500 milhões. O contrato das Arábias que seduz Ronaldo

Capitão da seleção nacional deverá ceder aos petrodólares e assinar um contrato válido por duas épocas e meia com o Al Nassr, um dos mais populares e titulados clubes da Arábia Saudita, onde jogam o ex-benfiquista Talisca e o ex-portista Aboubakar. O contrato é um dos maiores da história do futebol.

Completamente focado no Mundial, mas a tratar do futuro. O próximo destino de Cristiano Ronaldo pode passar pelo Al Nassr, da Arábia Saudita, onde o avançado português tem à sua espera um contrato válido por duas épocas e meia a troco de um salário milionário: cerca de 200 milhões de euros/época, ou seja, uma transferência que no total renderia ao craque português 500 milhões de euros. A notícia foi avançada ontem pelo jornal Marca, que garante que o negócio está bem encaminhado.

Sem clube, depois da desvinculação com o Manchester United, e aos 37 anos, CR7 parece disposto a trocar a competitividade europeia num clube com projeção pela vertente económica, pois em causa está um dos maiores contratos de sempre da história do futebol.

Refira-se que os 200 milhões de euros por cada temporada incluem já salários e acordos publicitários. Só para se ter uma noção, o contrato que CR7 assinou com o Manchester United valia-lhe cerca de 40 milhões de euros/época em salários. Caso aceite a proposta das Arábias, CR7 ficaria ainda na posse dos direitos de imagem que possui a título individual, casos da marca CR7 e contrato com a Nike.

Atualmente, o jogador mais bem pago do futebol mundial é Kylian Mbappé, que após ter renovado contrato com o PSG, em maio, passou a auferir cerca de 80 milhões euros/ano limpos de impostos, verba que, contudo, não inclui acordos publicitários.

O contrato que os sauditas oferecem a CR7 está ao mesmo nível do que Messi tinha com o Barcelona, e que levou à ruína das contas do clube, num processo que conduziu à sua saída para o PSG. Em 2017, o argentino renovou com os catalães até 2021 a troco de 555 milhões de euros, uma verba que incluía, além dos salários, um prémio de assinatura, de fidelidade, entre outros itens, conforme revelado na altura pelo jornal El Mundo.

De acordo com a Marca, a decisão de Ronaldo deve-se à questão económica e ao facto de não ter recebido propostas de clubes de topo europeu com assento na Champions. Além disso, nenhuma equipa europeia teria condições financeiras (nem de perto, nem de longe) para se aproximar dos valores oferecidos pelo emblema saudita. O mesmo sucedendo com as equipas norte-americanas, onde David Beckham nunca escondeu o seu desejo de ter CR7 e Messi juntos no seu Inter Miami.

Recentemente, Abdulaziz bin Turki Al-Faisal, príncipe e ministro do Desporto saudita, não escondeu a sua vontade de ver o português naquele país do Médio Oriente. "Quem é que não o queria a jogar na sua Liga? É um exemplo para vários jogadores jovens, também o Messi. Adorava ver os dois na Liga saudita. A chegada de jogadores de topo à Liga saudita vai reforçar os nossos programas e reforçar a mensagem de que a nossa Liga é forte", afirmou à Sky News.

Apesar de uma proposta desta dimensão mexer com qualquer um, o capitão português mantém-se completamente focado no Mundial. Ontem realizou treino específico de recuperação no ginásio, não trabalhando com os restantes colegas no ginásio. Mas a sua presença amanhã frente à Coreia do Sul (15.00, SIC) não está em causa.

Rivalidade e dono excêntrico

O futebol na Arábia Saudita está numa fase de crescimento, como o comprovam o número de atletas com nome e currículo que aceitaram ali jogar nos últimos anos. Mas Ronaldo seria a maior contratação de sempre, um jogador capaz de dar um novo impulso mediático.

O Al Nassr, sediado na cidade de Riade, é atualmente treinado pelo francês Rudi Garia (já orientou clubes como o Lille, AS Roma, Marselha e Lyon), e conta no plantel com jogadores como o guarda-redes colombiano Ospina, o antigo internacional brasileiro Luiz Gustavo, Talisca, ex-Benfica, e o avançado camaronês Aboubakar, antigo jogador do FC Porto.

Segundo classificado na época passada, atualmente, e cumpridas apenas oito jornadas do campeonato, ocupa a segunda posição, a três pontos do líder Al-Shabab. Na época passada chegou a ter como treinador o português Rui Vitória, que acabou despedido devido aos maus resultados. E antes, em 2021, foi também orientado por Pedro Emanuel, que durou pouco mais de um mês.

O Al Nassr é o segundo clube saudita com mais títulos de campeão, com um total de nove (o último em 2019), atrás do Al Hilal, que levantou o troféu 17 vezes. É precisamente este domínio que os responsáveis do Al Nassr querem terminar com a contratação de CR7.

A rivalidade entre o Al Hilal e o Al Nassr é tanta que, em 2014, na final da Liga dos Campeões da AFC, contra o Western Sydney Wanderers, os adeptos foram esperar os australianos ao aeroporto para os estimular a vencer o rival da mesma cidade.

Os donos do clube, um fundo de investimento saudita liderado por Mohammad Bin Salman, príncipe herdeiro do país, são igualmente proprietários do Newcastle, da Premier League, clube que curiosamente também foi apontado recentemente a Ronaldo.

Salman é também vice-primeiro ministro e ministro da Defesa da Arábia Saudita, conhecido pelas suas excentricidades milionárias - em 2015 comprou o Castelo Luís XIV, a propriedade privada mais cara do mundo, perto de Paris, por 275 milhões de euros, e deu 390 milhões por um quadro de Da Vinci.

Mas é também acusado de vários atropelos aos direitos humanos, como por exemplo em 2018, quando foi implicado no assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, que morreu na embaixada da Arábia Saudita em Istambul, e que era um crítico das políticas da família real árabe.

nuno.fernandes@dn.pt

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