A ministra das Finanças que é um ás no xadrez

Dana Reizniece-Ozola não é apenas ministra das Finanças da Letónia. É também uma exímia praticante de xadrez e a principal prova disso foi ter vencido segunda-feira a campeã mundial da modalidade, a chinesa Yifán Hou
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A homóloga letã do ministro das Finanças de Portugal, Mário Centeno, está a ser notícia e não é pelas suas políticas ou por qualquer decisão estruturante. Nada disso.

Dana Reizniece-Ozola, que já foi ministra da Economia e agora é ministra das Finanças da Letónia, venceu, na última segunda-feira a campeã mundial em título, a chinesa Yifán Hou nas Olimpíadas de Xadrez que se estão a realizar em Baku, no Azerbaijão - o que serviu de pouco, pois a seleção letã foi eliminada pela formação asiática.

Dana é assim uma espécie de política fora da caixa, pois sagrou-se tetracampeã nacional feminina e ainda foi medalha de ouro em dois Europeus na categoria de juvenil, em 1988 e 1989.

E não tem dúvidas em dizer que aplica na sua vida de governante muito do que aprendeu (e continua a aprender) com o xadrez. Em especial a capacidade de organização e o sentido de liderança. Isso também foi providencial para ser uma boa aluna, isto apesar do muito tempo despendido com o xadrez. "Fui jogadora desde pequenina e isso obrigava-me a viajar muito. Quando regressava à escola tinha de trabalhar duas ou três vezes mais rápido que os outros para recuperar. O desporto de elite ensina-nos a aproveitar ao máximo o tempo disponível e a trabalhar arduamente", revelou ao jornal espanhol El País.

[destaque:A governante confessa que o xadrez beneficia a sua imagem]

Aos 34 anos e mãe de quatro filhos, Dana tem agora um objetivo a cumprir, muito embora tal não dependa apenas do seu desejo: "Gostava que a Letónia seguisse o exemplo espanhol, que em 2015 decidiu, em parlamento e por unanimidade, apoiar a integração do xadrez no programa escolar. Eu ainda não consegui convencer os meus compatriotas, mas espero conseguir porque, a meu ver, a introdução do xadrez no horário escolar pode garantir uma melhor educação para as novas gerações."

E não tem qualquer problema em assumir que esta faceta de xadrezista tem sido benéfica para a sua imagem como política: "O xadrez pode ser útil em várias áreas porque estrutura muito bem o cérebro. Na política, o xadrez ajuda-nos a tomar decisões, a antecipar cenários e também a ter fair play, porque no xadrez não podemos enganar-nos ou enganar os outros. E eu ser uma mulher no xadrez é positivo de duas formas: tanto a política como o xadrez são mundos dominados pelos homens. Por eu ser xadrezista colocam-me o rótulo de mulher inteligente e isso, não o posso esconder, beneficia-me bastante."

Dana assume que na seleção é "uma líder nata" com necessidade "de mandar" e revela que por vezes precisa de se ausentar do seu ministério para competir com a sua equipa. E isso, esclarece, recarrega "as baterias".

Nada de preocupante, pois a Letónia é uma das economias mais sólidas da zona euro.

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