"Aeroplano" ainda levantou mas Koeman acabou a rir
No único jogo dos quartos de final que não necessitou de mais de 90 minutos para definir o vencedor, os Países Baixos confirmaram em Berlim o seu favoritismo frente a uma Turquia desfalcada por castigos (o “herói” Demiral, o benfiquista Kökçü e Yüksek ficaram de fora) mas que vendeu cara a derrora por 2-1. Quando era jogador, Vincenzo Montella tinha como alcunha “Aeroplano” pela forma como celebrava os seus golos, e a sua equipa ainda ameaçou levantar voo e chegar às meias mas a aventura de Ronald “Tintin” Koeman não acabou este sábado e os neerlandeses vão mesmo defrontar a Inglaterra em Dortmund na quarta-feira.
A equipa laranja até entrou melhor no magnífico palco da final e logo no primeiro minuto criou uma excelente ocasião para marcar, com Memphis Depay a surgir isolado em posição frontal depois de ganhar um ressalto. No entanto, o remate do dianteiro do Atlético de Madrid saiu para as nuvens e a oportunidade gorou-se. E quem pensava que os Países Baixos iriam ter uma noite tranquila, rapidamente se desenganou: com uma defesa bem povoada mas uma capacidade de aparoveitar os espaços deixados por uma seleção pouco dada a rigores defensivos.
Num jogo de duas equipas que dispensaram de início um “9” tradicional – espécie que parece em vias de extinção, pois mesmo os que existem têm estado bem controlados –, o conjunto de Montella foi fechando os espaços para a sua baliza e saindo sempre que podia. Ganhou um canto aos 21 minutos, outro aos 26 e um terceiro aos 35. E ao terceiro foi mesmo de vez: já tinha marcado assim duas vezes nos oitavos e voltou a fazê-lo neste encontro. A bola foi para o flanco oposto ao do cruzamento inicial, caindo nos pés de Arda Güler, com o jovem do Real Madrid a devolvê-la, de forma açucarada, para o segundo poste, onde o central Akaydyn se impôs nas alturas e cabeceou para o fundo da baliza, deixando a sua equipa com uma vantagem que segurou, sem problemas, até ao descanso.
Koeman não esperou e lançou o poderoso Weghorst, o tal 9 que faltava, para a segunda metade, recuando Depay. Com mais presença na área, os neerlandeses tornaram-se de imediato mais perigosos mas, curiosamente, também chegariam ao empate num pontapé de canto – isto depois da Turquia ter estado perto do segundo em duas ocasiões (num livre de Güler ao poste e num remate de longe que Verbruggen só conseguiu defender para a frente, valendo... Weghorst para safar o lance). Só que De Vrij tinha outros planos e após um cruzamento de Depay, cabeceou para o 1-1 (70'); quase a seguir, um centro rasteiro de Dumfries foi até ao segundo poste, com Gapko e Müldür embrulhados e o defesa turco a desviar a bola para a baliza de Mert (75') no 10º autogolo da prova.
A Turquia ainda esteve perto de levar o jogo para prolongamento com várias hipóteses nos minutos finais mas Verbruggen e alguma infelicidade cortaram as asas ao sonho da equipa voltar a chegar a umas meias-finais como sucedeu no Mundial'2002, em que foi terceira.