Com sete camisas e sem superstições. Martínez vê seleção “preparada” mas não no “nível máximo”
MIGUEL A. LOPES/LUSA

Com sete camisas e sem superstições. Martínez vê seleção “preparada” mas não no “nível máximo”

Portugal defronta a República Checa, num jogo onde Ronaldo e Pepe deverão ser apostas iniciais e vão fazer história. O selecionador escolheu a palavra “Apaixonados” como a que melhor define o grupo e elogia a mistura entre experiência e juventude.
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Portugal estreia-se esta terça-feira (20.00, SIC) no Euro 2024 em Leipzig rente à República Checa. No lançamento do jogo, Roberto Martínez não revelou se irá optar pelo esquema de quatro defesas ou repetir a receita (com sucesso) do particular com a Rep. Irlanda, onde apostou em três centrais. Certas são as presenças no onze de Cristiano Ronaldo e Pepe para o início de um torneio ao qual o selecionador já escolheu um nome para a missão: “Apaixonados”.

Assim que entrarem em campo, os dois capitães de Portugal vão fazer história. Pepe porque passará a ser o jogador mais velho de sempre num Europeu (41 anos e 113 dias), batendo a marca do guarda-redes húngaro Gábor Király; Ronaldo, 39, porque será o único futebolista da história a ter participado em seis fases finais de Europeus. Dois veteranos que curiosamente vão defrontar a seleção com a média de idades mais baixa da prova: 25,97 anos. Se algum deles marcar, passa também a ser o mais velho a faturar num Euro, um recorde que pertence ao austríaco Vlasic, com 38 anos e 257 dias no Euro2008.

“Temos mais um treino hoje e só posso avançar que o Diogo Costa vai estar na baliza. O Cristiano e o Pepe têm uma experiência que não há em outro balneário, são os dois jogadores mais velhos do torneio, e depois temos o João Neves, o Francisco Conceição, que estão a mostrar uma influência importante para nós. A mistura é necessária e está tudo ligado, com o mesmo foco, objetivo e compromisso. Isso é essencial para nós. O Cristiano está cá por mérito. Ninguém está aqui pelo nome”, referiu.

A votação com vista ao cognome da seleção no Euro 2024 ainda está aberta no site da FPF, mas Martínez já fez a sua escolha: “Recebi muitas palavras e ideias, e acho que a melhor é… a nossa seleção mostra paixão. No treino, a vestir a camisola, a representar o país. Por isso ‘Apaixonados’ é a palavra que melhor descreve o grupo”, resumiu, fazendo mais uma confissão, ao admitir que, ao contrário de Luiz Felipe Scolari e Fernando Santos, não é nada supersticioso: “É uma resposta aborrecida, mas não. Não tenho superstições. Nasci no dia 13, numa sexta-feira. Não sou pessoa para ter superstições”.

Por mais rasteiras que tentem passar ao selecionador, Martínez é sempre muito pragmático e sério quando questionado sobre as possibilidades de Portugal. Nem mesmo um deslize quando lhe perguntaram se levou bagagem para regressar a Portugal só a 15 de julho, após a final: “Precisamos de acreditar, é importante, e de sonhar. Se não sonharmos, é difícil ter sucesso no futebol. Mas também temos de ter a responsabilidade de jogar bem. O jogo de amanhã é o momento perfeito para mostrar que estamos preparados. Depois dos três primeiros jogos, podemos avaliar se merecemos ficar ou não. Tenho sete camisas, não trouxe três, mas isso depende do nível que mostrarmos nos três jogos.”

Para Martínez, neste primeiro jogo o foco não está apenas em ganhar.”Focamo-nos em jogar bem e executar o plano para depois tentar ganhar. Há coisas que temos de fazer antes de ganhar. Claro que temos um grupo experiente. Ganhar ou perder o primeiro jogo não garante ou tira a qualificação. O importante é crescer na prova e ganhar jogos”, analisou, deixando depois um aviso: “A fase de apuramento mostrou que o grupo está com uma atitude, mentalidade e compromisso importantes. Ganhámos 10 jogos. Agora, é um torneio. É diferente. Sabemos que como equipa precisamos de enfrentar momentos de adversidade para ver se temos nível para chegar longe. Estamos preparados, mas ainda não ao nível máximo.”

Checos gostam de arriscar

A República Checa está longe daquela seleção que encantou no Euro1996, ao chegar à final depois de deixar pelo caminho países como Portugal (o célebre chapéu de Poborsky a Baía) e França, perdendo no jogo decisivo para a Alemanha, numa equipa onde além de Poborsky brilhavam Patrick Berger, Smicer ou Nedved. Hoje a maioria dos convocados atua no próprio país e a principal referência é o avançado Patrik Schick, do Bayer Leverkusen. Desde 1996, o máximo que os checos conseguiram foi um terceiro lugar em 2004 e chegar aos quartos de final nas edições de 2011 e 2020.

Mas para Martínez todos os cuidados são poucos. “O estilo deles é muito claro. Defrontei-os três vezes. Claro que a estrutura pode mudar, mas a ideia e o estilo gosto muito. É um estilo de pressão alta, de arriscar, serem objetivos. Têm jogadores que querem marcar golos. A experiência do Soucek, do Schick. São jogadores que têm ideias claras, a formação individual deles marca o estilo da seleção. Jogam para ganhar, gostam de correr riscos e acho que vai ser um jogo fantástico”, descreveu Martínez.

O selecionador checo, Ivan Hasek, garantiu ontem que tem a lição bem estudada e que está preparado para os planos de Portugal. “Sabemos como jogaram no passado, sabemos como Martínez teve sucesso com três centrais, então preparámo-nos para diferentes variações. Vimos os últimos jogos de Portugal e sabemos como conseguem mudar a equipa. E sabemos como reagir”, referiu.

Considerando que Portugal “tem jogadores que alinham nos principais clubes do mundo” e que “muitos deles são as estrelas desses clubes”, Hasek não hesita em colocar a seleção lusa no “lote de favoritos”. “Mas, apesar disso, queremos ganhar”, atirou.

O selecionador checo não esqueceu Cristiano Ronaldo. Tal como antes o defesa central Tomás Vlcek gracejou ao dizer que “se tivesse o segredo para travar Ronaldo venderia por um preço muito alto”, também o treinador deixou elogios ao capitão português: “Queremos parar Ronaldo. É um dos melhores e os meus jogadores podem dizer que jogaram contra ele e, até, podem vir a dizer que tiveram sucesso. Seria algo para lembrar toda a vida”, concluiu.

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