André Silva é a única réstia da herança de José Peseiro no Dragão
Já lá vão quase 200 dias desde que o FC Porto caiu no Jamor, aos pés do Sporting de Braga, na final da Taça de Portugal, no desempate por grandes penalidades. Paulo Fonseca "vingava-se" do ex-clube e levava para casa o troféu, deixando os dragões mais um ano a seco e traçando o destino de José Peseiro, que durou apenas quatro meses no clube após ter substituído Julen Lopetegui. Hoje os dois clubes reencontram-se no Dragão (20.30, SportTV1), onde já muito mudou no FC Porto da era Peseiro.
Pinto da Costa garantiu que o FC Porto estava a preparar a época 2016-17 com José Peseiro, mas o destino do técnico estava há muito traçado. Chegou Nuno Espírito Santo ao Dragão e António Salvador (re)abriu as portas a José Peseiro em Braga, onde já tinha trabalhado em 2012-13, tendo conquistado uma Taça da Liga perante o FC Porto.
À entrada para a 12.ª jornada da I Liga, o Sp. Braga ocupa o 3.º lugar, com um ponto de vantagem sobre o FC Porto, que atravessa uma crise de golos - não marca há 430 minutos. Não é por isso surpresa que o Sp. Braga tenha um melhor ataque: 21 golos, contra 19 dos portistas no campeonato. É, também, a primeira vez desde 2009 em que os arsenalistas vão defrontar o FC Porto estando em vantagem na tabela.
"O Braga está em terceiro, se terminasse nessa posição seria brilhante, mas o mais natural é que isso não aconteça", disse ontem Peseiro, cujo trabalho desenvolvido no FC Porto tem pouco que ver com a equipa moldada por Nuno Espírito Santo.
José Peseiro procurou potenciar três apostas no FC Porto: Chidozie na defesa, Sérgio Oliveira no meio--campo e André Silva no ataque. O central nigeriano não voltou a jogar desde a saída do técnico e alinha apenas pela equipa B; Sérgio Oliveira soma apenas 54 minutos nesta época e não joga desde agosto; já André Silva tornou-se a referência ofensiva do FC Porto, após bisar no Jamor, sendo por isso uma das poucas memórias positivas da passagem de Peseiro pela Invicta. Héctor Herrera também teve uma forte subida de rendimento com José Peseiro, mas tem feito uma temporada abaixo das expectativas. Já Marcano, central comprometedor para Peseiro, tornou-se o patrão da defesa de Nuno.
Pior ataque, melhor na defesa
Nuno Espírito Santo fará hoje o seu 22.º jogo pelo FC Porto - tantos quanto os que Peseiro realizou. O técnico portista tem feito uma má temporada, com apenas dez vitórias, embora tenha perdido apenas dois jogos e sofrido nove golos. Com José Peseiro, que entrou a meio da época e não teve direito a reforços por si escolhidos, o FC Porto perdeu mais jogos: oito, tendo empatado apenas um, enquanto Espírito Santo já viu a equipa ceder nove empates, cinco dos quais consecutivos nos últimos jogos.
No que ao campeonato diz respeito, José Peseiro nunca empatou durante os quatro meses em que esteve como técnico do FC Porto: em 16 jornadas, ganhou 11 e perdeu 5, mas sofreu a impensável marca de 19 golos.
A defesa de José Peseiro era imensamente mais permeável, pois sofreu 26 golos em 22 jogos, mas o ataque também marcava mais: 38 golos, contra 30 dos dragões nesta temporada.
A percentagem de vitórias não era generosa para José Peseiro (apenas 59,09%), mas a de Nuno Espírito Santo é ainda pior, com apenas 47,62% de triunfos. Nos últimos 50 anos, só Quinito e José Couceiro fizeram pior. Em 11 jornadas, o FC Porto de Espírito Santo desperdiçou 11 pontos, não podendo, por isso, vacilar nos próximos jogos, sob pena de fazer ainda pior do que com José Peseiro na temporada passada. Defensivamente, o FC Porto partilha com o Benfica a melhor defesa das grandes Ligas europeias, com apenas cinco golos sofridos.
No entanto, o problema está no ataque e o FC Porto vê-se forçado a acabar, hoje, com a maior seca de golos da história do clube: 430 minutos. E assim que o árbitro Carlos Xistra apitar para o início do jogo, a marca já estará a aumentar...