Radu Jude é o vencedor esperado da Berlinale!
"Capta a essência dos nossos tempos", foi assim que o cineasta israelita Nadav Lapid justificou o Urso de Ouro para o romeno Bad Luck Banging or Loony Porn, de Radu Jude, comédia de extremos que era o grande favorito. Numa edição online em que os jurados puderam assistir aos filmes da competição ao vivo, em sala, a 71.ª edição de Berlim viu mais uma vez o cinema romeno a ser aclamado, dois anos depois de Não Me Toques, de Adina Pintilie, nem de propósito jurada este ano.
Bad Luck Banging or Loony Porn foi descrito no comunicado do júri como "um filme elaborado e também selvagem, inteligente e infantil, geométrico e vibrante, impreciso da melhor maneira. Ela ataca o espectador, evoca discordância, mas não deixa ninguém com uma distância segura". Esta obra assume-se como sátira sobre a falta de revolução sexual na Roménia, relatando-se a forma como a vida de uma professora é virada do avesso a partir do momento em que um vídeo caseiro sexual seu é atirado para a internet.
Jude é neste momento um dos cineastas mais internacionais do novo cinema romeno, sendo autor de obras como Aferim! ou The Happiest Girl in the World, mesmo que em Portugal os seus filmes ainda não tenham merecido aposta das distribuidoras.
Um dos outros favoritos era o novo do realizador de Happy Hour, Ryusuke Hamaguschi, Wheel of Fortune and Fantasy, que acabou por receber o Urso de Prata - Grande Prémio do Júri. Prémio merecido para uma obra que evoca os princípios da tradição da "short story". Um cineasta a refinar-se capaz de elaborar um novo peso do romanesco.
Em casa ficou o Prémio do Júri, neste caso para o documentário de Maria Speth, Mr. Bachmann and His Class, olhar sobre um processo de educação, enquanto a melhor realização foi para húngaro Natural Light, de Dénes Nagy.
Pela primeira vez, em sintonia com as novas deliberações, o prémio de interpretação não distinguiu o sexo dos atores. Ou seja, a melhor interpretação é agora prémio único e foi para Maren Eggert, no alemão I'm Your Man, tendo-se pela primeira vez distinguido a melhor interpretação secundária, por sinal também uma atriz, Lilla Kizlinger em Forest- I See you Everywhere.
Destes palmarés decidido apenas por cineastas, uma palavra para a omissão do cinema francês. Os jurados terão sido cruéis em ignorar o tão elogiado Petite Maman, de Céline Sciamma ou esse tão sentido Albatros, de Xavier Beauvois, saga de um homem que perde a alma.
Em junho, na edição física do festival, os prémios serão entregues aos vencedores e o público poderá eventualmente ver os filmes e fazer a festa cinéfila...
Urso de Ouro: Babardeală cu bucluc sau porno balamuc (Bad Luck Banging or Loony Porn), de Radu Jude
Urso de Prata: Grande Prémio do Júri: Guzen to sozo (Wheel of Fortune and Fantasy), de Ryusuke Hamaguchi
Prémio do Júri: Herr Bachmann und seine Klasse (Mr Bachmann and His Class), de Maria Speth
Melhor Realização: Dénes Nagy por Természetes fény (Natural Light)
Melhor interpretação: Maren Eggert - Ich bin dein Mensch (I'm Your Man), de Maria Schrader
Melhor interpretação secundária: Lilla Kizlinger em Rengeteg - mindenhol látlak (Forest - I See You Everywhere), de Bence Fliegauf
Melhor argumento: Hong Sang-Soo , por Inteurodeoksyeon (Introduction), de Hong Sangsoo
Melhor contribuição Artística: Yibrán Asuad pela montagem de Una película de policías (A Cop Movie), de Alonso Ruizpalacios