Dragão tem várias maleitas mas dá sinais de vida
FC Porto recupera dois pontos aos rivais na última jornada da primeira volta, num jogo em que ganhou com clareza mas sem grande qualidade. Moreirense jogou com dez na 2.ª parte
O FC Porto cumpriu a sua obrigação, venceu o Moreirense (3-0) no Dragão e recuperou os dois pontos para o Benfica e para Sporting que tinha perdido na jornada passada. Na última jornada da primeira volta, a equipa de Nuno voltou aos golos, jogou a segunda parte contra dez (Geraldes bem expulso), reestreou Kelvin e cimentou assim o segundo lugar na Liga.
Foi um final de tarde bom para a classificação do FC Porto mas não foi, mesmo assim, uma primeira parte tranquila. Como sempre, a equipa de Nuno Espírito Santo não entrou bem (apesar de uma primeira jogada prometedora numa combinação Herrera-Corona), nem a submeter o adversário. Pelo contrário, o que se via era uma equipa muito pouco confiante, a falhar passes, a ter dificuldades em chegar à área de Makaridze, que, logo ao quinto minuto, pedia assistência. Não há outro campeonato em que os guarda-redes se lesionem tanto como o português...
Mesmo assim notaram-se duas coisas diferentes: FC Porto a jogar mais em 4-3-3, com Corona e Jota nas alas (ainda não sei se André Silva se sente melhor como ponta--de-lança único) e ainda uma tentativa de marcar os cantos de forma diferente, depois de vários jogos com muitos sem darem em nada. Alex Telles a marcá-los do lado direito com o pé contrário e a criar perigo várias vezes, até Marcano conseguir mesmo um golo de canto (marcado por Herrera do lado esquerdo).
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Para ter hipóteses de discutir o título, o FC Porto tem de melhorar muito. Mesmo sendo a defesa menos batida, ainda ontem ficou claro que a organização tem de ter outra segurança - Felipe, no início da segunda parte, perdeu uma bola infantilmente e depois terá feito ou não falta sobre Dramé (seria expulsão...). E no ataque nem se fala - contra dez durante mais de 45 minutos só conseguiu marcar um golo. Jogar sempre em acelerações é bonito, mas não é uma forma de jogar em conjunto; e usar sistematicamente o passe longo (ou pontapé para a frente...) em casa com o Moreirense não é sinal de saúde.
Óliver marcou finalmente um golo - já tinha feito um ao V. Guimarães, mas sem querer - e André Silva fez outro na primeira parte, à ponta-de-lança, de cabeça, após defesa de Makaridze a remate de Corona. Geraldes foi expulso a seguir com segundo amarelo - o jogador emprestado pelo Sporting fez uma falta escusada sobre Danilo, impedindo um contra-ataque.
O terceiro golo foi o tal de Marcano, de cabeça também, no canto de Herrera, mas a segunda parte foi fácil, porque o Moreirense rendeu-se e nem faltas queria fazer. Pelo contrário, fruto de má organização, os portistas acabaram com mais faltas do que o adversário (17 a 16, com sete feitas na segunda parte com o adversário em inferioridade numérica). Claro que tiveram onze cantos (a três), 21 remates (a 2) e muita posse de bola, mas mesmo contra dez só houve um golo. Makaridze defendeu quase tudo, deixando ideia de um bom guarda-redes numa equipa que teve pouca bola mas mostrou algumas ideias.
Voltou Kelvin ao Dragão - grande aplauso e muitas vénias do povo portista - e o brasileiro mostrou os seus pormenores, sem perder bolas comprometedoras. Num plantel que não tem mutas soluções (e neste momento não tem Otávio nem Brahimi), o jogador do famoso "minuto 92" pode ter algum espaço. Nuno Espírito Santo deu minutos a Rui Pedro, que não entrou muito bem, preferindo-o a Depoître numa decisão controversa. O belga voltou a passar o jogo no banco e a equipa precisa dele - ou vai precisar dele, apesar da melhoria que se viu ontem a Jota, que, no entanto, não marca um golo há mais de dois meses.