Federação "vê com bons olhos" o acordo para o futebol feminino

Presidente do Sindicato diz que o documento agora apresentado e que pretende equiparar o salário mínimo do futebol feminino ao masculino é "progressista, vanguardista, mas, ao mesmo tempo, sensato". Capitã da seleção com a "cabeça no playoff" de acesso ao Mundial 2023.

A Federação Portuguesa de Futebol (FPF) "vê com bons olhos" o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) para o futebol feminino, hoje revelado pelo DN em primeira mão, em que o Sindicato de Jogadores propõe uma equiparação salarial mínima entre homens e mulheres no futebol português. Ou seja, três ordenados mínimos para profissionais da Liga BPI, o que equivale a 2280 euros por mês. Esse é o valor praticado na I Liga masculina (na II Liga é de dois salários mínimos, segundo o ACT acordado com a Liga Portugal em nome dos clubes).

O organismo liderado por Fernando Gomes recebeu hoje o documento e remeteu-o de imediato para os clubes, "para que possam refletir e contribuir com comentários", lembrando que, desde a época 2020-21, tem vindo a trabalhar em conjunto com o Sindicato de Jogadores em matérias como a remuneração salarial, a maternidade e o assédio sexual.

Confrontada com o documento, antes de seguir viagem com a seleção para a Nova Zelândia, onde, no dia 22, Portugal joga o playoff de acesso ao Mundial 2023, frente a Tailândia ou Camarões, a capitã foi parca em palavras. "Com todo o respeito, neste momento, estamos focadas em representar a seleção. Esses são outros temas, outros assuntos. Continuamos a lutar pelos nossos direitos, mas, agora, estamos com o jogo do playoff na cabeça", disse Dolores Silva, garantindo ainda uma seleção focada em "colocar Portugal na maior competição de todas" pela primeira vez na história.

Para o presidente do Sindicato, Joaquim Evangelista, este ACT "vem plasmar aquilo que o Governo, aquilo que a Federação, aquilo que a comunidade pretende para as mulheres em Portugal, para o futebol feminino". Além disso, segundo o sindicalista, o documento agora apresentado é "progressista, vanguardista, mas, ao mesmo tempo, sensato, equilibrado e que vai de encontro aquilo que é proposto pelos governantes e dirigentes desportivos".

Tal como o DN noticiou, Joaquim Evangelista tem a expectativa de ver o documento entrar em vigor ainda antes do início da época 2023-24, após negociação com os clubes, garantindo que o mesmo não precisará de ser homologado em Assembleia Geral.

E com a profissionalização do campeonato que ainda é amador em mente. "Pretendemos que a Liga venha a ser profissional, toda a lógica do futebol feminino assenta nisso, na profissionalização do futebol. Queremos ter mais praticantes, criamos expectativas às jovens, temos em vez de dar precariedade, de dar estabilidade, que se dá através de contratos e estabilidade mínima económica", disse à agência Lusa o sindicalista.

Joaquim Evangelista considera que tudo tem crescido no futebol feminino, desde as receitas, às praticantes, aos adeptos e que isso é mérito das jogadoras e que todas devem ter condições mínimas iguais, porque só assim "é possível progredir". E será "estranho" se encontrar reticências da parte dos clubes.

Apesar de se serem competições amadoras (tanto a Liga BPI como a II Divisão), o número de contratos profissionais nos últimos cinco anos só tem aumentado, segundo dados da FPF. Esta época, na Liga BPI, são 191 as jogadoras com contratos profissionais entre os 12 clubes participantes, embora apenas Benfica, Sporting e Sp. Braga tenham plantéis 100% profissionais.

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