É possível quem visitar essas duas exposições, Leyenda Oriental e Pliegues, em português Lenda Oriental e Pregas , ficar com uma ideia do Uruguai? Este é um pouco o retrato do país?A arte pode ser muito restringida a um lugar e as pessoas talvez não a entendam porque não conhecem esse lugar. Mas a arte também, e acredito na universalização da sua mensagem, pode ser compreendida em muitas partes do mundo. Assim, o tema das “Memórias”, que é o título geral destas duas exposições, é também o seu ponto de encontro. Ao público estrangeiro tenho de explicar mais o que significa esta “Lenda Oriental”, porque tem a ver com o Uruguai. A outra, referente às fotografias de família, é universal, porque o álbum de família já existiu em todos os países do mundo. Hoje, se pensarmos na nova tecnologia, com as fotos no próprio telemóvel, tudo mudou. Mas antes era uma cerimónia ver o álbum de família quando se ia à casa de alguém. As pessoas passavam horas a olhar, enquanto bebiam um chá. Os novos e os velhos. Então, isso tem a ver com memória. Ou seja, é uma forma de perceber o mundo de forma mais meditativa, mais lenta, aquilo que era típico. Hoje, o mundo é extremamente superficial e rápido..Quando vemos as suas fotografias feitas a partir de álbuns de família, estes pertenciam a pessoas que nunca conheceu? Como conseguiu esses álbuns?Esses álbuns têm um valor muito grande para mim. Existem pessoas que talvez não se importem tanto com a memória. Mas a mim importa. E isso tem a ver com a minha vida pessoal. Estive quase 13 anos sem voltar ao Uruguai. Vi os meus pais duas vezes em 13 anos. Além disso, vivi longe em circunstâncias horríveis - uma doença do meu pai e a morte de uma irmã. Então, a questão da memória tem muito a ver comigo. Porquê? Porque pratiquei muito a memória. Porque quando se está fora e se receia não voltar... Tenho outras exposições também referentes a isso. Porque tem a ver com o que aconteceu comigo na vida. Então, para ser mais abrangente, esta Pregas, uma alusão ao papel vegetal que protegia as fotos, tem a ver com memórias de família. Mas não da minha. É um material desconhecido, de desconhecidos..Comprou álbuns em feiras de antiguidades, e até online, certo?Sim, alguns comprei. E outros encontrei-os no lixo. Eram de pessoas que morreram e a família diz: “E para que serve isto?” Então deitam fora ou vendem. Tudo isso gera duas coisas em mim. Em primeiro lugar, muito respeito pelas pessoas das fotos. E em segundo lugar, muito mistério. Quem são elas... O que é que essa pessoa fazia? Porque está aqui? E porque está ao lado dessa outra pessoa? E por que tiraram uma foto e, por exemplo, depois rasgaram-na e tiraram toda a parte de cima, sobrando aquelas pernas de mulher? Tudo isso produz muito mistério para mim. São muitas ideias, obviamente que depois dariam até para escrever um romance, não? De qualquer forma, é ficção. Eu não conheço a realidade daquelas pessoas. E faço arte com elas. Fui fotógrafo de imprensa durante muitos anos e o fotógrafo de imprensa que trabalha com fotografia documental é jornalista. E obedece a um código de ética jornalística, mesmo que obviamente exista uma sensibilidade pessoal, a razão porque foco aqui e não foco ali. Mas não se pode adicionar, não pode remover algo de uma foto ou cobrir parte de uma foto, não, nada. Isso não pode ser feito. Há um código de ética, como para quem escreve nos jornais. Mas fotografia é arte ou não é arte? Sempre houve esta discussão. Eu acredito que a fotografia é arte. Não tenho dúvidas. E na arte contemporânea, a fotografia superou outras disciplinas. A pintura, por exemplo. Mas isto é o que chamo de fotografia de livre expressão. Agora não estou a publicar em jornais. Estou a experimentar com uma coisa que encontrei. A maneira de iluminar. Se vou cobrir ou não cobrir alguma parte, certo? Deixo algo escondido ou vou mostrá-lo? Isto é fotografia de livre expressão. Primeiro importa o material com o qual se vai trabalhar. Segunda coisa, a sensibilidade pessoal, que tem a ver, no meu caso, com o meu passado, com