"Júlio César continua a dar totais garantias na baliza"
Palavra de Dino Zoff, um dos maiores guarda-redes italianos que, entre outros títulos, conquistou um Europeu e um Mundial pela squadra azzurra. A baliza do Benfica está bem entregue a Júlio César, que na temporada passada esteve na sombra de Ederson, mas que perante a saída do seu compatriota para o Manchester City será o titular na nova época.
O Benfica esteve particularmente ativo no mercado no que toca a guarda-redes, com as contratações dos jovens Bruno Varela e André Moreira. Mas tudo indica que Rui Vitória vai entregar a baliza ao guardião de 37 anos que está na Luz desde 2014.
"Sempre gostei muito do Júlio César. Acompanhei a sua carreira, não só em Itália, e esteve sempre no top nos últimos anos, como Neuer ou Buffon. Ederson exibiu--se a um nível alto, mas Júlio César não perdeu qualidades. Pode não ter a mesma agilidade de outros tempos, mas compensa com experiência. Continua a ser um guarda-redes que dá totais garantias na baliza a qualquer treinador", disse Dino Zoff ao DN, destacando as principais qualidades que identifica no guarda-redes do Benfica.
"O que sempre mais apreciei no seu jogo foi a forma como se posiciona. Consegue antecipar o que vai acontecer por esse posicionamento e isso é também sinal que estuda bem os adversários e sabe onde e como estar. É muito frio também e isso transmite bastante tranquilidade aos seus colegas", garantiu o ex-guarda-redes.
"Ele ainda hoje é lembrado em Itália, os adeptos do Inter não se esquecem dele e de tudo o que deu pelo clube, é um ídolo, como é certamente no Brasil, pois foi um dos melhores de sempre e ainda há uns anos era o titular da seleção [deixou de ser convocado após o Mundial do Brasil, em 2014]", afirmou o antigo guardião que foi seis vezes campeão pela Juventus
Ensinar Varela e Moreira
Com a saída de Ederson, e com Paulo Lopes (39) provavelmente a pendurar as luvas, o Benfica fez regressar Bruno Varela (22 anos) e contratou André Moreira (21) ao Atlético de Madrid. Dois jovens internacionais sub-21 que, de acordo com Dino Zoff, poderão ganhar com a continuidade de Júlio César ao serviço do Benfica.
"Não conheço esses dois guarda-redes, mas para jogarem num clube com o nível do Benfica, que lançou alguns grandes guarda-redes nos últimos anos, é porque têm muito valor. E aprender com Júlio César será muito bom para eles. Além de tudo o que pode dar ainda ao clube, Júlio César é indiscutivelmente um professor também, por todos os anos que passou ao mais alto nível", salientou o agora comentador.
Longevidade de Júlio César
Dino Zoff terminou a sua carreira em 1983, com 41 anos, depois de onze anos ao serviço da Juventus, tendo passado também por clubes como Udinese, Mantova e Nápoles. Júlio César fará 38 ainda este ano, em setembro, e o italiano não vê razões para o internacional brasileiro parar a curto prazo.
"Agora é mais fácil jogar durante muitos mais anos e ao mais alto nível. Os clubes estão mais bem preparados, os treinos são melhores, os métodos dos treinadores também, há menos lesões e são mais fáceis de ultrapassar, há muitos fatores que ajudam a prolongar a carreira de qualquer jogador durante muito mais tempo e sempre em grande nível", afirmou Zoff, apontando a estrutura mental de Júlio César como um dos fatores que leva o guarda-redes brasileiro a estar ainda aos mais alto nível com quase 40 anos.
"A diferença agora é que é preciso uma mentalidade forte para querer continuar a lutar por títulos, pelo trabalho diário. E penso que Júlio César tem isso tudo, sobretudo a tal mentalidade vencedora. Já teria sido fácil para ele terminar, sobretudo depois de os anos maus que teve em Inglaterra [ao serviço do Queens Park Rangers, onde raramente jogou] e quando foi para o Canadá [Toronto]. Mas não, voltou ao mais alto nível no Benfica e isso demonstra toda a sua força", apontou o italiano.