa mistura entre jogadores com experiência e jovens com talento”.
Em Munique também foi dia de encerrar um processo que demorou mais do que a administração do Bayern pretendia. Vincent Kompany, de apenas 38 anos, assinou contrato válido por três temporadas, sucedendo assim ao experiente Thomas Tuchel, após um raro ano sem títulos no gigante da Baviera.
E por que razão Kompany é uma escolha surpreendente? Em primeiro lugar porque é apenas o seu quinto ano como treinador principal, tendo começado no Anderlecht, onde em duas épocas não conseguiu melhor que o terceiro lugar na liga belga. Em 2022 foi contratado pelo Burnley, clube pelo qual venceu o Championship e, consequentemente, subiu à Premier League, da qual foi este ano despromovido com apenas cinco vitórias em 38 jogos.
Jan-Christian Dreesen, CEO do Bayern, justificou a escolha com o facto de o antigo defesa-central representar “a união e o espírito de equipa” que é necessário para “regressar ao sucesso”. Kompany, que procura construir uma carreira de treinador com a qualidade que teve como futebolista, deixou o mote para aquilo que pretende da sua nova equipa: “É uma grande honra trabalhar neste clube. Enquanto treinador quero uma equipa que adore ter a bola, que seja criativa e também seja agressiva e corajosa em campo.”
As aparentemente arriscadas apostas de Barcelona e Bayern juntam-se à do Liverpool que há cerca de duas semanas anunciou como sucessor do carismático Jürgen Klopp, o holandês Arne Slot, que aos 45 anos, conta com um título de campeão e uma Taça dos Países Baixos pelo Feyenoord. O Chelsea promete também surpreender, pois tudo indica que irá contratar o italiano Enzo Maresca (ex-adjunto de Pep Guardiola no Manchester City), que na última época conduziu o Leicester no regresso à Premier League.