a minha vida e a importância da memória para mim. E ainda, muito importante, o meu sentido estético. Isso é muito importante na arte. Tudo isso forma um todo. Ou seja, eu produzo algo e coloco à disposição das pessoas. E arte é isso. Arte é, de certa forma, a capacidade de alguém com uma técnica ou diversas técnicas fazer uma representação simbólica da realidade. E isso é disponibilizado ao público. E o público completa-o. Baseado na própria sensibilidade e no próprio sentido estético. Isso é arte. Acontece aqui também..Crédito: Álvaro Isidoro / Global Imagens.Nesta dupla exposição, esta parte sobre a família é quase universal. Poderiam ser portugueses nos álbuns. As sociedades são culturalmente muito próximas para não ser imediata uma identificação, se se trata do Uruguai ou não. Mas a dedicada à imigração é muito específica do Uruguai, e de outros países da América. O que é que Lenda Oriental nos ensina sobre o Uruguai, a história?Um dia pediram-me uma exposição que fizesse sentido no Dia do Património. Foi há sete ou oito anos. A ideia partiu da ministra da Cultura. Faça uma exposição sobre o nosso património. E eu disse, muito bem. Mas quem escolhe a forma e o conteúdo sou eu. Responderam: faça o que quiser. Então, criei esta Lenda Oriental. E dei esse nome justamente porque o Uruguai deve ser o único país do mundo que não tem nome. Porque na realidade autodenominamo-nos República Oriental do Uruguai. Ou seja, é o território republicano que fica a leste do rio Uruguai. Antes éramos a Banda Oriental e agora somos a República Oriental do Uruguai. É claro que as pessoas, a nível mundial, falam do Uruguai. Mas a nossa nacionalidade, desde que era criança, sempre foi oriental. O hino nacional não nomeia nunca o Uruguai. E começa com “orientais, a pátria ou o túmulo.” É assim que começa o nosso hino..E esse país, a Banda Oriental, a República Oriental, o Uruguai, como quiser chamar, é um país construído por imigrantes.É um país claramente construído por imigrantes, porque os grupos indígenas que existiam no Uruguai eram indomáveis. Impossíveis de civilizar. Principalmente os charruas, um dos maiores grupos que existia. Também partilhamos uma origem comum com os paraguaios, os guaranis, que também se estabeleceram a certo momento no Uruguai. Para os povos indígenas no Uruguai, em geral, foi muito dura a colonização europeia. Não vou contar aqui a história toda, mas mesmo depois da independência, os poucos que sobraram foram exterminados e quem sobreviveu tinha medo de dizer a origem. Então vieram os escravos, e o Uruguai recebeu assim uma quantidade grande de gente que veio de África, hoje são mais de 10% os afro-uruguaios. E depois chegou muita gente, mesmo muita gente, da Europa..Estamos a falar de imigrantes sobretudo oriundos de Espanha, mas também de Itália? A primeira imigração do Uruguai, ou seja, quando os espanhóis fundaram Montevidéu - e agora estamos a comemorar 300 anos da construção da Praça Matriz, da Catedral, de uma cidade que cresceu bastante depois de 1724 -, os espanhóis do Vice-Reino do Rio da Prata, que estavam em Buenos Aires, trouxeram alguns imigrantes para o Uruguai . Bruno Mauricio de Zabala, que é considerado o fundador de Montevidéu, trouxe gente de Espanha, da Península Ibérica, mas principalmente das ilhas Canárias. É daí que vem a minha origem, daí vem o meu apelido. Há muitos canários no Uruguai..Então, essa imigração inicial é logicamente espanhola, mas no Uruguai independente essa imigração é mais diversificada?Sim, sim, claro, mais tarde, especialmente no final do século XIX e início do século XX, muita gente veio para o Uruguai, muitos italianos, muitos judeus, muitos arménios. E de Espanha, muitos galegos, uma quantidade enorme. Eu diria que tudo isso aconteceu até 1950, porque o Uruguai, que era um grande produtor de carne, de lã e de couro, fez muito bom comércio durante as duas Guerras Mundiais, especialmente na Segunda Guerra Mundial, e era nessa época um país muito próspero..Crédito: Álvaro Isidoro / Global Imagens.Estamos a falar de