É a curadora Filipa Leal quem o diz: Nuno Júdice - O Prazer das Imagens é “uma exposição para ver e para ler”. A câmara de Portimão vai homenagear o poeta, ensaísta, ficcionista e professor de origem algarvia com esta mostra que estará patente a partir deste sábado, 20 de setembro, até 18 de janeiro do próximo ano, no Museu de Portimão. Também José Gameiro, diretor do Museu de Portimão, e Manuela Júdice, viúva de Nuno Júdice, participaram na curadoria desta exposição que pretende atravessar a escrita do poeta. A ideia surgiu de José Gameiro, que falou com Manuela Júdice para fazer uma exposição sobre o escritor. “A única condição que eu pus foi que a Filipa Leal fosse a curadora para a parte da seleção dos textos”, explica Manuela Júdice em conversa com o DN.A exposição contém poemas inéditos de Nuno Júdice acompanhados de obras de Graça Morais, Júlio Pomar, Jorge Martins, Rui Chafes, Manuel Amado, Duarte Belo, Bernard Cornu, Colette Deblé e Julie Ganzin. Vão ser também exibidos filmes sobre o escritor como Eco, Nuno Júdice e, dos arquivos da RTP, o Nuno Júdice, 3. Manuela Júdice quis começar a exposição com uma entrevista a Luís Miguel Cintra sobre uma viagem a Paris. “Não queria começar com uma biografia, mas sim com história da viagem que Nuno Júdice fez com Luís Miguel Cintra. Foram os dois para Paris fazer o curso de verão da escola do Louvre. Há vários poemas que se referem a algo que ele certamente viu durante essa primeira viagem a Paris”, explica. Um dos poemas que escreveu na sua ida a Paris está na exposição. “Um Chagall, le poète et son double, rosto azul, cavalo. Rússia./ O porto de Lisboa com guindastes e gaivotas, dia nublado, sem horizonte”, lê-se no excerto. Os textos de Nuno Júdice escolhidos para a exposição foram escritos para artistas, ou inspiraram obras de artistas. Um dos exemplos é a obra Fazer o Azul, de Manuela Pimentel. Esta foi inspirada no poema Derrapagem, que se encontra numa das páginas de um dos 20 cadernos de Nuno Júdice, onde este costumava fazer colagens de fotografias. Esse caderno vai estar disponível na exposição. .“Para mim foi muito surpreendente saber que o Nuno tem, pelo que percebi, mais cerca de 20 cadernos inéditos, onde podem ser encontrados várias colagens e vários poemas”, sublinha Filipa Leal em conversa com o DN.Outro destaque da exposição é o livro de poesia que Nuno Júdice fez com fotografias de Duarte Belo. “Temos as reproduções das fotografias do Duarte Belo, e os poemas do Nuno reproduzidos também ao lado das fotografias”, menciona Manuela Júdice.A exposição conta ainda com o painel do Roberto Mata com um poema que só foi publicado uma vez, num jornal estudantil de Coimbra, em 1969.A exposição terá ainda depoimentos em vídeo. ”Foi muito enriquecedor falar com pessoas que colaboraram com o Nuno. No caso da Graça Morais, falamos muito de um livro que se chama O Segredo da Mãe, uma das obras que estará exposta nesta exposição, em que o Nuno escreve partindo de várias obras da Graça Morais”, acrescenta Filipa Leal.“Acho que vai ser muito surpreendente tanto para quem segue as obras que estão expostas, como para quem segue a obra literária do Nuno Júdice. Há várias novidades sobre ele aqui”, acrescenta.Nuno Manuel Gonçalves Júdice foi um escritor, poeta e professor universitário. Recebeu vários prémios incluindo o Prémio de Poesia Pablo Neruda, o Prémio do Pen Club, o da Associação Portuguesa de Escritores, o prémio ibero-americano Rainha Sofia de Espanha, o Prémio Review 2000 da Associação Internacional de Críticos Literários, o Prémio de Crítica da Associação Portuguesa de Críticos Literários. Morreu aos 74 anos, a 17 de março de 2024. .Nuno Júdice: cinquenta anos de poesia