Barcelona-Real. Sem a magia de Messi mas com outros trunfos
Há quem diga que é o maior clássico do mundo e hoje terá um novo capítulo numa história centenária. O Barcelona-Real Madrid desta tarde (15.15, Eleven Sports 1) ficará marcado pela ausência de Lionel Messi, que no verão rumou ao PSG depois de ter marcado uma era no clube catalão. Desde novembro de 2005, data do seu primeiro clássico, o argentino defrontou por 45 vezes os merengues - muitos destes duelos foram travados contra Cristiano Ronaldo. Venceu 19, empatou 11 e perdeu 15. Golos marcados foram 26. E agora sem Messi, como será?
A lógica neste tipo de jogos pouco ou nada conta, mas a verdade é que o Real Madrid vai defrontar um Barcelona a viver uma das piores crises da sua história, mergulhado numa crise financeira de proporções gigantescas, que levaram o clube a ter de prescindir da sua maior bandeira (Lionel Messi) e a negociar outros ativos, caso de Griezmann. Desportivamente, e olhando para a classificação da liga espanhola, os merengues estão na segunda posição (17 pontos); o Barcelona é sétimo (15).
Os intensos duelos Messi vs. Cristiano Ronaldo já fazem parte do passado apesar de ainda estarem bem presentes na memória de todos. Atualmente os protagonistas são outros. Do lado do Barcelona há Ansu Fati, nascido na Guiné Bissau, o herdeiro do 10 de Messi, que há poucos dias renovou contrato e ficou com uma cláusula de 1000 milhões de euros. O avançado está desde os 10 anos na Catalunha e é visto como uma bandeira da formação. E ainda Pablo Gavi, o miúdo de 17 anos que a imprensa espanhola diz ser uma mistura de Xavi com Iniesta, que recentemente fez história ao tornar-se no mais jovem internacional de sempre da seleção espanhola.
No Real Madrid, que tal como o Barcelona viu sair outro histórico para Paris, o defesa central Sergio Ramos, continuam algumas estrelas. À cabeça o avançado francês Karim Benzema, maior goleador da equipa blanca. E também o brasileiro Vinicius Jr., 21 anos, a realizar uma temporada fantástica, somando sete golos em 11 jogos realizados. Recentemente, uma reportagem do jornal brasileiro Globo, noticiou que o avançado tinha uma equipa de 39 pessoas a trabalhar para ele, desde um cozinheiro a um fisioterapeuta, passando por um fotógrafo e um cameraman profissional.
Há quem diga que este Barcelona-Real é também um clássico do futuro. Além dos jovens já citados, no Barcelona há ainda mais dois miúdos a ter em conta: Sergiño Dest, 20 anos, e Óscar Mingueza, 22. No Real Madrid existem os casos de Camavinga, 18 anos, e Rodrygo, com 20.
Rivais desde sempre, a história dos duelos entre o Barcelona e o Real Madrid mostra números muito equilibrados. Nos 246 jogos oficiais entre ambos, a contar para todas as competições, os catalães venceram 96, perderam 98 e registaram-se ainda 52 empates. Como curiosidade fica o facto de os blancos terem vencido os três últimos duelos, todos a contar para a liga espanhola.
Muitos destes confrontos entraram para a história pelo resultado fora do normal, outros por alguns casos insólitos. No plano das polémicas está o inesquecível clássico disputado em 2002 e protagonizado por um jogador português. Dois anos antes (2000), Figo aceitou ser trunfo eleitoral de Florentino Pérez e este acabou por pagar os 62 milhões de euros da sua cláusula da rescisão. Na Catalunha passou a ser persona non grata e quando regressou a Camp Nou vestido de blanco passou uma noite infernal: para a história fica a imagem de uma cabeça de leitão lançada para o relvado quando Figo se preparava para bater um canto.
Houve mais um duelo polémico com um português. No verão de 2011, na decisão da Supertaça de Espanha, e já depois de Özil, Marcelo e David Villa terem sido expulsos, e numa altura em que o Barcelona vencia por 3-2 (dois golos de Messi e um de Ronaldo), José Mourinho e Tito Vilanova travaram-se de razões nos minutos finais do jogo. O episódio ficou marcado pelo facto de Mou ter enfiado o dedo no olho do então adjunto de Pep Guardiola. Um gesto que mais tarde disse ter-se arrependido. "Não deveria ter feito o que fiz. É óbvio que não. Mas não sou um idiota que faz as coisas sem haver uma história por trás que me tenha feito perder o controle", referiu meses depois.
Em termos de goleadas históricas, o resultado mais volumoso aconteceu em 1943, com o Real Madrid a vencer o rival por 11-1 (!) na segunda mão das meias-finais da Copa Generalíssimo. Rezam as crónicas da altura que neste clássico valeu tudo. Moedas, pedras, garrafas, tudo serviu para inibir os catalães, que no descanso já tinham sofrido oito golos.
Esta tarde, o clássico vai voltar a ser disputado num estádio cheio de adeptos (em Camp Nou, casa do Barcelona), depois de os dois últimos duelos terem sido jogados sem público devido ao contexto de pandemia. E no banco estarão dois treinadores mais do que habituados a este tipo de pressão desde os tempos em que eram jogadores - Ronaldo Koeman foi um histórico do Barça de Johan Cruyff e Carlo Ancelotti integrou o super AC Milan de Arrigo Sacchi.