uma época em que o Uruguai, tal como a Argentina, eram países ricos, sobretudo por causa do gado?Claro. O Uruguai foi, e ainda é um pouco, chamado de Suíça da América, por ser muito habitado por europeus, simplesmente porque os povos indígenas foram todos assassinados, mas também porque, tal como a Suíça, era próspero e progressista. O Uruguai tem a sua primeira constituição em 1830, e por isso é que em 1930 foi construído o estádio Centenário, para o primeiro Campeonato do Mundo de futebol. E a FIFA escolheu o Uruguai porque antes não havia Mundial e os dois anteriores campeonatos olímpicos foram ganhos pela equipa uruguaia. Por isso o Uruguai usa na camisola da sua seleção as quatro taças, não apenas as de Montevidéu 1930 e do Rio de Janeiro 1950, mas também as dos Jogos de Paris 1924 e de Amesterdão 1928..Na exposição, há algumas fotos antigas que mostram futebol, uma equipa, mas também uma criança a jogar futebol. Como se explica que o futebol seja até hoje tão importante para o Uruguai, o primeiro campeão mundial?O futebol é tudo no Uruguai. As pessoas vivem focadas no futebol. E existe no futebol uma grande divisão, um fosso muito maior do que na política, entre as duas grandes equipas, que são o Peñarol, a minha equipa, que é a mais popular, e o Nacional..Há uma diferenciação social entre os adeptos dos dois clubes?Sim. Os negros, por exemplo, são todos adeptos do Peñarol. Os pobres, em geral, são mais do Penãrol, enquanto os adeptos do Nacional são mais pessoas de outra condição social..O Uruguai foi um país muito progressista, muito próspero, mas também passou por um período negro, já bem dentro do século XX, que foi a ditadura militar que durou de 1973 a 1985.O Uruguai desde a sua independência até 1900 teve muitos problemas e muitas guerras civis. Primeiro, foi dificil ser reconhecido como país. Porque os brasileiros não queriam aceitar a perda do Uruguai e para os argentinos o Uruguai era visto como mais uma possível província da Argentina. Mas o Uruguai foi ganhando forma, dotando-se das instituições próprias de um país, e em 1900 deu-se a última guerra civil. Há dois partidos fundadores que são o Partido Nacional, ou branco, e o Partido Colorado. O nosso primeiro presidente foi Fructuoso Rivera, colorado. E o segundo foi Manuel Oribe, branco. Eram ambos lugar-tenentes de José Artigas, que é o herói nacional que lutou contra os espanhóis. Em 1900, depois da guerra civil, começa o Uruguai moderno, é o Partido Colorado que governa e há uma pessoa por quem realmente todos os uruguaios sentem muito respeito e emoção pelo que fez no seu tempo, que é José Batlle Ordóñez. Governa alguns anos e cria uma série de coisas que nos dão muito orgulho até hoje, que são as oito horas de trabalho, o voto das mulheres, e estamos a falar do início do século XX, a separação entre Igreja e Estado. Ainda hoje o Uruguai é um país muito pouco religioso. As pessoas que permanecem religiosas são mais propensas a fazê-lo por causa da tradição, não é como noutros países da América Latina. Se vir a Argentina, por exemplo, a Igreja está unida ao Estado, no México também. Mas o laicismo no Uruguai é um laicismo inclusivo, não exclui ninguém. Todas as religiões são permitidas, como a afro-umbandista, que veio do Brasil, e os evangélicos, e claro a Igreja Católica, mas o nível de religiosidade no Uruguai é extremamente baixo. Por exemplo, eu andei numa escola católica, porque a minha mãe assim o quis, mas sou agnóstico, não me preocupa se Deus existe ou não existe. Na realidade, do que não gosto são as igrejas porque elas são criação do homem..Crédito: Álvaro Isidoro / Global Imagens.