'Portugal Pop': uma reflexão sobre a moda nos últimos 50 anos
Leonardo Negrão

'Portugal Pop': uma reflexão sobre a moda nos últimos 50 anos

Depois de passar por Matosinhos, a exposição vai estar patente a partir desta sexta-feira e até 12 outubro no MUDE em Lisboa, com algumas novidades.
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Existe ou não uma moda portuguesa? Quais as influências? Estas são algumas perguntas que a nova exposição do MUDE - Museu do Design, em Lisboa, pretende responder. Portugal Pop: A moda em português vai estar patente a partir desta sexta-feira até 12 outubro e quer refletir sobre a moda dos últimos 50 anos em território nacional. 

Esta exposição surgiu de um convite feito pela Casa do Design em Matosinhos, em 2020, criando uma parceria entre os dois museus. Portugal Pop: A moda em português. 1970-2020 esteve patente em Matosinhos em 2022 e agora chega a Lisboa. 

“Esta segunda apresentação em Lisboa teve uma adaptação da exposição a este lugar, porque o lugar é diferente. Portanto, essa adequação foi feita, mas também houve aqui algumas mudanças e há já um maior amadurecimento em relação a estas questões que foram colocadas. Podemos ver algumas características que estão presentes e transversais ao longo destes 50 anos”, explica a diretora do MUDE, Bárbara Coutinho em conversa com o DN.

A exposição começa com um vídeo da Simone de Oliveira vestida por Maria-Thereza Mimoso no Festival da Canção, em 1969 a cantar Desfolhada. “Foi um posicionamento da mulher livre em pleno regime do Estado Novo, onde a liberdade está também na forma como também se vestia”, menciona Bárbara Coutinho. 

A exposição está dividida em três temas: Memória coletiva e identidade nacional; Territórios Pessoais: a Intersubjetividade na 1ª Pessoa do Singular; e Eco-lógico: antropologia de lugares, materiais e saberes

A primeira parte, Memória coletiva e identidade nacional, foca-se nos símbolos portugueses como a calçada portuguesa, azulejo ou o galo de Barcelos. Alguns manequins mostram também figurinos de uma peça sobre o amor de D. Pedro e Inês de Castro do Teatro D. Maria II, assim como figuras importantes como o ooeta Fernando Pessoa, Amália Rodrigues e António Variações. 

A segunda parte, Territórios Pessoais: a Intersubjetividade na 1ª Pessoa do Singular, centra-se nos percursos pessoais dos designers. Muitas das peças fazem referências a lugares como Trás-os-Montes, Japão, Índia ou Nova Iorque. Um dos exemplos são as peças inspiradas nos Caretos do Carnaval de Trás-os-Montes.

A última secção da exposição, Eco-lógico: antropologia de lugares, materiais e saberes, debruça-se sobre a consciência do valor económico, social e cultural do fabrico das peças e materiais. 

Ao longo da exposição encontram-se pequenos ecrãs com vídeos de arquivo da RTP e da Modalisboa com concertos de artistas portugueses, desfiles de designers e videoclipes. Desde a entrada até ao final do percurso, os visitantes são acompanhados por uma instalação sonora produzida por Tiago Pereira. Esta instalação consiste em registos sonoros recolhidos durante 20 anos, incluindo cânticos, som de amoladores, entre outros. “Quero apelar também à nossa memória, à memória do visitante”, disse Bárbara Coutinho. 

Segundo a diretora do MUDE, há peças que estão presentes nesta exposição que não estiveram em Matosinhos, como um vestido da designer Lidija Kolovrat. 

Leonardo Negrão

Todas as peças da exposição estão colocadas sobre um chão feito de desperdícios da indústria têxtil que serão reutilizados.

Em paralelo, o MUDE está a organizar debates e encontros sobre a moda em Portugal. “Quem sabe, no final da sua apresentação em outubro, possa surgir um jornal, uma outra publicação com os contributos de quem passar por aqui”, refere a diretora do museu de design.

O preço dos bilhetes é de 11 euros.

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