Protestos contra Israel e bandeiras da Palestina marcam desfile inaugural do Festival da Eurovisão
Cerca de uma dúzia de bandeiras da Palastina saltaram à vista no desfile que aconteceu este domingo, na cidade de Basileia, Suíça, na abertura oficial do Festival Eurovisão da Canção. Um dos manifestantes entrou na passadeira turquesa por onde passavam os artistas participantes do evento e sentou-se no chão, mostrando uma bandeira, tendo sido detido pela polícia.
"Sem aplausos para o genocídio", lia-se num cartaz. "Cantamos enquanto Gaza arde", dizia outro.
O desfile teve início em frente à Câmara Municipal da cidade suíça anfitriã deste evento que se diz apolítico mas que anualmente se torna palco de protestos devido a questões políticas, ultimamente relacionadas com conflitos.
Esta semana, mais de 70 músicos que já participaram no concurso, entre os quais Salvador Sobral, António Calvário, Fernando Tordo, Lena D’Água e Paulo de Carvalho, apelaram, à União Europeia de Radiodifusão (UER) para que excluisse a participação de Israel.
Numa carta aberta publicada conjuntamente pela organização não-governamental Artists For Palestine e pelo movimento Boycott, Divestment, Sanctions (Boicote, Desinvestimento e Sanções, em português, BDS), justificam o apelo à UER com o facto de considerarem a televisão israelita KAN “cúmplice do genocídio contra os palestinianos em Gaza”.
“Acreditamos no poder unificador da música, e é por isso que nos recusamos a permitir que seja utilizada como ferramenta para encobrir crimes contra a humanidade”, lê-se na carta, na qual os antigos participantes afirmam que a presença de Israel tornou a edição de 2024 “a mais politizada, caótica e desagradável” da história da competição.
Já em abril, a televisão pública espanhola, RTVE, tinha pedido a “abertura de um debate” sobre a participação da KAN no festival da Eurovisão, numa carta dirigida à UER.
Anteriormente, no final de março, tinham sido lançadas petições na Finlândia, pedindo à televisão pública finlandesa Yle que pressionasse a UER para excluir Israel da edição de 2025, por causa da guerra em Gaza.
Já no ano passado, a 68.ª edição do Festival Eurovisão da Canção, em Malmö, na Suécia, ficou marcada pelo conflito israelo-palestiniano. Desde que se soube que Israel iria participar no concurso, vários apelos foram feitos por representantes políticos e artistas europeus para que a presença do país fosse vetada.
Houve manifestações, junto à arena que acolheu a final, e a participação do representante dos Países Baixos foi cancelada, depois de um “incidente” nos bastidores com a delegação de Israel.
Na altura, iolanda, a representante portuguesa, apresentou-se no desfile das bandeiras com um vestido de uma marca palestiniana e as unhas pintadas com o padrão do ‘keffiyeh’, lenço símbolo da resistência palestiniana. Em palco, quando terminou a atuação, a cantora portuguesa disse que a paz iria prevalecer, à semelhança de outros participantes, como os representantes de França e Irlanda.
Este ano Israel será representado por Yuval Raphael, uma sobrevivente do ataque do Hamas ao Festival Nova, em 7 de outubro de 2023, que disse desejar que a sua música, "New Day Will Rise", transmita uma mensagem de apaziguamento e solidariedade. Este domingo, à saída da Câmara Municipal, a cantora de 24 anos cumprimentou a multidão, mandou beijos e posou para os fotógrafos, agitando a bandeira israelita.
A Suíça vai receber o evento depois de Nemo ter vencido a Eurovisão em 2024 ,em Malmö, com a música"The Code", que explora a descoberta da sua identidade de género não binária. O artista juntou-se aos apelos pela exclusão de Israel. "Apoio o apelo para excluir Israel do Festival Eurovisão da Canção", disse ao site de notícias The Huffington Post. "As ações de Israel contradizem fundamentalmente os valores que a Eurovisão afirma defender: a paz, a unidade e o respeito pelos direitos humanos", defendeu, citado pela AFP.
O 69.º Festival Eurovisão da Canção, no qual competem 37 países, começa na terça-feira, com a primeira semifinal, em que é apresentada a canção “Deslocado”, dos NAPA, que este ano representam Portugal.
Na quinta-feira realiza-se a segunda semi-final. A final está marcada para sábado.
Com Lusa