A conceituada violonista alemã Carolin Widmann, de 49 anos, viveu uma situação de enorme tensão numa viagem de avião entre Helsínquia e Leipzig, com escala em Frankfurt, quando a 28 de novembro foi impedida de transportar dentro da respetiva caixa de proteção o seu violino, construído por Giovanni Battista Guadagnini em 1782, e que vale "alguns milhões de euros".A artista, não escondeu a sua indignação por um incidente que considerou "chocante e escandaloso" e numa publicação na sua página da rede social Instagram escreveu uma carta aberta ao CEO da Lufthansa, Carsten Spohr, onde acusa a transportadora aérea alemã de "discriminação contra músicos", numa situação que revela ser inédita, uma vez que é uma cliente habitual da companhia e foi sempre autorizada a viajar com o seu violino com 243 anos devidamente protegido na sua caixa.Carolin Widmann, uma das mais premiadas violonistas da atualidade e que colabora com as principais orquestras mundiais, argumenta que desta vez houve uma falta de sensibilidade e flexibilidade do staff da empresa. "Uma caixa de violino costuma medir 80x27x16 centímetros, ou seja, tem um terço menos do que um trolley que é permitido", escreve na carta aberta, na qual refere que as medidas permitidas pela Lufthansa são de "55x40x23 centímetros". ."Fui forçada a transportar o meu precioso violino feito por Giovanni Battista Guadagnini em 1782 fora da respetiva caixa. Passei pelo controlo de segurança e fiz toda a viagem até Frankfurt com o violino despido nos meus braços, embrulhado apenas na minha camisola", referiu Carolin Widmann, acrescentando que "esta preciosa peça de arte esteve completamente desprotegida durante seis horas de viagem, em três aeroportos (Helsínquia, Frankfurt e Leipzig)", acrescentando ainda que teve de utilizar "dois autocarros" para se deslocar para as portas de embarque em Frankfurt e Leipzig. Nesse sentido, refere que a única alternativa que lhe foi apresentada foi fazer o check in do violino dentro da sua caixa "como uma normal mala", o que diz ser "impensável" tendo em conta "o valor incalculável" do violino, que pode ser de "alguns milhões de euros".Duas semanas depois, Carolin Widmann diz estar ainda "em choque" com o que aconteceu. "Eu e todos os meus colegas estamos profundamente preocupados e apreensivos", disse, recordando que nos EUA todas as companhias aérea são obrigadas a permitir que pequenos instrumentos sejam transportados nas suas caixas de proteção e que nas várias outras companhias aéreas em que viajou foi autorizado o transporte e têm "diretrizes claras" para autorizar a entrada de instrumentos a bordo.Neste sentido, Carolin Widmann pediu na carta aberta "de forma cordial", tendo em conta este "chocante e escandaloso incidente", que a Lufthansa "repense a sua política e acrescente um apêndice às suas regras de bagagem de mão relacionado com pequenos instrumentos".A violinista acusa ainda a empresa de praticar "discriminação contra músicos". E lança uma questão: "Será possível que esteja no vosso espírito que uma companhia aérea nos exclua de viajar devido às medidas e ao valor dos instrumentos que usamos no nosso trabalho?"Widmann termina a carta formulando o desejo de obter uma resposta por parte da Lufthansa para que possa "recuperar a confiança" na empresa."Estamos a analisar todos os detalhes deste caso", diz a LufthansaAo DN, Boris Ogursky, diretor de comunicação da Lufthansa, adiantou que a empresa está "a analisar todos os detalhes deste caso" e prometeu comunicar uma decisão na próxima segunda-feira, 15 de dezembro.Ainda assim, esclareceu que "os instrumentos musicais de pequeno porte podem ser transportados gratuitamente na cabine", mas admitiu que "não devem exceder as dimensões da bagagem de mão, de 55 x 40 x 20 centímetros". Nesse sentido, refere que "estojos de violino geralmente excedem o limite de 55 centímetros", pelo que nestes casos a empresa permite a aquisição de "um assento extra para fixar e transportar um instrumento maior (por exemplo, um violoncelo)" para que o passageiro possa "manter o instrumento sob supervisão constante".Ogursky reforçou que a segurança "é a maior prioridade" da Lufthansa, sendo que essa é a razão pela qual são definidos os regulamentos e limites para a bagagem de mão a bordo. "O nosso objetivo é proporcionar o espaço limitado para a bagagem de mão a todos os passageiros de forma igualitária e garantir que, por razões de segurança, não obstrua a passagem", sublinhou.