Klopp tirou foto com todos os funcionários do Liverpool e com os troféus conquistados em oito épocas.
Klopp tirou foto com todos os funcionários do Liverpool e com os troféus conquistados em oito épocas.Liverpool FC

Adeus Liverpool. A semana intensa de Klopp com churrasco, cartas e lágrimas

Treinador coloca ponto final a oito épocas em Anfield, onde construiu uma relação especial com os adeptos. Além disso, levou o clube à glória com a conquista da Champions e do campeonato que fugia à 30 anos. “É maravilhoso ter passado parte da minha vida aqui”, diz.
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3137 dias e 489 jogos depois, Jürgen Klopp prepara-se para deixar este domingo de ser o treinador do Liverpool, colocando ponto final a oito temporadas em que recolocou o histórico clube inglês na rota dos sucessos. A conquista do título de campeão inglês, 30 anos depois, e logo numa era dominada pelo super Manchester City de Guardiola, foi um marco importante, mas a importância do treinador alemão de 56 anos foi bem maior do que isso para toda uma comunidade que tornou o gigante o clube de Anfield. 

"Eu tento explicar, mas nem eu entendo. As pessoas gostam de nós até ao momento que as dececionamos, mas acho que isso nunca aconteceu. Os últimos meses foram muito intensos, pois recebi tantos emails e cartas, que se responder a todos, estarei aqui até 2028. Cheguei até a chorar ao ler sobre aquilo que o clube significa para algumas pessoas", disse esta sexta-feira, em conferência de imprensa, um sentimental e genuíno Klopp, que não esconde estar a viver "a semana mais intensa" da sua vida.

"Com tantas despedidas, não posso fingir que é uma semana normal. O jogo será normal, sabendo que depois tudo será diferente. Os jogadores despediram-se de mim ontem [quinta-feira] com um churrasco, que foi uma celebração do adeus. Não imagino quantas camisolas autografei na última semana, acho que todos têm uma. Dizer adeus nunca é bonito, mas se o fizermos sem um sentimento de dor significa que o tempo que passamos juntos não foi bom. E eu tive aqui grandes momentos", disse o Klopp, que no domingo tenta alcançar a 298.ª vitória no seu último jogo ao serviço do Liverpool, frente ao Wolverhampton, no seu amado Anfield, o mítico estádio dos reds. "Adoro Anfield, mas adoro mais ainda quando está cheio. É um lugar super especial, por causa das pessoas, são elas o fazem especial", disse, o treinador que além da Premier League, conduziu os reds à conquista da Liga dos Campeões, Mundial de Clubes, Supertaça europeia, Taça de Inglaterra, supertaça inglesa e de duas Taças da Liga.

"Sei que poderíamos ter conquistado mais títulos, mas não posso mudar isso. Quando perdemos o título por um ponto, mostrou que fomos mesmo bons. Sei que as quase vitórias não ficarão nos livros de história, mas nós podemos. Estivemos três vezes na final da Liga dos Campeões, o que foi uma conquista notável. Alguém podia ter feito melhor? Provavelmente. Mas eu não podia. Será o povo a julgar-nos, mas tenho certeza que a maioria pensa que estivemos muito bem", assumiu Jürgen Klopp, que aproveitou o momento para eleger os melhores momentos das oito épocas ao leme do Liverpool. "O melhor futebol que jogamos foi contra o Manchester City esta temporada, nunca conseguimos controlá-los e colocá-los sob pressão como naquele dia", começou por dizer, para de imediato lembrar-se da noite mágica em Anfield, pois claro, nas meias-finais da Liga dos Campeões de 2019. "O desempenho mais espetacular foi com o Barcelona", sublinhou, lembrando a vitória por 4-0, depois da derrota por 3-0 que a equipa sofreu na Catalunha. A este momento, Klopp junta outros momentos individuais como o golo do guarda-redes Alisson Becker com o West Bromwich em 2021, a assistência de Alexander-Arnold no tal jogo com o Barça, uma defesa de Alisson com o Nápoles e o "melhor golo de calcanhar" apontado por Sadio Mané. 

Uma sensação maravilhosa

Uma coisa é certa, Jürgen Klopp nunca esquecerá a ligação ao clube, aos adeptos e à cidade. "À medida que envelhecermos, sentimos que o tempo nos escapa entre os dedos e olhamos para trás e pensamos: aquilo foi fantástico. Foi quase uma década da minha vida, foi algo intenso. Não esquecerei que estive no melhor clube que poderia imaginar, numa cidade muito especial", disse, mostrando-se sensibilizado com a forma como é reconhecido e tratado: "É maravilhoso saber que passei parte da minha vida aqui."

A preparação do último jogo tem sido "um grande desafio" para Klopp, que admite ir viver "um ambiente difícil" diante do Wolves - "a equipa mais azarada que já vi com o VAR" -, pelo que "ninguém pode fingir que é um jogo normal".

O Liverpool fecha a Premier League sabendo que vai ficar em terceiro lugar, sendo que o título se decide na última jornada, com o Manchester City a defender a vantagem de dois pontos em relação ao segundo classificado, o Arsenal. Os tricampeões ingleses precisam de vencer este domingo, em casa, o West Ham, enquanto os gunners recebem o Everton, sabendo que serão campeões com uma vitória, desde que a equipa de Pep Guardiola escorregue.

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