Vermelho, a cor da emoção!

Já chegou à Disney + a nova longa-metragem da Pixar, <em>Turning Red- Estranhamento Vermelho</em>. O DN falou com a produtora e a realizadora de uma comédia sobre o mundo da adolescência misturada com lendas chinesas. Uma pena não ter tido ordem estreia nos cinemas portugueses.
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Em As Virgens Suicidas, de Sofia Coppola, uma das manas Lisbon atira à cara de um adulto: "o Dr.. obviamente nunca foi uma rapariga de 13 anos". O mistério da puberdade feminina é o tema principal deste indomável e extremamente agradável Turning Red-Estranhamente Vermelho, de Domee Shi, a nova aposta da Pixar, disponível apenas na Disney + depois de ter sido anunciado previamente nos cinemas. Trata-se de uma fantasia com elementos chineses (sim, de novo...) que aborda um segredo de uma menina adolescente no começo dos anos 2000 em Toronto, Meilin, descendente de chineses, no qual se conclui que, tal como a mãe, em determinado período da sua vida, transforma-se num volumoso panda vermelha quando sente emoções fortes. E não ter emoções fortes quando se é uma aluna popular, apaixonada por uma boys band da moda e farta de ter de seguir as orações budistas da família talvez seja verdadeiramente impossível.

Incrivelmente, o filme é quase autobiográfico: a Meilin é algo baseada na própria experiência da realizadora, filha de emigrantes chineses que se estabeleceram no Canadá no mesmo período. Afinal, uma fantasia de animação pode ser um processo de terapia para uma cineasta, conseguindo, ao mesmo tempo ter coragem para falar sobre temas como o aparecimento do período, a angústia feminina na adolescência e as alegrias das mais secretas camaradagens entre raparigas. Turning Red, mesmo não sendo o filet mignon das animações da Pixar, tem um ritmo desenfreado e um sentido de diversão capaz de mandar às urtigas algumas das regras preestabelecidas.

"Com Turning Red quis continuar a expandir a dinâmica das relações entre pais e filhos que já tinha abordado em Bao. Quis igualmente prosseguir com esse tipo de animação estilizada e, de alguma forma, ainda esticar mais a corda. O visual do filme tenta reproduzir as emoções reais desta adolescente...E claro que há um pouco de food porn, sem problemas! Qualquer plano com comida era bem-vindo", diz-nos Domee Shi via videochamada.

Ao seu lado está Lindsey Collins, produtora da Pixar Disney que defende com unhas e dentes esta nova tendência da "orientalização" do seu estúdio. Depois de Raya e o Último Dragão e do blockbuster de imagem real Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis, mais um conto com personagens asiáticos: "não penso que esta aposta em temas asiáticos seja uma corrente atual ou algo assim. Queremos que este filme seja intemporal. Pelo pedigree da Pixar achamos sempre que as nossas histórias são originais e nunca antes contadas. Aliás, na Pixar nunca andamos atrás das modas. Tantos filmes com personagens asiáticos? É uma coincidência, mas estamos a viver uma nova era com a abordagem de histórias multiculturais. Mais do que uma tendência, vejo isto como uma evolução", vinca a produtora, enquanto a realizadora prefere lembrar que este filme tem mesmo muito a ver com as suas próprias memórias relacionadas com a puberdade: "todos nós mulheres lembramo-nos quando éramos teens. Quis que este filme provocasse reações!". Enfim, não é todos os dias que aparece um filme da Disney cuja personagem principal fale abertamente do aparecimento do período, ainda para mais com um piadão inegável.

dnot@dn.pt

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