A outra guerra de Zozulya. Com dois clubes e sem jogar apela à diplomacia
Roman Zozulya é o assunto de momento no meio desportivo espanhol. O jogador ucraniano foi emprestado pelo Bétis ao Rayo Vallecano no último dia do mercado, mas devolvido horas depois por alegadas ligações neonazis. Zozulya reconheceu ter colaborado com o exército da Ucrânia com a intenção de defender o seu país, mas garantiu não ser apoiante nem estar ligado a qualquer movimento de apoio a um grupo paramilitar ou neonazi. As explicações de nada lhe valeram face às fotografias de arma em punho e ao lado de separatistas que começaram a circular nas redes sociais.
O caso já ultrapassou as fronteiras do futebol e foi preciso recorrer a alguma diplomacia para tentar resolver a questão do jogador, que embora tenha contrato com o clube de Sevilha até 2019 está cedido ao Rayo, mas não joga nem por um nem por outro. Ontem, Javier Tebas, presidente da Liga espanhola, reuniu-se com o embaixador da Ucrânia, Anatoliy Scherba, para debater o caso do jogador e ambos concordaram que o governo espanhol deve apoiar o futebolista, pois este tem o direito de trabalhar. Mas da teoria à prática ainda vai uma grande distância...
"É praticamente impossível que Roman jogue pelo Rayo. Ele sente-se ameaçado, e o que vimos no estádio de Vallecas mostra isso. Teremos outras reuniões para ver como definir a questão", disse José Lorenzo, agente do jogador, após os protestos dos adeptos do Rayo Vallecano. "Vallecas não é um lugar para os nazis", lia-se numa faixa colocada ao longo do relvado de treino. E à entrada do estádio colocaram-se cartazes a dizer "Not welcome" (não és bem-vindo).
O caso começou no último dia do mercado de inverno, a 31 de janeiro, quando Zozulya foi emprestado ao Rayo Vallecano pelo Bétis. A meio da tarde a transferência, então oficializada, foi desmentida... até que saiu a lista final dos inscritos na liga espanhola e nela constava o nome do jogador. No entanto, na manhã de dia 1, o acordo entre os dois clubes foi anulado na sequência de manifestações dos adeptos de Vallecas que questionavam o alegado passado nazi do jogador de 27 anos.
Zozulya voltou a Sevilha, onde permanece de folgas forçadas até que todas as partes envolvidas garantam a segurança do atleta e ele possa exercer a sua atividade profissional... no Rayo, clube em que já está inscrito, ou fica sem jogar, pois, além do Rayo, no início da época esteve inscrito pelo Dnipro, da Ucrânia. "Estou muito afetado, realmente em baixo mas, sobretudo, estou muito preocupado por mim e pela minha família. Sou pai de família e realmente estou muito preocupado por causa da minha mulher e dos meus filhos", disse o internacional ucraniano, recusando voltar a Vallecas para já.
Por isso, o futuro do ucraniano é incerto, uma vez que o empréstimo ao Rayo Vallecano (onde joga o português Zé Castro) aconteceu antes do fecho do mercado de transferências, o que não lhe permite jogar pelo Bétis ou por qualquer outro clube europeu antes da abertura do mercado de verão.
O clube sevilhano, dono do passe até 2019, lamentou que ele tivesse sido "impedido de desenvolver a sua atividade profissional", realçando "o comportamento exemplar desde que chegou ao clube" e manifestando "total apoio" ao futebolista e à sua família "num momento tremendamente difícil".