A força das "remontadas" do Real Madrid contra a felicidade de Guardiola no Bernabéu
O Manchester City visita esta quarta-feira à noite a casa merengue com uma vantagem de 4-3. Contudo, do outro lado, os novos campeões espanhóis apostam nas famosas noites europeias mágicas para alcançarem a 17.ª final da sua história.
Real Madrid e Manchester City têm esta quarta-feira (20.00 horas, TVI) o duelo decisivo para alcançar a final da Liga dos Campeões, marcada para Paris. Os campeões ingleses vão entrar no Estádio Santiago Bernabéu com uma vantagem de 4-3, alcançada na semana passada, mas agora vão ser colocados à prova frente a um adversário que costuma aproveitar as noites europeias para feitos (quase) impossíveis, conhecidos como remontadas.
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Para já, Pep Guardiola, treinador dos citizens, é imune a essas noites mágicas de Madrid nas provas da UEFA, afinal nunca uma das suas equipas viu os merengues virar uma eliminatória... e foram três disputadas. Contudo, esta época, a equipa orientada por Carlo Ancelotti já deu a volta ao Paris Saint-Germain e, na ronda anterior, foi buscar uma eliminatória que esteva perdida frente ao Chelsea, no prolongamento. São incontáveis as remontadas históricas do Real Madrid, das quais o exemplo mais incrível foi na noite de 11 de dezembro de 1984: os espanhóis tinham sido goleados por 5-1 na Alemanha pelo Borussia Mönchengladbach, mas no Bernabéu fez-se magia com um 4-0 que manteve a equipa rota da conquista da Taça UEFA.
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Desta vez, a tarefa não é tão difícil, afinal há só um golo para recuperar, mas o Real Madrid vai entrar em campo apenas quatro dias depois de festejar a conquista do título espanhol, que meteu desfile pelas ruas da capital com tudo aquilo que um campeão tem direito. Para Ancelotti, era "impensável" não festejar por causa da Champions. E em plena praça Cibeles, o treinador italiano finalizou o seu discurso aos adeptos com um: "Venha o City, quarta-feira lá estaremos."
Ontem, menos eufórico, Ancelotti, que no sábado se tornou no primeiro treinador a ser campeão nas cinco principais ligas europeias (por AC Milan, Bayern Munique, Chelsea, PSG e Real Madrid), assumiu a vontade de "correr riscos" porque só assim será possível chegar à final pela 17.ª vez e, consequentemente, ao 14.º título de campeão europeu. O treinador fez questão de fundamentar o seu otimismo: "Nestes jogos temos marcado muitos golos - três com o PSG, cinco diante do Chelsea, três ao City - o que diz bem da nossa qualidade."
Do alto dos seus 62 anos e da sua vasta experiência como jogador e treinador, Ancelotti - vencedor de duas Champions como jogador e três como treinador - avisou que "não se chega a uma final apenas com o coração". "A personalidade é importante, mas é preciso qualidade individual e compromisso coletivo. Tudo isso é necessário para chegar à final", argumentou o técnico italiano que, numa entrevista à Amazon Prime Video, previu o dia em que vai deixar o futebol: "Depois do Real Madrid, provavelmente paro, mas se me mantiverem aqui durante dez anos, treinarei durante dez anos."
Jogo da época para o City
Curiosamente, quem está habituado a vencer no Santiago Bernabéu é Guardiola, pois em nove jogos que ali fez como treinador venceu seis, empatou dois e apenas perdeu um (em 2014 pelo Bayern Munique) e já em 2020 ali triunfou (2-1) no comando do Manchester City. Quando treinava o Barcelona foi sempre feliz naquele palco mítico e foi o próprio Barça que há pouco mais de cinco semanas mostrou como se vence na casa merengue e logo por 4-0. Contudo, Guardiola diz que essa partida não serviu de inspiração: "Não vi esse jogo por inteiro, nem estive a analisar os detalhes. Acho que não nos iria ajudar."
Para o Manchester City - que contará com os portugueses Rúben Dias, João Cancelo e Bernardo Silva - este é jogo da época, afinal ainda procura vencer a primeira Champions da sua história, depois de perdida a final da época passada. "Estamos num bom momento. Podem criticar-nos por não termos conquistado a Liga dos Campeões, mas sempre estivemos na luta para a vencer. A nossa regularidade tem sido incrível e este jogo é mais um passo para o objetivo", assumiu o treinador dos citizens, que aproveitou a oportunidade para elogiar Ancelotti: "Admiro a sua trajetória como jogador e treinador. Esteve nos grandes países do futebol, treinou equipes incríveis e obteve resultados com muito bom futebol. É uma pessoa excecional."
No frente a frente entre Ancelotti e Guardiola só um poderá vencer, mas o espetáculo será, por certo, garantido.
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