Conceição sem pressa para voltar a treinar e à espera do projeto certo
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Conceição sem pressa para voltar a treinar e à espera do projeto certo

Treinador está sem clube há 125 dias, desde que deixou FC Porto. Recebeu convites, sondagens, mas só admite regressar ao ativo para orientar um clube estável que lute por títulos.
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Sérgio Conceição está há 125 dias sem clube, depois de ter deixado o FC Porto num processo conturbado e polémico, e colocado um ponto final num ciclo de sete anos no clube onde conquistou 11 títulos. Desde então, sabe o DN junto de fonte próxima do treinador, foi alvo de várias sondagens e recebeu alguns convites. Mas não tem pressa em voltar ao ativo, nem está disponível para pegar em qualquer projeto.

Ao DN, fonte próxima do treinador de 49 anos garantiu que o treinador está perfeitamente tranquilo e que acredita que mais tarde ou mais cedo receberá um convite de um clube que lute por títulos: “Está à espera do projeto certo e quer uma equipa que lute por títulos. Foram sete anos de grande desgaste no FC Porto e quer algo estável.” A mesma fonte garante que o técnico, apesar de sentir saudades, não tem pressa e irá esperar o tempo que for preciso pelo convite certo.

O AC Milan e o Marselha chegaram a ser possibilidades no defeso, mas na altura o diferendo com o FC Porto não estava totalmente resolvido e tanto o clube italiano como o francês avançaram para outras soluções. Foi alvo de outras sondagens e recebeu alguns convites, mas nenhum dos projetos o agradou.

Reuniões com novos adjuntos

Conceição, sabe o DN, tem reunido periodicamente com a sua equipa técnica, que entretanto perdeu Vítor Bruno, hoje treinador do FC Porto, mas ganhou dois novos elementos - João Carlos Costa, antigo adjunto de Fernando Santos, e Fábio Moura, que trabalhou no FC Porto B. Em conjunto têm discutido metodologias para estarem prontos para assumir a gestão de um clube assim que surja o convite certo.

Fonte próxima do treinador disse ainda ao DN que Conceição não tem propriamente um campeonato preferencial, desde que seja competitivo. Mas admitiu que a liga italiana, até pela ligação que tem ao país por ter atuado vários anos no calcio, ao serviço do Parma, Inter Milão e Lazio, seria sempre um destino apetecível. Assim como o campeonato alemão, que o técnico, numa entrevista ao Canal 11, chegou a considerar “o melhor do mundo”, lembrando que, quando estava na Bélgica, até jogos da II e III divisão da Alemanha via sempre com estádios cheios.

Família e discrição

Sérgio Conceição tem aproveitado este período para estar mais tempo com a família, embora tenha três dos cinco filhos a jogar no estrangeiro - Francisco Conceição em Itália, na Juventus; Rodrigo no FC Zurique, da Suíça; e Sérgio no Anorthosis, do Chipre. Já Moisés atua no Anadia, da Liga 3, e depois há ainda Francisco, de nove anos, que joga nas escolinhas do FC Porto.

O treinador, até pela forma como deixou o FC Porto, tem optado por estar longe dos holofotes. Quebrou o silêncio no início de setembro, a um meio de comunicação italiano ligado à Lazio, onde admitiu que pela ligação que tinha ao clube italiano e ao FC Porto, havia equipas que não aceitava treinar: “É algo normal para mim, faz parte da minha personalidade.”

Mais recentemente foi notícia devido a umas fotografias partilhadas pelo restaurante Rei dos Leitões, onde se cruzou com os jogadores do Grupo Desportivo da Mealhada, das distritais, antes de um jogo com o Famalicão de Anadia, para a Taça Distrital de Aveiro, depois de ter dado uma mini palestra no restaurante aos jogadores do Mealhada.

De resto, tem optado pela discrição. Até quando em junho viu das bancadas do Red Bull Arena, em Leipzig, o filho Francisco marcar perto do final o golo que deu a vitória a Portugal no jogo frente à República Checa, na estreia no Euro2024 - o momento foi captado por alguém nas bancadas e o vídeo colocado a circular nas redes sociais.

Sérgio Conceição anunciou o fim da sua ligação ao FC Porto no dia 3 de junho, já com André Villas-Boas na presidência, comunicando a rescisão do contrato de renovação que tinha assinado ainda com Pinto da Costa a 25 de abril, que incluía uma clausula que lhe permitia sair sem qualquer encargo para o clube.

Na altura justificou a sua decisão por vários motivos, mas sobretudo pela “quebra de confiança num elemento da equipa técnica”, numa referência a Vítor Bruno, que foi sempre o seu adjunto e aceitou o cargo de treinador principal do FC Porto.

“Não será uma quebra de valores e traição de outros que me farão pôr em causa os meus próprios valores e a minha palavra. Tal como prometi, saio do FC Porto com a mesma dignidade com que entrei. Não foi por dinheiro que vim para cá, e não é com dinheiro que quero sair”, referiu na altura num comunicado, prometendo um dia “contar a verdade dos factos.”

nuno.fernandes@dn.pt

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