Fernando Santos: "Temos de estar ao nosso melhor nível"
Como adepto e português gostava que a seleção jogasse, frente à Hungria, com Rui Patrício, Nélson Semedo, Pepe, Rúben Dias, Pepe e Guerreiro; William e Ruben Neves; Bernardo Silva, Bruno Fernandes e Diogo Jota; Cristiano Ronaldo? "(Risos) Eu percebo a pergunta, mas eu sou selecionador, não me vou colocar nesse papel. Sou português com muita vaidade, mas aqui sou selecionador..." Foi assim Fernando Santos chutou para canto a pergunta cuja resposta todos queriam antes do jogo de hoje com a Hungria (17.00, SIC e Sport TV).
À partida parece só haver uma (grande) dúvida. Nélson Semedo será o substituto óbvio de Cancelo, mas o meio campo defensivo tem vários candidatos: Rúben Neves e William Carvalho ou Danilo e William Carvalho? E Palhinha?
Boas dores de cabeça, como o técnico costuma dizer. A vida corria-lhe de feição até à notícia da saída de João Cancelo do grupo, depois de um teste positivo à covid-19. Santos chamou o sub-21 Diogo Dalot, em detrimento do campeão europeu Cédric e do mais experiente Ricardo Pereira. E justificou porquê:"Primeiro a questão da qualidade. Depois, um fator muito importante de decisão é que há seis dias estava a competir. Outros estão fora da competição há um mês, um mês e meio e seria difícil chegar aqui e adquirir o ritmo necessário."
Numa conferência de Imprensa aos soluços devido a dificuldades técnicas que impediram que algumas perguntas fossem feitas, Fernando Santos chamou ainda a atenção para as estatísticas, que "não servem para nada". Até porque considera que nem Portugal nem a Hungria são iguais a 2016, ano em que também calharam no mesmo grupo e empataram a três golos. "São anos e situações diferentes. Temos de estar ao nosso melhor nível. É uma equipa que vai jogar olhos nos olhos, não vai apostar apenas no contra-ataque. Eles gostam de jogar a partir de trás, com um meio-campo muito interessante e depois com dois avançados muito fortes. Vamos ter de enfrentar a Hungria com todos os cuidados", disse o técnico.
Portugal deve ter entre quatro a cinco mil adeptos nas bancadas. Pouco face aos banhos de multidão que teve no Euro2016. "Não faço promessas. Os portugueses não vão falhar, vão estar em casa e nas praças, onde for, a torcer por nós. A nossa equipa vai dar tudo para lhes dar uma alegria", garantiu o selecionador, que pode fazer história a nível pessoal - nunca um treinador venceu dois Europeus em 15 edições (desde 1960) e Santos, o rei dos empates em fases finais (um pela Grécia em 2012 e quatro por Portugal em 2016) pode fazê-lo.
Para o italiano Marco Rossi, que orienta a Hungria, Portugal poderia ser treinado "pelo motorista ou pelo rapaz dos equipamentos", tal é a qualidade dos jogadores: "Estamos a falar de uma equipa que é a campeã em título e que ganhou a Liga das Nações. Tem jogadores de craveira mundial, de tal forma bons que o selecionador poderia ser o motorista ou o rapaz dos equipamentos."
isaura.almeida@dn.pt