Portugal teve pressa para chegar aos quartos na noite de sonho de Ramos

Uma noite perfeita garantiu à seleção uma goleada de 6-1 sobre a Suíça. Segue-se o encontro com Marrocos para decidir um lugar nas meias-finais. O avançado do Benfica rendeu Ronaldo, que começou no banco, marcou três golos, fez uma assistência e foi o herói.

Noite de sonho, goleada histórica e exibição de gala. Assim se resume a vitória expressiva de Portugal, esta terça-feira, sobre a Suíça por impensáveis 6-1. A seleção nacional marcou assim lugar nos quartos-de-final do Mundial 2022, onde vai medir forças com Marrocos, que antes tinha mandado a Espanha para casa.

Foi tudo menos uma semana fácil para a equipa das quinas, com uma derrota com a Coreia do Sul e, sobretudo, com o desabafo de Cristiano Ronaldo que, ao ser substituído nessa partida, disse que o selecionador estava com pressa de tirá-lo de campo. Pois bem, Fernando Santos marcou uma posição forte ao deixar CR7 no banco de suplentes, embora tendo garantido na entrevista rápida antes da partida que não era um castigo, mas sim uma opção estratégica que já estava a ser preparada.

E se assim foi, melhor resultou, pois Gonçalo Ramos deu ao ataque português a mobilidade e a capacidade de pressão que Ronaldo não conseguiu dar nos jogos da fase de grupos. O avançado do Benfica acabou por ser o ás de trunfo da equipa das quinas, pois correu a toda a largura do ataque e libertou João Félix, que aproveitou o espaço para exibir toda a sua gama de recursos técnicos e visão de jogo.

Mas não se pense que as mudanças feitas por Fernando Santos deram resultados imediatos. Nada disso. Até porque os primeiros quinze minutos foram bastante difíceis para a equipa das quinas, sobretudo no início da construção a partir do guarda-redes, uma vez que o posicionamento de Shaqiri, junto ao avançado Embolo - tinha jogado encostado à direita nos outros jogos -, bloqueava o jogo português. Um problema que foi resolvido com o recuo de um jogador para junto dos centrais, quase sempre William ou Otávio.

O jogo estava num ritmo morno até que, aos 17 minutos, na sequência de um lançamento lateral, João Félix assistiu Gonçalo Ramos que atirou uma bomba ao ângulo da baliza de Sommer. Estava aberto o marcador e logo pelo jogador que rendeu Ronaldo no ataque. Fernando Santos não podia pedir melhor, afinal a sua estratégia resultava e Portugal revelava... pressa em chegar aos quartos-de-final.

O avançado do Benfica era um autêntico pivot do ataque português e nos minutos que se seguiram ofereceu um remate a Otávio que Sommer defendeu e depois ele próprio rematou de longe para o guarda-redes suíço. A vantagem teve o condão de dar confiança à equipa, que passou a ter os jogadores mais juntos, impedindo a Suíça de ligar o seu jogo ofensivo. Aliás, foram várias as vezes que Xhaka e companhia tentaram lançar o ataque, mas os passes perderam-se na defesa portuguesa. A primeira intervenção de Diogo Costa foi a parar um livre perigoso de Shaqiri, mas depressa Portugal voltou a dar um golpe no jogo. Na sequência de um canto cobrado por Bruno Fernandes, Pepe entrou com tudo a cabecear para o 2-0. A festa era portuguesa e até poderia ter sido maior, depois de um susto resolvido por Dalot, quando Ramos, mais uma vez lançado por Félix, obrigou a uma defesa com a ponta dos dedos.

Melhor só em 1966 e 2006

O intervalo chegou com uma vantagem confortável, mas convinha não esquecer que no Euro 2020, a Suíça tinha estado a perder por 3-1 com a França e acabou por vencer no desempate por penáltis.

Só que, se dúvidas ainda existissem sobre o apuramento de Portugal elas ficaram dissipadas aos 51 minutos quando Gonçalo Ramos fez o terceiro golo, a passe de Diogo Dalot, que ganhou definitivamente o lugar a João Cancelo na direita.

Tudo saía bem a Portugal e a Ramos, que assistiu logo a seguir para o golo de Raphaël Guerreiro e, já depois de Akanji ter reduzido o marcador - falha na marcação na sequência de um canto -, completou o seu hat-trick , o primeiro deste Mundial 2022. Aliás, o avançado de 21 anos tornou-se o mais jovem jogador a fazer três golos na fase a eliminar de um Campeonato do Mundo, depois de Pelé, em 1958.

Nas bancadas do estádio Lusail Iconic, começava a ouvir-se gritar pelo nome de Ronaldo, afinal muitos dos espectadores estavam ali para ver a estrela portuguesa. Fernando Santos fez-lhes a vontade aos 73 minutos e, pouco depois, CR7 até marcou, mas estava em posição de fora de jogo. A festa só ficou completa já em período de tempo extra quando Rafael Leão assinou um belo golo e fechava o marcador em 6-1, para desespero dos suíços que não acreditavam no descalabro em que caíram.

A seleção nacional carimbou com distinção o apuramento para os quartos-de-final, fase que só atingiu nos Mundiais de 1966 e 2006, nos quais ficou em terceiro e quarto lugar, respetivamente. A fasquia está alta, mas vencer Marrocos no próximo sábado (15.00 horas) é o próximo objetivo, numa partida em que o favoritismo é português.

Uma palavra para o facto de Fernando Santos deixar Ronaldo no banco de suplentes. Não deve ter sido uma decisão fácil, mas terá sido uma das mais acertadas que tomou desde que é selecionador. Afinal, aos 37 anos, CR7 atravessa uma fase de menor fulgor, em que são demasiadas as polémicas em seu redor. Além disso, deve ter ganho o respeito do grupo, afinal não há intocáveis.

Apesar ficar no banco, o capitão mostrou estar empenhado a apoiar os seus companheiros e foi dos primeiros a celebrar a vitória. Agora, cabe a Santos decidir se manterá o avançado no banco.

Homem do jogo: Gonçalo Ramos

Foi a aposta de Fernando Santos para render Ronaldo e o avançado do Benfica não podia ter respondido da melhor forma. Marcou três golos - algo que só Eusébio, Pauleta e CR7 tinham conseguido m Mundiais - e ainda fez uma assistência para Guerreiro marcar. Além dos números, Ramos deu uma grande mobilidade ao ataque português e um excelente entendimento com João Félix.

carlos.nogueira@dn.pt

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