Yaremchuk mantém sonho da Champions vivo e mostra apoio à Ucrânia
Longe da emoção e brilhantismo dos duelos entre o Benfica de Eusébio e Ajax de Cruijff, esta noite, no Estádio da Luz, também não se viu o rolo compressor que costuma ser este Ajax. O empate (2-2) é assim uma pequena vitória para as águias e Nélson Veríssimo, que foi feliz na substituição que levou ao empate e assim manteve a equipa na luta pelo apuramento. E dia 15 de março vai a Amesterdão jogar a segunda mão dos oitavos de final da Liga dos Campeões, sem a pressão dos golos sofridos e o sonho de se apurar para os quartos.
Quem melhor que Jan Vertonghen para abrir as hostilidades... O defesa central, que jogou nove anos pelo Ajax e agora representa o Benfica, teve a primeira oportunidade de golo aos três minutos. Um aviso ao rolo compressor que é este Ajax e que rapidamente deu sinal de vida. Antony fazia o que queria de Weigl e mostrava a Nélson Veríssimo que devia ter apostado num meio campo mais robusto ou pelo um meio campo mais preenchido. Ao contrário do que se previa Meitê, Paulo Bernardo e João Mário ficaram no banco, e os encarnadas entraram em campo com apenas com dois médios (Weigl e Taarabt) de início e ainda Gilberto - a grande novidade - no lado direito da defesa.
Ambas as equipas procuraram a baliza desde os minutos iniciais, mas com a defesa benfiquista a revelar alguma intranquilidade. A perda de bolas em zonas perigosas foi um bom exemplo disso mesmo. E foi numa perda de bola que o Ajax se adiantou no marcador. Grimaldo lançou o contra ataque neerlandês e Tadic apareceu sem marcação na área encarnada e fez um belo golo.
O Benfica reagiu bem. Assim que Rafa conseguiu colocar velocidade e drible as oportunidade de golo começaram a surgir. O português acertou no poste e um minuto depois os encarnados chegaram mesmo ao empate, numa grande jogada de Vertonghen, que contou com uma ajudinha do máximo goleador adversário. Haller que na fase de grupos marcou cinco golos num só jogo ao Sporting foi dar uma ajuda à defesa e acabou a meter a bola na própria baliza.
Demorou pouco a redimir-se. Três minutos depois voltou a adiantar a equipa de Erik ten Hag no marcador e antes do intervalo falhou o terceiro e o 12.º na Champions 2021-22 na recarga a um remate Edson Álvarez ao poste da baliza de Vlachodimos!
Muitos adeptos terão questionado como pode Veríssimo voltar com os mesmos para o segundo tempo. Mais concretamente, como pode voltar com Gilberto. O lateral foi uma aposta perdida e ainda desencaminhou Gonçalo Ramos, obrigado a ir demasiadas vezes à ala direita fazer compensações. Ao 11.º jogo de águia ao peito, continua a ser difícil decifrar o pensamento do técnico, que ontem se estreou na Champions. Que mensagem terá passado ao intervalo, para a equipa regressar para o segundo tempo com uma atitude mais expectante, dando bola ao adversário? Terá sido estratégia para entorpecer o rolo compressor holandês montando uma teia que aprisionou Antony? Até os analistas de bancada sabem que dar bola ao Ajax é como dar um rebuçado a uma criança... A equipa de Ten Hag chegava à baliza de Vlachodimos com dois/três toques e só a má pontaria de Tadic impediu que o marcador fosse ampliado.
Depois (quase) só deu Benfica. Everton, Rafa e Darwin fizeram prova de vida a partir dos 60 minutos e o jogo passou por momentos de claro domínio ofensivo das águias. Na baliza Vlachodimos correspondia, impedindo Mazraoui de fazer o 3-1. A equipa portuguesa acreditava que podia chegar ao empate e conseguiu-o através de um ucraniano. Ironia do destino, numa altura em que a Rússia ameaça invadir a Ucrânia, Roman Yaremchuk teve cabeça para fazer o 2-2 que o Benfica já justificava.
E assim ficou tudo em aberto para a segunda mão em Amesterdão daqui a 15 dias. E talvez sem Yaremchuck. Durante os festejos o jogador mostrou uma camisola com Tryzub, o símbolo nacional da Ucrânia, mas pode ser castigado pela UEFA, uma vez que o organismo não permite manifestações políticas. "Queria apoiar o meu país. Tenho pensado muito nisto [n.d.r.: tensão entre Ucrânia e Rússia] e tenho medo desta situação. Quero apoiar um bocadinho o meu país. O clube está a apoiar-me, falou comigo e quis fazer de tudo para me ajudar. Agradeci, mas para já está tudo bem", afirmou o ucraniano, no final do jogo, à CNN Portugal.
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