Euforia na chegada da seleção ao Qatar, com CR7 ameaçado de despedimento
Comitiva portuguesa recebida em clima de festa em Doha e com o capitão a ser muito acarinhado. Fernando Santos prometeu dar alegria aos portugueses. Dia de ontem marcado por anúncio do Man. United, que estuda rescindir contrato com Ronaldo.
A seleção nacional foi recebida em Doha num ambiente de grande euforia e muitos gritos de "Cristianooooo". O capitão foi bastante acarinhado pelos adeptos, muitos deles equipados com as cores nacionais e alguns com camisolas do Manchester United e do Sporting. "Irá ser um grande Mundial. Em termos desportivos, espero que Portugal faça um grande Mundial. Vamos dar uma grande alegria. Sempre motivados!", disse à chegada a Doha, perto das 19.45 (hora de Portugal continental) Fernando Santos, que no sábado (às 14.30) orientará o primeiro treino no complexo desportivo do Al-Shahania.
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Uma viagem de cerca de oito horas feita na maior das comodidades num Airbus A340 e num dia em que, mais ou menos à mesma hora da partida da seleção, o Manchester United emitiu um comunicado a informar que começou "a dar os passos apropriados em resposta à recente entrevista de Cristiano Ronaldo", com a imprensa inglesa a garantir que o clube inglês vai avançar para a rescisão do contrato do jogador português.
Aparentemente indiferente a todo este processo, Ronaldo mostrou-se sorridente e até distribuiu autógrafos à saída da Cidade do Futebol, onde dezenas de crianças marcaram presença para se despedirem dos craques, e depois, no Aeroporto Humberto Delgado, voltou a assinar camisolas e até tirou algumas fotografias com fãs.
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À hora em que a comitiva se preparava para viajar rumo ao Qatar, o Manchester United emitiu um comunicado a informar que "começou a dar os passos apropriados em resposta à recente entrevista de Cristiano Ronaldo. Não vamos fazer mais nenhum comentário até este processo estar concluído", informou ainda o clube.
Apesar de o comunicado não dar conta dos passos que o emblema de Old Trafford pretende seguir, a imprensa inglesa avançou imediatamente que o clube inglês se prepara para processar e rescindir o contrato com CR7 com um pedido de indemnização por danos causados, alegando uma quebra contratual do avançado com as críticas na entrevista bombástica que concedeu ao jornalista Piers Morgan.
De acordo com o jornal The Guardian, o United já nomeou uma equipa de advogados para avançar com um processo. Os red devils querem rescindir o vínculo de CR7 o mais breve possível e evitar assim pagar-lhe os salários até ao final do mês de julho - estão em causa 18,4 milhões de euros. O The Guardian garantiu ainda que, na sequência desta tomada de posição, é certo que Ronaldo não irá mais vestir a camisola do Manchester United, pelo que depois do Mundial não voltará a apresentar-se no clube. O contrato de Ronaldo com o clube é válido até ao final de julho. O jogador português, recorde-se, aufere por semana cerca de 575 mil euros.
O Manchester entende que Ronaldo infringiu deliberadamente as regras do clube em termos contratuais ao disparar em todas as direções na entrevista a Piers Morgan, onde não poupou treinadores e os proprietários do clube.
Na entrevista deixou duras críticas ao treinador, Erik ten Hag - "não teve respeito por mim e na imprensa continua a dizer que conta comigo, que gosta de mim, mas é só "blablabla"" - e aos proprietários do clube, os irmãos Glazer, pela forma como têm gerido o clube - "preocupam-se mais com o marketing e o dinheiro que vem daí, com o futebol o presidente não se preocupa muito".
CR7 admitiu que, se calhar, o melhor para as duas partes será mesmo separarem-se. "Não sei aquilo que vai suceder, mas talvez seja o melhor para o clube e para mim ter um novo capítulo", referiu. "As pessoas deviam ouvir a verdade: sim, senti-me traído [pelo Manchester United] e senti que algumas pessoas não me queriam cá não só esta época mas também na última", declarou ainda, acrescentando que "não é só o treinador", Erik ten Hag, a não o querer na equipa, mas também "dois ou três no clube", clarificando depois que se referia aos administradores.
Uma seleção de 937 milhões
A seleção portuguesa, cujos 26 jogadores convocados, segundo o site transfermarkt, estão avaliados em 937 milhões de euros, vai ficar instalada no Al Samriya Autograph Collection Hotel e irá treinar diariamente no complexo desportivo do Al-Shahania. A unidade hoteleira de cinco estrelas é um resort de luxo em pleno deserto, localizado a 30 quilómetros de Doha. Dispõe de 62 quartos, 26 villas, Spa, um restaurante e muitos outros luxos.
Portugal está inserido no grupo H. A estreia está marcada para o dia 24 de novembro, diante do Gana. No dia 28 a seleção nacional mede forças com o Uruguai e termina a fase de grupos diante da Coreia do Sul, de Paulo Bento, no dia 2 de dezembro. O Mundial 2022 arranca já amanhã (o jogo de abertura é às 16h00 entre o anfitrião Qatar e o Equador) e a final está agendada para 18 de dezembro.
Da seleção que se sagrou campeã da Europa em 2016 há sete resistentes: Rui Patrício, Pepe, Raphäel Guerreiro, Danilo, William Carvalho, João Mário e Ronaldo. Dos 26 convocados, depois das estreias de António Silva e Gonçalo Ramos no jogo de preparação de quinta-feira com a Nigéria, apenas o guarda-redes José Sá não conta nenhuma internacionalização.
Entre os 26 selecionados portugueses, o futebolista com maior cotação de mercado é Rafael Leão (85 milhões de euros), avançado de 23 anos do AC Milan. O top 5 dos mais valiosos fica completo com Bernardo Silva (80 M), Bruno Fernandes (75 M), Rúben Dias (75 M) e João Cancelo (70 M). Já Cristiano Ronaldo, capitão da seleção, surge na 17.ª posição, avaliado em 20 milhões e com uma tremenda ambição.
Antes de embarcar rumo a Doha, Ronaldo prometeu levar "na bagagem todos os sonhos do Mundo! Seja onde for, Portugal, sempre!".
nuno.fernandes@dn.pt