Carvalhal sem receio e "de peito aberto" no regresso ao Sp. Braga e com foco no Servette
Carlos Carvalhal afirmou esta quarta-feira ter demorado poucos minutos a aceitar o regresso ao comando técnico da equipa de futebol do Sporting de Braga e disse olhar para a situação pelo "lado positivo" e de "peito aberto".
Dois anos depois, Carlos Carvalhal é novamente o treinador do Sporting de Braga, substituindo Daniel Sousa após a inesperada saída do treinador ex-Arouca na sequência do empate caseiro com o Estrela da Amadora (1-1), na primeira jornada do campeonato, no domingo.
"Se tivesse receio não vinha para aqui, tenho é coragem. No futebol, já vivemos situações difíceis, como falta de organização e dificuldades financeiras, em clubes que estavam obrigados a ganhar. Vivemos isso tudo e estamos prontos para tudo. Estamos de peito aberto. Olho pelo lado positivo. O contrato é de dois anos e não de três dias. Importante é ganhar amanhã [quinta-feira]", disse, na conferência de imprensa de antevisão da deslocação ao terreno do Servette, na segunda mão da terceira pré-eliminatória da Liga Europa, que contou com a presença do presidente 'arsenalista', António Salvador.
Na sua terceira passagem pelo clube minhoto, depois de meia temporada em 2006/07 e das épocas 2020/21 e 2021/22, disse-se "muito feliz" por "voltar a casa".
"Sinto-me como se nunca tivesse saído daqui, é o meu clube. Estou muito feliz por estar com estes jogadores, esta administração, estes adeptos e até jornalistas. Fui muito bem recebido e, desde que cheguei - e foi por isso que não houve apresentação, porque é tempo de trabalhar e menos de conversa -, foi tempo de arregaçar as mangas e ir treinar", afirmou.
Carvalhal revelou que acordou na segunda-feira com uma mensagem do presidente enviada na noite de domingo, após o empate caseiro com o Estrela da Amadora (1-1), na estreia do campeonato, a convocá-lo para uma reunião.
"[Mas] Eu deito-me cedo e só vi de manhã. Na segunda-feira, fez-me o convite, pôs-me as condições e eu aceitei em dois ou três minutos", contou.
O técnico reiterou que "a motivação é altíssima": "O Sporting de Braga é o meu clube. Ter ajudado a ganhar uma Taça de Portugal foi a minha 'Champions' e isso diz tudo. Ganhar aqui tem 10 vezes mais valor do que em outros clubes".
Recusando maior pressão pelas circunstâncias em que se deu o seu regresso, Carlos Carvalhal diz querer deixar a sua "marca", até porque "a pressão" no clube "é enorme, mas pelo sentido positivo - para descer divisão é bem pior".
Carlos Carvalhal notou ainda que "o clube evoluiu de uma forma assustadora, tem instalações de nível mundial".
"Conheço bastantes e vi um ou dois melhores ou do mesmo nível. A grande diferença é que, nestes dois anos, tornei-me avô", disse.
Carvalhal apelou ao "foco e disciplina" dos seus jogadores, mostrando-se confiante na vitória diante do Servette, na Suíça, e na passagem ao play-off da Liga Europa.
"Vai ser com humildade, trabalho e união que vamos conseguir trazer a vitória da Suíça", disse, antevendo o jogo da segunda mão da terceira pré-eliminatória depois do 0-0 em Braga.
O treinador quer "foco e disciplina" e que os jogadores "honrem o Sporting de Braga", mas tenham também "um bom espírito e uma vontade enorme de vencer".
"Isso é meio caminho andado, depois demos uma pincelada ou outra em termos de organização e de estratégia em relação ao adversário. Temos que ser humildes também, senão podemos ter problemas. Com foco, humildade e respeito pelo adversário, estamos convictos que vamos passar", salientou.
O técnico desejou ainda "felicidades" a Daniel Sousa e à sua equipa técnica e rejeitou estar a criticar o treinador cessante.
"De forma alguma queria dizer que a equipa não estava organizada. Falei em organização em função da nossa maneira de jogar. A nossa equipa permite ter organizações pontualmente diferentes, uma maneira de pressionar e de defender distintas e foi isso que entendemos fazer nestes dias", referiu.
O treinador disse ainda que o plantel está aberto até ao fecho do mercado, podendo haver saídas e entradas, e frisou contar com André Horta e Banza.
"O André [Horta] é um jogador que aprecio bastante. Na segunda época [de Carvalhal em Braga] jogou bastante e foi fundamental. Também tive oportunidade de o levar para o Olympiacos [na temporada passada]. Fico contente por estar no plantel. Vamos com certeza continuar nas competições europeias, vamos ter uma densidade de jogos enorme e, por isso, vamos precisar dele, até porque o Sporting de Braga tem que ter dois jogadores por posição", disse.
Já Banza "tem contrato e está disponível", ainda que não nos melhores índices físicos porque veio de lesão, mas está convocado e, "se necessário, pode entrar no jogo".
Carlos Carvalhal frisou que "o importante é colocar os jogadores confortáveis dentro do campo".
"Perguntei, por exemplo, ao Rodrigo [Zalazar] se estava confortável com aquilo que lhe ia pedindo. Depois vai-se à dinâmica, que surge com o tempo, mas a qualidade dos jogadores vai permitir isso", disse.
Ao seu lado, o médio uruguaio frisou a importância dos jogadores estarem "unidos" e considerou que o Sporting de Braga tem "capacidade suficiente para ganhar este jogo".
Sobre a troca de treinador, Zalazar, de 25 anos, notou que, "obviamente que não houve muito tempo", mas o suficiente "para entender as novas ideias do novo treinador".
"O treinador disse que queria união, que todos fizéssemos o nosso trabalho para ajudar o nosso companheiro. No final, o mais importante é estarmos unidos e ganhar", reforçou, considerando que, na Suíça, há que "colocar a bola na baliza" porque "para ganhar é preciso marcar golos".
Victor Gómez está de volta às opções, após cumprir o jogo de castigo no campeonato, enquanto Robson Bambu recuperou de lesão e pode entrar nas contas do técnico. Já Paulo Oliveira continua lesionado e André Horta não treinou devido a uma virose.
Sporting de Braga e Servette defrontam-se a partir das 19:30 (hora em Lisboa) de quinta-feira, no Estádio de Genebra, na Suíça, num jogo que será arbitrado pelo croata Igor Pajac.