Máscaras de Fernanda Torres tiveram protagonismo no Carnaval do Rio de Janeiro.
Máscaras de Fernanda Torres tiveram protagonismo no Carnaval do Rio de Janeiro.ANTONIO LACERDA/EPA

Vitória de 'Ainda Estou Aqui' leva brasileiros ao êxtase em pleno Carnaval

Com "clima de Mundial", de acordo com imprensa local, cerimónia de Los Angeles fez o país parar os festejos para acompanhar momento histórico.
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A primeira estatueta para um filme brasileiro nos Óscares alcançada na noite deste domingo (2), com a premiação de Ainda Estou Aqui como Melhor Filme Internacional, não poderia ocorrer em momento melhor para os brasileiros. Em pleno Carnaval, o momento foi vivido com euforia nas mais diferentes partes do país, com expectativa e celebração que remontaram a um "clima de Mundial", como referiram os meios de comunicação brasileiros.

Nos chamados "bloquinhos" de Carnaval - desfiles festivos que ocorrem ao redor das cidades - as fantasias mais utilizadas ao redor do dia faziam referência aos Óscares. Houve quem se transformasse em estatueta, mas as mais populares máscaras exibiam o rosto de Fernanda Torres, que interpreta Eunice Paiva, a protagonista da longa realizada por Walter Salles e que acabou superada por Mikey Madison (Anora) no prémio de Melhor Atriz.

Num dos mais famosos do Brasil, o Carnaval de Salvador da Bahia, o Pelourinho, no centro histórico da cidade, levou o festejo a outro patamar com a cerimónia. Um telão foi implementado no palco e houve uma pausa na programação musical da festa para o público presente poder acompanhar a premiação. O resultado foi registado pela Ministra da Cultura Margareth Menezes, que estava presente na celebração.

A euforia repetiu-se em outras cidades. No Sambódromo do Rio de Janeiro, na Avenida Sapucaí, houve também uma pausa nos festejos carnavalescos para a notícia tão esperada. Com a presença de atores que fizeram parte da película de Salles, como Humberto Carrão, Olivia Torres e Guilherme Silveira, o desfile foi interrompido pelo locutor para anunciar a vitória brasileira.

Já em São Paulo, a notícia foi recebida com festa também no condomínio São Paulo Inn, no bairro da Vila Madalena. É ali que reside Marcelo Rubens Paiva, autor do livro autobiográfico Ainda Estou Aqui, publicado em 2015 e que ganhou a adaptação premiada através da obra de Salles. Os vizinhos aglomeraram-se no restaurante do edifício para acompanhar a premiação: "Hora de homenagear o nosso vizinho amigo e a Dona Eunice!", lê-se num grupo das redes sociais dos residentes dos prédios do condomínio.

Máscaras de Fernanda Torres tiveram protagonismo no Carnaval do Rio de Janeiro.
A história que deu origem ao filme 'Ainda Estou Aqui'

A vitória de Ainda Estou Aqui representa o primeiro Óscar da história do Brasil, na quinta indicação. Antes, o país já havia concorrido com O Pagador de Promessas (1963), O Quatrilho (1996), O Que É Isso, Companheiro? (1998) e Central do Brasil (1999), também realizado por Walter Salles.

Para muitos brasileiros, a vitória neste ano representa uma espécie de reparação histórica face à derrota de Central do Brasil em 1999. Com interpretação de Fernanda Montenegro, mãe de Fernanda Torres e também participante de Ainda Estou Aqui, a longa naquele ano acabou por ficar sem a estatueta, vencida por A Vida é Bela.

Já Montenegro foi superada por Gwyneth Paltrow, vencedora na categoria melhor atriz por seu papel em Shakespeare Apaixonado. Mesmo sem a vitória de Torres na noite deste domingo, o sentimento no Brasil, em pleno Carnaval, não poderia ser outro que não de festa com o feito histórico atingido por Ainda Estou Aqui, filme já visto por mais de cinco milhões de pessoas no Brasil e o mais assistido desde a sua estreia em Portugal.

nuno.tibirica@dn.pt

Máscaras de Fernanda Torres tiveram protagonismo no Carnaval do Rio de Janeiro.
"Ainda Estou Aqui" vence primeiro Óscar de sempre do Brasil. "É cultura do Brasil que está a ser reconhecida"

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