Foram muitas as guerras travadas por Pinto da Costa ao longo de 42 anos de presidência do FC Porto. Nunca gostou da palavra ódio, mas admitiu várias vezes ter inimigos. E foram muitos, um dos maiores Rui Rio, ex-presidente da Câmara do Porto, e Carolina Salgado, sua antiga companheira. Mas também manteve amizades para a vida, casos de Reinaldo Teles, ex-dirigente do FC Porto que morreu em 2020, e Ramalho Eanes, uma das pessoas que mais admirava e que recentemente o tinha visitado no hospital.Rui Rio presidiu à câmara do Porto entre 2002 e 2013, período em que não existiram relações com o maior clube da cidade. A rota de colisão entre Rio (adepto do Boavista) e Pinto da Costa começou por causa da construção do estádio (Rio decidiu que o clube só poderia construir um quarto da área comercial pretendida) e também porque o autarca sempre lhe criticou discurso regionalista. O FC Porto deixou de ir festejar à Câmara e Rio foi um dia barrado no Dragão Caixa.. Carolina Salgado foi uma das suas muitas companheiras conhecidas - estiveram juntos entre 2000 e 2005. O final da relação foi conturbadao e Carolina vingou-se editando um livro ‘Eu, Carolina’, uma polémica biografia, publicada em 2006, na qual relatava a sua vida ao lado de Pinto da Costa. Além de relatos íntimos e histórias nunca antes contadas, revelou episódios que estiveram na origem do famoso caso Apito Dourado.As guerras com presidentes de clubes foram constantes, com avanços e recuos em termos de relações cortadas. De Vale e Azevedo e Dias da Cunha a Luís Filipe Vieira (de quem foi amigo e inimigo), passando por Bruno de Carvalho e mais recentemente Frederico Varandas.Também se zangou com Fernando Gomes, que antes de ir para a Liga e para a FPF foi dirigente do FC Porto. Tudo porque a determinada altura Gomes disse que Pinto da Costa “estava desgastado”..Que herança deixou Pinto da Costa nos cofres dos dragões?. Eduardo Catroga, em 1994 ministro das Finanças de Cavaco Silva, foi outros dos seus alvos. Isto porque naquele ano ordenou uma penhora ao FC Porto, inclusive à retrete do balneário das Antas. “Isto é de uma mesquinhice, uma estupidez tão grande, que ainda hoje é conhecido como o ministro das retretes” disse em 2021.No livro ‘Azul Até ao Fim’, lançado no final do ano passado, enumerou uma lista de pessoas que não queria no seu funeral. “Não gostaria que lá estivesse alguém da atual Direção do clube. Nenhum dos ex-jogadores que sempre estiveram comigo e me traíram [casos de Helton, Maniche, Eduardo Luís, André, Sousa]. Poderia acrescentar mais nomes, como Antero Henrique, Raúl Costa, Joaquim Oliveira, Tiago Gouveia, Pedro Bragança, mas não é preciso, porque estou certo que não terão ‘lata’ para lá ir”, escreveu.Fez vários amigos no futebol e não só. Um dos maiores foi Reinaldo Teles, histórico dirigente do FC Porto que morreu em 2021 vítima da covid-19, de quem um dia disse que só confiava no seu cão e no Reinaldo.Outro grande amigo, e uma das pessoas que mais admirava, era o Presidente Ramalho Eanes, com quem criou uma boa relação. Eanes chegou mesmo a visitá-lo durante um internamento em novembro. “Mantivemos contacto e até hoje é a pessoa que mais admiro no contexto da vida nacional”, chegou a dizer Pinto da Costa.nuno.fernandes@dn.pt .Pinto da Costa. O “homem solto” que fez a “mudança radical” no futebol nacional