Adeus aos galáticos? Real Madrid não gasta dinheiro em jogadores há 534 dias

A aposta é em jovens e em fazer regressar cedidos. David Alaba foi contratado há dias... mas a custo zero.
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Ganharam o cognome de galáticos pelas transferências mediáticas que envolviam milhões de euros na era Florentino Pérez, numa saga que começou com Luís Figo, em 2000. Desde então, o Real Madrid gastou 2,058 mil milhões de euros em jogadores, mas a tradição parece comprometida. Há 534 dias (leu bem) que os merengues não pagam um euro pela contratação de um futebolista. É certo que o mercado só termina a 31 de agosto, mas, até agora, só David Alaba foi anunciado... e a custo zero, por estar em final de contrato com o Bayern Munique.

A última vez que o clube espanhol pagou por uma contratação foi a 20 de janeiro de 2020, quando desembolsou 30 milhões de euros por Reinier na expectativa de fazer um meio campo de luxo brasileiro, com Vinicius e Rodrygo. Desde então passou pelo mercado de verão e de inverno da época 2020-2021 sem fazer qualquer aquisição a pagar para o plantel. E assim continua.

Na época passada, Zidane fez regressar os emprestados Odegaard (saiu em janeiro), Lunin e Odriozola e foi assim que chegou ao final da temporada. Este ano a política de poupança continua. A austeridade financeira parece ter tomado conta do Bernabéu e a contenção de gastos afetou até a continuidade do capitão Sergio Ramos, que recebia 12 milhões de euros por época e saiu do clube ao fim de 16 anos.

Por influência do português Luís Campos, que está a assessorar o clube neste mercado e que é conhecido pelos seus bons negócios no Mónaco e no Lille, primeiro há que vender para depois fazer um grande investimento. E só se for mesmo uma grande estrela, como Mbappé ou Haaland.

Olhando para a temporada que agora está a começar, as contratações são mais uma vez da casa. Odegaard, Jovic, Ceballos, Bale, Kubo, Brahim e Vallejo estão de regresso, após empréstimos, mas nem todos devem ficar. Para já, o clube apostou na renovação de jogadores que pareciam ter um pé fora do Bernabéu, como é o caso de Lucas Vázquez, Modric e Benzema - Nacho é o próximo.

Esta semana, no regresso aos treinos para a época 2021-2022, a única cara nova foi a do treinador Carlo Ancelotti, que está de volta ao clube que levou à conquista de La Décima Champions em Lisboa, em 2014. Alaba ainda está de férias por causa da participação no Euro 2020 e por isso ainda não se apresentou na Cidade Desportiva do Real.

Além dos efeitos da pandemia, dos mais de 300 milhões de prejuízos, segundo Pérez, e de uma temporada sem títulos, o clube avançou para a renovação do Santiago Bernabéu, num investimento de mais de 500 milhões. Além disso, continua com problemas com as Finanças espanholas. A última dívida é de 3, 2 milhões de euros por impostos de transferências antigas que não foram pagos.

Por isso a ordem do presidente é para colher o que foi semeado. Pérez defende que este é o momento para lucrar com o investimento feito em jovens talentos e tirar rendimento desportivo de Vinicius, Rodrygo, Odegaard, Valverde e companhia. "Temos uma grande equipa, e com muitos jovens, que devem ser valorizados. A defesa nos últimos anos tem sido o Carvajal, que chegou aos 18, o Ramos, com 19, o Varane, com 18, e o Marcelo, com 18. É preciso trazer os jovens, cuidar deles e trabalhar com eles ", disse Florentino há uns dias, sem o glamour dos tempos em que anunciou Figo (2000-2001), Zidane (2001-2002), Ronaldo (2002-2003), Beckham (2003-2004), Cristiano Ronaldo (2009-2010) ou Bale (2013-2014).

No Barcelona as dificuldades financeiras também se fazem sentir, mas a direção não deixa de investir no reforço da equipa. Agüero, Depay, Eric Garcia assinaram a custo zero, e Emerson Royal custou nove milhões de euros. Ou seja, até agora, o Barça gastou no mercado menos 110 milhões do que no verão passado e menos 283 do que em 2019-2020, ano em que contrataram Griezmann por 120 milhões.

A prioridade passa por vender ou emprestar, até devido a um problema. A Liga espanhola obrigou o Barcelona a reduzir a folha salarial para 160 milhões de euros, colocando um problema gigantesco nas mãos do presidente Laporta, que, além de ter como prioridade tentar segurar Messi, tem de baixar os salários em 187 milhões, tendo em conta que o teto salarial blaugrana era de 347 milhões.

O clube precisa de libertar milhões na folha salarial para poder renovar com Lionel Messi, que é nesta altura um jogador livre, e inscrever os reforços Agüero, Depay, Eric Garcia e Emerson Royal. Ainda ontem vendeu Junior Firpo ao Leeds por 15 milhões de euros.

E há uns dias emprestou o português Francisco Trincão ao Wolverhampton. Um de muitos. Umtiti, Pjanic, Neto e Braithwaite são os próximos e nem Lenglet, Dembélé ou Griezmann estão a salvo - o francês já é dado como reforço do Manchester United.

Políticas diferentes dos dois colossos espanhóis, numa época onde vão tentar recuperar o título perdido para o Atlético.

isaura.almeida@dn.pt

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