Acusação do MP reforça processo para expulsar Vieira de sócio do Benfica
A acusação do Ministério Público a Luís Filipe Vieira no âmbito do processo dos emails será, ao que tudo indica, mais um reforço para o processo disciplinar que poderá conduzir à sua expulsão de sócio do Benfica. Essa é, pelo menos, a convicção do movimento ‘Servir o Benfica’ que, através de Guilherme Fontes, assume que “esta acusação do Ministério Público torna ainda mais urgente que sejam anunciadas as conclusões do processo disciplinar” que já estará a decorrer. Já João Diogo Manteigas, candidato às eleições de 2025, considera que devem ser abertos processos disciplinares sempre que existirem acusações judiciais.
Na última Assembleia Geral do Benfica, que se realizou 27 de setembro, o presidente da direção, Rui Costa, respondeu precisamente a Guilherme Fontes que o questionou sobre o estado do processo. “Em breve os sócios saberão a resolução. Em breve iremos tomar a decisão e informaremos os sócios”, respondeu na altura o líder dos encarnados.
Este processo disciplinar, que poderá conduzir à destituição Vieira da condição de sócio do Benfica, foi desencadeado por uma queixa do movimento ‘Servir o Benfica’ por uma agressão de Luís Filipe Vieira ao associado Miguel Gaspar na Assembleia Geral de 27 de setembro de 2019, uma situação que foi comprovada em ata, lida pelo ex-presidente da mesa da AG, Fernando Seara, na última reunião magna. Nela é referido que Vieira apertou o pescoço a um associado que pedia mais transparência ao trabalho da sua direção.
João Diogo Manteigas, advogado especialista em direito desportivo e candidato às eleições do Benfica do próximo ano, disse aoDN que não está certo que esse processo foi aberto, apesar daquilo que disse Rui Costa. “Apenas posso dizer que foram validadas na Assembleia Geral de 15 de junho as atas que estavam em falta, sendo que uma delas atesta que houve uma agressão”, adiantou, explicando que “a partir desse momento que foi aprovada a ata devia ter sido desencadeado o processo disciplinar”.
Depois de lembrar que Luís Filipe Vieira ainda não foi condenado, João Diogo Manteigas defende que “devem haver processos disciplinares com diferentes imputações: sobre a agressão, sobre a operação cartão vermelho, sobre o processo dos emails, mas também aqueles que é arguido”. Ou seja, “deve abrir-se um processo sempre haja uma imputação, sendo que depois ficam em suspenso até haver uma decisão judicial”. Ainda assim, lembrou que “o Benfica tem autonomia”, razão pela qual “pode não querer esperar pelo final do processo judicial para tomar uma decisão.”
Refira-se que no caso dos emails, o Ministério Público imputou ao ex-presidente do Benfica a prática dos crimes de corrupção ativa, oferta ou recebimento indevido de vantagem e fraude fiscal qualificada por factos ocorridos entre 2016 e 2019, período em que exercia as funções de presidente do clube e da SAD encarnada.
“Não resta outra alternativa que não seja a expulsão”
Ao DN, Guilherme Fontes apela “à direção do Benfica que divulgue as conclusões do processo disciplinar e que depois que seja dada a palavra aos sócios para que possam decidir qual a sanção disciplinar a aplicar, de acordo com o artigo 29 dos estatutos”, assumindo que “não resta outra alternativa que não seja a expulsão”. “É certo que a agressão foi o motivo inicial do processo, mas a auditoria forense à gestão de Luís Filipe Vieira revelou algumas situações que não são claras”, argumenta Guilherme Fontes, reforçando a ideia de que a direção liderada por Rui Costa “tem agora uma oportunidade de ouro de revelar as conclusões do processo disciplinar” no seguimento destas novas acusações no caso dos emails, pelas quais a SAD do Benfica também está acusada.
Este membro do movimento ‘Servir o Benfica’ considera ser essencial que a direção “faça a defesa do clube” e nesse âmbito recordou que pode requerer a abertura de instrução do processo… “Esperamos que o faça”, sublinhou Guilherme Fontes, reforçando o desejo de que “os sócios sejam esclarecidos de forma clara sobre aquilo em que se consubstancia esta acusação” e ainda sobre “quais as consequências que dela podem resultar”. Mas foi ainda mais longe: “Uma vez que vários dos dirigentes da atual direção estavam na anterior, eles têm de garantir que nada do que está na acusação corresponde à verdade, para que todos os benfiquistas possam ficar descansados.”