Di María quer retirar-se com Messi nos EUA, mas regresso imediato ao Rosario está ameaçado
Basta fazer uma simples pesquisa em imagens no Google para se perceber a grande ligação entre Di María e Lionel Messi. Jogaram mais de 100 jogos juntos na seleção Argentina, pela qual se sagraram campeões do Mundo em 2022, e coincidiram no PSG durante uma época (2021-22). Agora, em final de carreira, tudo aponta para que voltem a partilhar a mesma equipa, o Inter Miami. O extremo, em final de contrato com o Benfica, quer dar um novo rumo à carreira e tudo indica que vai deixar a Luz.
O plano tem sido avançado pela imprensa argentina com pormenores. O jogador de 36 anos prepara-se para dizer adeus ao Benfica e já terá chegado a um acordo financeiro com o Inter Miami. Mas a transferência para os EUA não está prevista imediatamente após a Copa América, a última prova de seleções que Fideo vai disputar (de 20 de junho a 14 de julho).
Existe a possibilidade de o extremo voltar antes ao país Natal, para jogar até ao final do ano no clube onde despontou para o futebol, o Rosario Central. Depois, em janeiro, seguir para Miami, para então jogar ao lado do amigo e companheiro Lionel Messi, grande estrela da formação que tem como proprietário David Beckham.
“É muito fácil jogador com ele. Basta correr e ele coloca-nos a bola no pé. Messi é do outro mundo. Se lhe atirarem uma pedra, ele consegue dominá-la. É um jogador que pensa antes de qualquer outro. Joguei com Cristiano Ronaldo, Neymar, Mbappé, Rooney, Ibrahimovic, Van Persie, Bale, Benzema e nunca vi nada igual. Messi é único. Só existe um jogador que não tem altos e baixos: Messi”, elogiou Di María em 2021, quando ambos partilhavam o balneário no PSG.
O primeiro contacto entre os dois argentinos deu-se em 2008, quando Di María jogava no Benfica e Messi no Barcelona, e foram ambos chamados à seleção argentina para participar nos Jogos Olímpicos de Pequim. “Desde que o conheci nesse ano, continua a mesma pessoa humilde. Criámos desde então uma relação de amizade que extravasou os relvados”, contou ainda o extremo.
Foi ao serviço da Argentina, no Mundial 2022 do Qatar, que a conexão resultou às mil maravilhas, sendo ambos considerados dois dos maiores responsáveis pela conquista do Campeonato do Mundo (marcaram na final contra à França, num jogo que terminou empatado a três golos e que os sul-americanos venceram nos penáltis). Antes, já tinham brilhado juntos quando conquistaram o ouro nos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008, e no triunfo na Copa América de 2021.
“A história vai registar com justiça Messi como o grande génio desta geração, o novo rei do futebol e Diós para os argentinos. Mas se Messi é o Pelé argentino, não seria exagerado dizer que que Di María é o Garrincha de Rosário. O que Bebeto foi para Romário. O coadjuvante de luxo”, escreveu na altura do Mundial o jornalista brasileiro Luiz Felipe Castro, num texto assinado na revista Veja.
Ameaças colocam em causa regresso ao Rosario
A grande incógnita neste momento reside na possibilidade de Di María jogar seis meses do Rosario. E aqui há uma questão de segurança que pode impedir o desejo sempre expressado pelo ainda extremo do Benfica, de voltar a vestir a camisola do clube onde começou.
Em março, a família do jogador foi alvo de ameaças de morte por elementos de redes de narcotráfico com ligações com claques de futebol. Na altura foi deixado um bilhete intimidatório no condomínio onde residem os pais e familiares do extremo, ameaçando-o de que se regressasse ao Rosario após terminar contrato com o Benfica, um familiar seria morto.
Alguns suspeitos foram entretanto detidos, mas na terça-feira o caso teve mais um episódio. Revoltados com a eliminação do Rosario na Taça Libertadores, o mural de homenagem a Di María na cidade foi vandalizado com a frase “Ainda vais voltar?” Resta saber como irá reagir o jogador a esta nova onda de ameaças, sendo certo que na semana passada, numa entrevista, quando questionado sobre a permanência de Di María, o presidente Rui Costa disse ainda estar esperançado que pudesse ficar mais um ano e adiantou que fruto das ameaças que sofreu, “a hipótese da Argentina” já não estava “tão delineada quanto isso”.
O problema é que não existe a possibilidade de o jogador se transferir já no verão para o Inter Miami. Isso mesmo foi deixado claro pelo treinador argentino Tata Martino: “Tem a ver com situações especiais, com o facto de termos um plantel que já está dentro do orçamento da MLS e por isso não há forma de ir buscar outra figura, nem Di María nem outro. Ainda faltam dois meses para abrir o mercado, mas se não mudarem as regras da MLS não há maneira de contratar já um jogador como ele.”
Este agora é o dilema do jogador. Após a eliminação do Rosario da Libertadores (competição que Di María tinha o sonho de jogar) e perante novas ameaças das redes de narcotráfico, será que o extremo ainda pondera regressar ao país Natal para jogar seis meses no clube onde se formou?
nuno.fernandes@dn.pt