Salvador Sobral com "Amar pelos dois" venceu há 3 anos. Sábado, ainda há Eurovisão

Sem arena cheia, sem pontos, mas com as músicas que a 16 de maio deveriam competir em Roterdão. Pela primeira vez na história do evento, o festival foi cancelado. Mas vai existir, sob uma nova forma.
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Há três anos, a 13 de maio de 2017, Salvador Sobral venceu o Festival Eurovisão da Canção com a música "Amar pelos dois". Foi a primeira vez que Portugal venceu a competição.

Escrita por Luísa Sobral, a "canção lindíssima", como o pai dos irmãos Sobral a descreveu, embora julgasse que nunca chegasse à final, acabou mesmo por ser eleita vencedora com uma votação histórica: 758 pontos - na votação combinada dos júris nacionais e do público. Foi a mais alta pontuação de sempre num Festival da Eurovisão.

Se a vitória de Salvador Sobral foi inédita para Portugal -e até para o certame, mais habituado a sons alegres e "festivaleiros" - este ano, devido à pandemia, a Eurovisão volta a fazer história.

Desta vez, não se trata de uma vitória surpreendente, mas de uma pandemia que obrigou a que pela primeira vez em 65 anos, desde o seu início, o festival fosse cancelado.

Num comunicado divulgado no dia 18 de março, a organização disse que, ao longo das semanas anteriores, tinham sido "exploradas várias opções alternativas que permitissem que o concurso fosse por diante", mas a "incerteza gerada pela transmissão da doença covid-19 pela Europa - e as restrições postas em prática pelos governos dos participantes e pelas autoridades holandesas - fizeram com que fosse tomada a difícil decisão de [ser] impossível continuar com o evento ao vivo como planeado".

"Eurovisão: Europa Shine a Light", o festival possível em pandemia

A 65.ª edição do Festival Eurovisão da Canção foi cancelada, mas no dia em que deveria decorrer a final, 16 de maio, haverá um espetáculo que junta os cantores que deveriam representar os 41 países concorrentes deste ano.

O espetáculo, que terá como anfitriões os apresentadores holandeses Chantal Janzen, Edsilia Rombley e Jan Smit, "honrará as 41 canções" que deveriam competir este ano, "num formato não competitivo, bem como várias surpresas para os fãs e espetadores".

O "Eurovisão: Europa Shine a Light" também pretende reunir "os artistas 2020, a partir das suas localizações pela Europa, numa `performance` de um sucesso da Eurovisão, com letras unificadoras, apropriadas para a situação em que o mundo se encontra".

Ao espetáculo irão juntar-se também "artistas conhecidos de edições anteriores da Eurovisão", convidados a participar "na ligação da Europa através de canções familiares do passado, interpretadas em locais icónicos da Europa".

O consultor da RTP, Nuno Galopim, que foi o supervisor criativo na edição portuguesa do Festival Eurovisão da Canção de 2018, vai ser o comentador do "Europe Shine a Light", que a RTP1 vai transmitir no próximo sábado, dia 16, às 21h.

"Há uma festa que não podemos deixar de celebrar"

"Não vai ser a mesma coisa, é verdade... Vai faltar uma arena cheia de gente e um palco cheio de canções. Vai faltar a emoção das semifinais... Vai faltar a azáfama da reta final de uma produção gigantesca (e bem que o sabemos porque há dois anos quem quase não dormia era a nossa equipa, em Lisboa)... Vão faltar os pontos (e o Malato a não perceber as minhas contas)... Mas há uma festa que mesmo assim não podemos deixar de celebrar de maneira possível", disse Galopim.

A 65.ª edição do Festival Eurovisão da Canção deveria realizar-se entre 12 e 16 de maio, em Roterdão, nos Países Baixos. As semifinais estavam marcadas para os dias 12 e 14 e, a final, para o dia 16.

Os representantes dos 41 países participantes, Portugal incluído, já estavam escolhidos.

O tema que iria representar Portugal - "Medo de Sentir" (composto por Marta Carvalho e interpretado por Elisa) - foi escolhido no dia 7 de março, na final do Festival da Canção, que decorreu em Elvas.

Portugal participou no Festival Eurovisão da Canção pela primeira vez em 1964, tendo entretanto falhado cinco edições (em 1970, 2000, 2002, 2013 e 2016).

Entre 2004 e 2007, inclusive, e em 2011, 2012, 2014, 2015 e 2019, Portugal falhou a passagem à final.

Roterdão quer organizar festival em 2021. Mas pode não acontecer

Depois de já ter investido 15 milhões de euros no evento, Roterdão disse estar disponível para organizar a edição de 2021 do festival Eurovisão da Canção, mas isso não significa que o evento vá mesmo ser realizado na cidade holandesa, nem que seja em 2021, pois a organização do evento vai ainda tomar a decisão final, com base em questões financeiras, de logística, mas também de saúde.

"Para darmos uma resposta definitiva, precisamos antes de responder a uma série de questões. A decisão provavelmente será tomada em meados de maio", adiantaram fontes da organização do festival à televisão holandesa NOS, citada pela Lusa.

O responsável da câmara de Roterdão pelo festival, Said Kasmi, sublinhou, porém, que tanto a União Europeia de Radiodifusão (UER), que promove o festival, como as estações de radiodifusão e do centro de congressos Ahoy "podem ter a certeza de que Roterdão vai continuar a ser a cidade sede em 2021".

Se a UER e os restantes organizadores do evento decidirem selecionar de novo Roterdão como cidade anfitriã do festival, a câmara municipal quer aproveitar a ocasião para oferecer um papel especial aos profissionais da saúde que têm estado a lutar contra a pandemia de covid-19, dando-lhes ingressos gratuitos ou homenageando-os durante o festival.

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