A pintura “O Bibliófilo”, da autoria de Manuel Maria Bordalo Pinheiro, foi devolvida à Câmara de Santarém 47 anos depois de ter sido furtada da Biblioteca Municipal.Num comunicado divulgado esta terça-feira, 8 de julho, a autarquia revela que a entrega oficial da obra, datada de 1870, decorreu em 25 de junho, nas instalações da Câmara Municipal, numa cerimónia que contou com a presença de representantes da Polícia Judiciária (PJ), autarcas e técnicos municipais.Segundo o comunicado, a obra foi “identificada em janeiro deste ano num leilão nacional, onde estava a ser colocada à venda pela herdeira de um colecionador de arte do norte do país”.“Após o alerta da Polícia Judiciária (PJ), o Ministério Público assumiu a condução do processo, que culminou na restituição formal da pintura” ao município, acrescentou.Com dimensões de 23 por 29 centímetros, “O Bibliófilo” fazia parte do espólio doado à cidade pelo historiador e político português Anselmo Braamcamp Freire, em cumprimento do seu testamento de 1921.O furto ocorreu na madrugada de 28 para 29 de agosto de 1978, durante obras de remodelação na Biblioteca Municipal e “pelo menos 10 objetos de elevado valor patrimonial desapareceram sem deixar rasto, entre eles pinturas, aguarelas e um relógio de mármore”, adianta ainda o comunicado.Desses 10 objetivos, já foram localizadas pinturas de Vallin, Brueghel, Drovgtroot e um óleo sobre madeira do século XVI, de autor desconhecido.Apesar da recuperação agora anunciada, continuam por localizar a “Paisagem com animais”, de Conoy; “O Caçador”, também de Bordalo Pinheiro; duas aguarelas com caricaturas de Alexandre Herculano e Braamcamp Freire, da autoria de Emílio Pimentel; e um relógio de mármore castanho com pintas brancas.A autarquia considera que a devolução de “O Bibliófilo” representa um passo importante na “valorização do legado cultural deixado por Braamcamp Freire, figura incontornável da história de Santarém” e renova a esperança de que as restantes obras possam ainda ser recuperadas.