Do futebol ao judo. Que federação recebeu mais dinheiro do Governo em 2022?
Governo publicou verbas atribuídas ao Desporto, num investimento de 162, 6 milhões de euros. Andebol e Natação com verbas recorde. Canoagem é das menos apoiadas entre as modalidades Olímpicas (698 mil euros).
O financiamento ao desporto em 2022 ascendeu a 162,6 milhões de euros (ME). Segundo os valores revelados pelo Gabinete da Ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, a verba superior em dez milhões de euros face a 2021, se excluídos os 12,9 milhões atribuídos ao abrigo do programa Reativar Desporto, em resposta à quebra da atividade no setor devido à pandemia de covid-19.
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O Estado a financiar as federações através do Instituto Português da Juventude, com 49,7 milhões. O atletismo recebeu tanto como o futebol e o voleibol foi mais apoiado que o andebol. Duas das três modalidades que mais medalhas Olímpicas têm dado a Portugal, o judo e a canoagem ficaram atrás de modalidades como a ginástica e a patinagem ou o ciclismo. A verba que causa maior perplexidade é a da canoagem, que tem apenas a 15.º verba entre as 59 federações apoiadas. A culpa é da lei do financiamento, que assenta no número de praticantes federados e permite que o motociclismo, o ténis ou o triatlo superam as verbas da canoagem (698 mil euros).
Isso mesmo criticou Fernando Pimenta numa entrevista ao Diário de Notícias, em outubro do ano passado: "A canoagem não é fácil de ser praticada e ao ter menos praticantes tem menos visibilidade e menos apoios. As federações recebem por número de praticantes e tendo menos federados a canoagem recebe menos apoios. Esta é uma política que por si só não serve os interesses de alta competição. Se uma federação inscrever atletas a torto e a direito só para ter apoios... passamos a ter praticantes-não praticantes. Tem de haver compensação por mérito e objetivo e só assim seremos competitivos."
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O maior investimento foi no futebol/futsal e futebol de praia amador, com a Federação Portuguesa de Futebol a receber 3, 3 milhões de Euros. O futebol profissional está fora da esfera dos apoios diretos do Estado, sendo que os campeonatos da I e II ligas são organizados pela Liga Portugal. As modalidades sob égide da FPF receberam mais 100 mil euros do que o atletismo, cuja federação recebeu 3, 2 milhões. O valor do atletismo reflete um sobe e desce pouco coerente. Se em 2019 a modalidade que mais medalhas Olímpicas deu a Portugal (incluindo os cinco campeões Olímpicos da história) era a mais apoiada com 3, 5 milhões, em 2020 e 2021 ficou-se pelos três milhões, voltando a subir no ano passado.
A verba atribuída ao andebol foi a maior de sempre, superando os 2, 9 milhões. A modalidade cuja seleção tem brilhado e feito história em europeus e mundiais e uma inédita presença nos Jogos Olímpicos Tóquio 2020, supera o voleibol e o basquetebol no financiamento. A Federação Portuguesa de Natação foi a quarta mais financiada no ano passado e também estabeleceu novo máximo (2, 6 milhões).

Combate ao doping e à violência no futebol reforçado
A maior fatia do investimento proveio das apostas desportivas. As verbas do jogo online registaram uma subida alucinante nos últimos anos. Tendo em conta os valores divulgados, o Estado canalizou para as federações/entidades decorrente do jogo online e do placard 62, 6 milhões de euros, verba 28 vezes superior à registada em 2015, quando foram distribuídos 2, 2 milhões por apenas quatro entidades (a Liga Portugal e as federações de futebol, ténis e basquetebol). Hoje as apostas alimentam 22 entidades, com o futebol a concentrar a atenção dos apostadores, num bolo total de 47 milhões (12, 6 milhões para o futebol profissional e 34, 6 milhões para o não profissional).
O combate ao doping e à violência do desporto têm visto a verbas atribuídas reforçadas. A Autoridade Antidopagem de Portugal (ADoP) recebeu 1, 3 milhões de euros em 2022, valor superior aos anos de 2021 e 2020, em que a verba mal superou o milhão de euros. Autoridade para a Prevenção e Combate à Violência no Desporto (APCVD) também viu os valores reforçados. A autoridade recebeu pouco mais de um milhão, em contraste com os cerca de 600 mil, no ano pós-criação (2019). Implementar o malfadado cartão do adepto custou cerca de 20 mil euros aos contribuintes.
A informação do investimento feito no foi divulgada pelo gabinete de Ana Catarina Mendes, datada de segunda-feira, em resposta formal a questões de 14 deputados do grupo parlamentar do PS, que questionaram a evolução do financiamento ao desporto nos últimos quatro anos, entre 2019 e 2022 e confirma a tendência de crescimento, após a quebra nos dois anos mais fortemente afetados pela pandemia (2020 e 2021), apresentando valores ligeiramente superiores a 2019 (pré-pandemia).