Benfica e Atlético Madrid, que se defrontam esta noite na Luz na 2.ª jornada da Liga dos Campeões (20h00, SportTV 5), têm sido verdadeiros parceiros de negócios nos últimos anos, com vários jogadores a trocarem a Luz pelo Calderón e vice-versa. Contas feitas, entre compras e vendas entre si, movimentaram mais de 250 milhões de euros..O primeiro negócio remonta à década de 90, quando Paulo Futre trocou o Atlético pela Luz, numa transferência polémica, que na altura custou cerca de 600 mil contos (três milhões de euros) aos cofres encarnados. Não foi bem aos cofres do Benfica, mas sim da RTP..A viver uma grave crise financeira, o presidente Jorge de Brito tinha o sonho de ver Futre a equipar de vermelho. E em dezembro de 1992 assinou um acordo com a RTP para financiar a transferência, vendendo os direitos dos jogos do Benfica à televisão estatal por um período de dois anos. A notícia acabou por ser conhecida e nos últimos dias de janeiro, mesmo antes de Futre chegar, o governo, liderado por Cavaco Silva, demitiu Monteiro de Lemos, então presidente da RTP..Um ano mais tarde o próprio Futre explicou o negócio, justificando a sua saída do Atlético com a grande crise financeira dos colchoneros e salários em atraso. “Não havia um tostão. Não pagavam há oito meses, o clube estava embargado e a minha saída era a única solução. Inventámos um conflito e fui para o Benfica. A RTP, a televisão pública de Portugal, pagou 600 mil [contos] em cash. Uma barbaridade naquela altura”, recordou..O esquerdino formado no Sporting foi o primeiro (só esteve meia época na Luz), mas seguiram-se outras compras do Benfica ao clube espanhol. O guarda-redes Roberto (que não deixou muitas saudades) foi contratado na temporada de 2010/11 por 8,5 milhões, mas três anos mais tarde seria recomprado pelo mesmo valor..Na época de 2012/13 foi a vez de Salvio chegar, por 13 milhões. E um ano depois Pizzi custou 14 milhões. O último futebolista adquirido ao Atlético foi o internacional mexicano Raúl Jiménez, por 22 milhões. Pelo meio chegaram também José Antonio Reyes, em 2008, num empréstimo de um ano, mas num negócio em que o Benfica adquiriu 25% do passe do jogador por 2,65 milhões. E Sílvio, por empréstimo, durante três temporadas..Um jackpot chamado Félix.Se em termos de compras o valor pago ao Atlético rondou os 63 milhões de euros, o montante encaixado pelo Benfica em vendas ao clube madrileno atingiu quase 200 milhões. E para isso muito contribuiu a transferência recorde de João Félix no verão de 2019, que recheou os cofres da SAD com 126 milhões, a transferência mais cara de sempre do futebol português e uma das maiores a nível mundial..Mas antes de Félix o Benfica recebeu boas quantias. Em 2016, o médio argentino Gaitán rendeu 25 milhões e anos antes, em 2007, o Atlético pagou 20 milhões por Simão Sabrosa. Houve ainda a venda do guarda-redes Oblak, por 16 milhões, em 2014, e a recompra do guardião Roberto pelo mesmo valor (8,5 milhões) que o Benfica tinha desembolsado. Dani e Hugo Leal também deixaram o Benfica para jogar no Atlético, mas em ambos os casos as transferências não implicaram custos..Hoje, porém, dos dois lados só há um resistente destes negócios: o guarda-redes Jan Oblak, uma das grandes referências da equipa espanhola e ainda dono das redes do Atlético. nuno.fernandes@dn.pt