Diogo Ribeiro garante presença em Paris 2024 com recorde nacional nos 50 metros livres

"É um sentimento único para mim. Estou muito feliz por ter feito mínimos para os Jogos Olímpicos", assumiu o nadador do Benfica.

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Diogo Ribeiro© Federação Portuguesa de Natação

Diogo Ribeiro tornou-se ontem no primeiro nadador português a garantir o apuramento para os Jogos Olímpicos de Paris 2024. O nadador de 18 anos alcançou esse feito na manhã do primeiro dia das eliminatórias do Campeonato Nacional de Juvenis e Absolutos, que decorre até domingo no Complexo de Piscinas Olímpicas do Funchal, na Madeira.

"É um sentimento único para mim. Estou muito feliz por ter feito mínimos para os Jogos Olímpicos", assumiu Diogo Ribeiro à assessoria de imprensa da Federação Portuguesa de Natação, acrescentando sentir-se "em grande forma" e aliviado pelo objetivo alcançado logo na primeira prova: "Os 50 metros livres não era a prova mais importante para mim, mas era aquela em que sentia menos pressão para atingir os mínimos. Já está despachado."

Ainda com idade de júnior, Diogo Ribeiro estabeleceu a marca de 21,87 segundos, superando a anterior melhor marca que era de Miguel Nascimento (21,90), também nadador do Benfica que, à tarde, acabou por ganhar a final, mas não conseguiu, por apenas um centésimo, o bilhete para Paris 2024. No entanto, os dois nadadores conseguiram mínimos para os Campeonatos do Mundo, que vão realizar-se em Fukuoka, no Japão, entre os dias 14 e 30 de julho.

Um caso de superação

Diogo Ribeiro é atualmente a grande esperança da natação portuguesa, uma vez que enquanto júnior foi três vezes campeão do mundo, tendo ainda batido o recorde mundial nos 50 metros mariposa. Em agosto do ano passado, conquistou ainda uma medalha de bronze nos Campeonatos da Europa absolutos.

O talento do nadador do Benfica podia, no entanto, ter-se perdido quando em julho de 2021 sofreu um grave acidente de moto. Teve hematomas pelo corpo todo, queimaduras nas pernas, deslocou o ombro, fraturou um pé e sofreu ainda uma lesão no peito, para além de ter perdido parte do indicador direito, que depois foi reconstruído. Foram quatro meses de reabilitação, com muito sofrimento e incertezas sobre se poderia voltar a competir.

Não só voltou, como um ano depois sagrou-se campeão do mundo de juniores nos 50 metros mariposa, com recorde mundial batido, nos campeonatos realizados em Lima, no Peru.

O ano de 2021 foi mesmo de mudança para Diogo Ribeiro, que foi contratado para o projeto olímpico do Benfica e foi integrado no Centro de Alto Rendimento do Jamor, onde começou a fazer um trabalho que potenciou ainda mais as suas qualidades. Num trabalho publicado em setembro de 2022 no DN, Tiago Barbosa, eleito melhor investigador do mundo em desportos náuticos pela Expertcase, admitiu que "Diogo é um Phelps mais pequeno", mas sublinhou que "não é justo" comparar o nadador português com o mais medalhado de sempre nos Jogos Olímpicos (28 medalhas). Ainda assim, deixou uma certeza em relação às características de Diogo Ribeiro: "Ele tem um enorme potencial do ponto de vista físico, mas tem algo muito importante do ponto de vista do alto rendimento, que é a maturidade, misturada com uma grande serenidade e motivação, que só se encontram nos grandes nadadores."