CBF suspende as próximas duas jornadas do Brasileirão devido às cheias
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) anunciou na quarta-feira o adiamento dos jogos da sétima e oitava jornadas do campeonato nacional, devido às cheias que têm afetado o sul do país.
"Após consultar os 20 clubes participantes da Série A do Campeonato Brasileiro e receber o pedido de 15 equipas para a suspensão da competição até ao dia 27 de maio, a CBF reitera o compromisso público assumido de transparência e diálogo pela atual gestão e suspende as jornadas 7 e 8 do certame", informou a CBF, em comunicado divulgado no seu site oficial.
O organismo lamenta a "tragédia ambiental sem precedentes na história", solidarizando-se com "cada vítima deste evento catastrófico" e manifestando total colaboração "com o povo gaúcho nesta drástica crise através de ações e iniciativas".
Dos 20 clubes que disputam o principal escalão do futebol brasileiro, apenas Flamengo, São Paulo, Bragantino (treinado pelo português Pedro Caixinha), Palmeiras (Abel Ferreira) e Corinthians (António Oliveira) não defenderam a suspensão da prova, de acordo com a lista divulgada pela CBF.
Contudo, a imprensa brasileira refere que o emblema de Bragança Paulista manifestou à CBF, na quarta-feira de manhã, a concordância com a paragem do campeonato.
A sétima e oitava jornadas do Brasileirão estavam agendadas para os dois próximos fins-de-semana, sendo que já na ronda anterior os jogos que envolviam equipas do sul tinham sido adiados, como foram os casos do Criciúma, do estado de Santa Catarina, e do Grêmio, Internacional e Juventude, os três do Rio Grande do Sul.
Além de Abel Ferreira, Pedro Caixinha e António Oliveira, há outros dois técnicos portugueses a liderar equipas do campeonato brasileiro: Artur Jorge, no Botafogo, e Petit, no Cuiabá.
O número de mortos devido às inundações do sul do Brasil subiu para 150, havendo ainda 112 pessoas desaparecidas e cerca de 620 mil deslocadas, indicaram na terça-feira as autoridades.
Com 2,12 milhões de pessoas afetadas, o estado do Rio Grande do Sul continua a ser o mais atingido, mais de uma semana depois de uma forte tempestade ter causado grandes devastações em quase dois terços do seu território.
Nesta região que faz fronteira com o Uruguai e a Argentina, foram registadas 149 mortes, enquanto no estado vizinho de Santa Catarina, também afetado por fortes chuvas, embora em menor escala, foi registada a outra vítima mortal.
Desde o início desta tragédia climática, a maior da história do sul do Brasil, cerca de 80.000 pessoas e 11.000 animais foram resgatados pelas autoridades, enquanto 806 pessoas ficaram feridas.
Porto Alegre, a capital regional, continua parcialmente inundada, com o principal aeroporto da cidade fora de serviço, o centro histórico inundado e milhares de pontos sem eletricidade.
A mesma situação repete-se em municípios mais pequenos, como Rio Grande, a cerca de 360 quilómetros de Porto Alegre, onde atualmente se constroem pontes rudimentares com paletes de madeira para ligar infraestruturas críticas.