Em 1918, Giacomo Puccini estreava na Metropolitan Opera, em Nova Iorque, Il trittico, uma trilogia operática composta por três óperas de um ato: Il tabarro, Suor Angelica e Gianni Schicchi. A segunda e terceira destas óperas, Suor Angelica e Gianni Schicchi, sobem agora ao palco do Centro Cultural de Belém, com direção musical de Renato Balsadonna e encenação e Carmine de Amicis, marcando o arranque da programação lírica do Teatro Nacional de São Carlos (TNSC). Trata-se de um único espetáculo, com dois ambientes distintos. .Em Suor Angelica, a ação decorre na austeridade de um convento, para onde Suor Angelica, que vive entre a devoção e o arrependimento, é obrigada a entrar por ter manchado o nome da família com uma gravidez.A personagem é interpretada por Sílvia Sequeira, sendo a primeira vez que a soprano entra numa ópera do São Carlos. "O elenco é integralmente feminino e de origem portuguesa, destacando-se ainda o facto de nove dos papéis solísticos serem interpretados por sopranos e meios-sopranos do Coro do Teatro Nacional de São Carlos", sublinha o TNSC em comunicado. .Em Gianni Schicchi, personagem da Divina Comedia de Dante, interpretada pelo barítono Luís Rodrigues, há uma disputa em torno de uma herança, com "farsas e traições". Nesta ópera, a soprano Rafaela Albuquerque interpreta "a mais famosa e enternecedora 'birra' da história da ópera, a ária O mio babbino caro, na qual suplica ao pai que a autorize a casar com o seu amado", lê-se na nota à imprensa. . O São Carlos destaca também a participação da meio-soprano Cátia Moreso, a única solista que participa em ambas as óperas, nos papéis de La Zia Principessa e Zita. . "Entre a comoção e a comédia, as duas óperas tratam os temas da morte, da transcendência, da culpa e das relações familiares, revelando a versatilidade de Puccini, na sua capacidade de transitar entre dor e riso, espiritualidade e sátira", descreve o TNSC.