Auriol é a derradeira esperança numa medalha

A lançadora do peso é campeã europeia e mundial de pista coberta e inicia este sábado os Mundiais com a sexta melhor marca do ano (19,72). As norte-americanas Ewen e Ealey serão as grandes adversárias.
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A derradeira esperança de Portugal nos Campeonatos do Mundo que se realizam em Budapeste, Auriol Dongmo, inicia este sábado de manhã, às 9.25 horas, a sua participação na competição, nas eliminatórias do lançamento do peso, sendo que a final também vai disputar-se ao final da tarde, às 19.15.

Perante as ausências de Pedro Pichardo e Patrícia Mamona e depois de Liliana Cá e Isaac Nader não terem conseguido ficar entre os três primeiros nas finais do lançamento do disco e dos 1500 metros, respetivamente, é na lançadora de 33 anos do Sporting que, fruto de resultados anteriores, que recaem as expectativas.

Já qualificada para os Jogos Olímpicos Paris2024, Auriol ficou à porta do pódio olímpico em Tóquio2020, com o quarto lugar, e foi quinta nos Mundiais Oregon2022, mas este ano juntou o segundo título europeu em pista coberta ao mundial com o sexto melhor registo do ano (19,72). Melhor que a portuguesa já fizeram, em 2023, as norte-americanas Maggie Ewen (20,45) e Chace Ealey (20,06), a chinesa Lijiao Gong (20,06), a canadiana Sara Mitton (19,83) e a jamaicana Danniel Thomas-Dodd (19,77). No entanto, no ano passado estabeleceu o recorde pessoal em 20,43 em pista coberta e 19,82 ao ar livre, tendo terminado 2022 com a sexta melhor marca ao ar livre.

Mas Auriol não será a única portuguesa a competir no lançamento do peso. Com marcas mais modestas, vão tentar a sua sorte Jéssica Inchude (18,65 em 2023) e Eliana Bandeira (18,49), que têm, respetivamente o 22.º e o 24.º melhor registo deste ano.

Com nacionalidade portuguesa desde outubro de 2019, Auriol Dongmo Mekemnang nasceu em Ngaoundéré, nos Camarões, a 3 de agosto de 1990, e chegou a Portugal em 2017 para representar o Sporting, fruto de uma arrojada iniciativa pessoal. Apesar de não gostar de redes sociais, a criou um perfil no Facebook só para contactar os leões. O clube respondeu e a atleta viajou para Lisboa, mas rápido se mudaria para Leiria onde vive e treina com Paulo Reis e com muitas idas a Fátima. "Sou muito católica e a religião é muito importante para mim. Sempre adorei Portugal por causa de Nossa Senhora de Fátima. Depois, quando o Sporting me contactou, vi a oportunidade de conhecer Portugal e Fátima", confessou ao DN em março de 2020.

À beira de comemorar o 30.º aniversário, a 26 de julho de 2020, foi autorizada a competir Portugal, o que lhe permitiu estar nos Jogos Olímpicos de Tóquio2020, realizados em 2021 por causa da pandemia de covid-19.
Mas voltemos atrás. Auriol começou no andebol e no basquetebol até um professor de Educação Física a desafiar a lançar o peso. Embora inicialmente não tivesse gostado da experiência, tanto a "chatearam" de que "tinha talento para lançar" que a convenceram. E em 2007 dedicou-se ao lançamento do peso e do disco, para depois se fixar apenas no peso.

Em Portugal não demorou a mostrar que aposta tinha sido ganha, com marcas acima dos 17 metros, mas em 2018 ficou grávida e teve de interromper a competição, tendo retomado a atividade no ano seguinte, a tempo de bater por múltiplas vezes o recorde nacional e alcançar as primeiras presenças e títulos em competições continentais e mundiais.

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