13 dezembro 2015 às 00h51

A moda do padel em Portugal já produziu campeãs europeias

Seleção Nacional feminina conquistou o primeiro grande título internacional do nosso país numa modalidade que tem tido um notório crescimento nos últimos anos.

André Cruz Martins

O padel está na moda em Portugal e o título europeu alcançado pela seleção nacional feminina no dia 5 deste mês, em Rijswijk (Holanda), poderá ser mais um incentivo para o desenvolvimento de uma modalidade praticada por cerca de dez mil pessoas no nosso país, em 200 campos espalhados pelo território nacional.

Foram sete as jogadoras que alcançaram este primeiro grande triunfo internacional do padel luso. Entre elas está Tânia Couto, 43 anos e antiga campeã nacional de ténis, que não tem pejo em reconhecer que a ausência da poderosíssima Espanha foi um fator essencial para o triunfo português. "Elas eram sem dúvida as favoritas, pois todas as suas jogadores são profissionais e na nossa equipa só temos uma atleta que reúne esse requisito. Mas, como Espanha não estava, assumimos nós o favoritismo e felizmente confirmámos as expectativas, mostrando que éramos claramente superiores, vencendo todos os encontros por 3-0", começa por referir ao DN, numa reportagem que juntou seis das nossas campeãs, em Lisboa. Só faltou mesmo Ana Catarina Nogueira, 33 anos e antiga tricampeã nacional de ténis, que vive no Porto e que falou por telefone ao nosso jornal.

Tânia Couto, que também dá aulas de padel - além de ser comentadora de ténis da Sport TV e de ter a sua própria marca de ourivesaria, desenhada por si própria -, constata a suprema ironia de ter alcançado o seu maior título numa modalidade que, há poucos anos, nunca sonharia praticar. "Depois de anos e anos passados em courts de ténis, acabo por ser campeã europeia neste desporto, 20 anos depois de ter deixado o ténis. É curioso!", atira.

Tânia Couto mostra-se agradada com a notoriedade do padel e realça a enorme adesão feminina, explicando-a com o facto de "ser um desporto que tem uma importante componente social e que é bastante fácil de se aprender, pois não é exigente em termos técnicos, isto se falarmos em brincar ao padel, porque para jogar a sério já é mais complicado, como qualquer outro desporto". A grande dificuldade, explica, "é o tamanho pequeno da raqueta, quando comparado com o tamanho da bola".

Ana Catarina Nogueira é a única profissional da seleção, competindo no importante circuito catalão, onde atuam atletas espanholas e competidoras de diversos países do top mundial. Nesta competição, bem como em todas as provas em que tem entrado, a sua parceira é a espanhola Sandra Hernández, com quem forma a décima melhor dupla do ranking mundial. O grande objetivo de ambas é participar nos Masters já em 2016, privilégio reservado para as seis melhores duplas mundiais. "Quero muito dar esse salto, pois por agora não consigo viver do padel. Os meus proventos vêm das aulas que dou da modalidade e do patrocínio de algumas marcas", refere.

As potências Espanha e Argentina

Filipa Mendonça, 25 anos, pratica padel desde 2012. O DN questionou-a sobre se já sonha ser campeã do mundo, mas ela prefere manter os pés bem assentes na terra. "A Espanha e a Argentina são as potências do padel a nível mundial, encontrando-se a uma distância muito grande das outras seleções. É certo que temos evoluído imenso nos últimos anos, mas temos de caminhar muito para almejarmos um lugar mais cimeiro", reconhece, destacando "a facilidade da aprendizagem e o facto de não existir separação por idade" para explicar o sucesso do padel.

Filipa Caldeira, 43 anos, antiga jogadora de ténis, explica o título europeu "pela elevada concentração de todas as atletas, que jogaram ao mais alto nível". Completamente afastada dos seus horizontes está a profissionalização na modalidade, até porque tem uma agência de marketing digital de sucesso, que lhe ocupa grande parte do tempo.

Joana Brites, 18 anos, é a mais nova do grupo, sendo carinhosamente apelidada de "bebé". "Comecei a jogar em abril, mas aprendi rapidamente, pois já jogava ténis. O meu objetivo, para já, não é ser profissional, porque estou no 1.º ano do curso de Medicina, que me exige muito trabalho. Se já sonho com o título de campeã do Mundo? Vamos trabalhar para isso, mas a Espanha e a Argentina são de outro nível...", sublinha.

Falando de preços, Cátia Rodrigues, 34 anos, ex-jogadora de alta competição de ténis, dá alguns conselhos a quem deseja experimentar a modalidade. "Há raquetas muito baratas, à volta dos 20 euros, para quem quiser levar isto na brincadeira. Num nível intermédio, gasta-se uns cem euros e os semiprofissionais ou profissionais já podem gastar 300 euros", diz.

O padel domina a vida de Helena Medeiros desde há três anos, como jogadora, coordenadora e professora. "É um desporto de fácil aprendizagem, que permite o convívio e que agrada a pessoas dos 8 aos 80, de ambos os sexos. Todos deviam experimentar...", realça.