É aí que nasce o Uruguai, moderno, próspero e progressista?O Uruguai, que antes era ignorado ao nível internacional, afirma-se no mundo. Por exemplo, passou a participar na Sociedade das Nações, antecessora da ONU, e a fazer propostas muito progressistas, que surpreendiam. E aí o Uruguai começa a ser respeitado como país, apesar de ser um pequeno país da América do Sul..E o mais pequeno a ser campeão do mundo de futebol.E o que mais jogadores tem espalhados pelo mundo. Nenhum país exporta futebolistas como o Uruguai..Em 1973 acontece essa mancha negra que é a ditadura e vai durar pouco mais de uma década. Na história do Uruguai é a exceção?Sim, é uma exceção, mas tem muito a ver com todo um processo que ocorreu na América Latina nessa época. E explico: a esquerda no Uruguai existe desde o início do século XX, com o Partido Comunista surgido logo depois da Revolução de Outubro, que levou à criação da União Soviética. Existiam também várias confederações operárias. Mas era uma esquerda muito minoritária, mesmo que o Partido Comunista do Uruguai seja um dos partidos comunistas mais importantes da América porque lutou muito pela união do movimento operário, que só se concretizou com a criação de uma central sindical única para os trabalhadores do país em 1967, e a nível político, com a um formação da Frente Ampla em 1971. Mas, entretanto, passaram-se outras coisas. Depois da Revolução Cubana em 1959, a América Latina viveu um processo de radicalização muito forte. Obviamente a situação económica depois da Segunda Guerra Mundial, em países como o Uruguai e outros, começara a decair e acabou aquela época maravilhosa, de prosperidade, na Argentina também. E então o que acontece é que uma parte da esquerda deixa de acreditar em eleições e na via democrática. Aí começa a luta armada em vários países da América Latina, entre eles o Uruguai, com os Tupamaros. Pepe Mujica pertencia a esse grupo. Esteve preso 13 anos, isolado numa cela. Outros líderes do movimento de libertação nacional Tupamaro também foram presos..A ditadura é uma criação da direita conservadora, em reação à luta armada da esquerda?Sim, mas obviamente com apoio dos Estados Unidos que não queriam outra Cuba na América Latina. Os Estados Unidos deixaram acontecer o comunismo em Cuba, mas disseram que isso não iria acontecer novamente noutro país. E houve uma ajuda militar muito forte. Todos os militares da América Latina andaram na escola dos Estados Unidos no Panamá. Então, tudo isso influenciou a política uruguaia. Na verdade, os Tupamaros cresceram, havia pessoas que os viam com simpatia, embora eu pessoalmente nunca tivesse estado de acordo com a luta armada, preferia a via eleitoral. E quando os militares decidiram acabar com eles, num ano conseguiram-no, foi em 1972, e depois estenderam a repressão à esquerda em geral. Começou a repressão, dos comunistas por exemplo. Muitos foram para a prisão. Ou desapareceram..Crédito: Álvaro Isidoro / Global Imagens.Exilou-se em 1973. Tinha atividade política?Eu tinha atividade sindical e também política na Frente Ampla, que era uma frente de esquerda, mas legal. E tive de fugir. Vieram procurar-me na minha casa, mas eu já não estava. Meti-me no avião com a minha mulher e a minha filha mais velha, que tinha seis meses, fez um ano já na Argentina. Quando Juan Perón morreu eu estava na Argentina..Escolheu partir para a Suécia por algum motivo?Aconteceram-me coisas horríveis na Argentina. Salvei-me porque tive sorte. Os militares uruguaios operavam na Argentina de forma clandestina com ajuda dos militares argentinos. Tudo ilegal..A Argentina não era uma opção para viver mesmo antes da ditadura militar se impor em 1976?Não. Vieram também ali à minha casa e levaram um cunhado meu, que tinha estado preso no Uruguai, era mais novo do que eu. Levaram-no e mataram-no, e a mais dois. Foram os primeiros uruguaios mortos na Argentina. Em outubro de 1974. E aí procurámos refúgio nas Nações Unidas. Eu não tinha passaporte, não podia viajar para lugar nenhum, e também não tinha dinheiro. A partir daí, ficámos nos escritórios das Nações Unidas em Buenos Aires uns dias até encontrarem um refúgio. E a Suécia foi muito generosa. Recebeu refugiados políticos chilenos, eram muitos, uruguaios e brasileiros também, e depois de 1976 muitos argentinos..Quando voltou ao Uruguai?Decidimos voltar quando acabou a ditadura..Aí a chamada da pátria foi importante?Claro. Digo sempre o mesmo: eu tenho um velho Uruguai, descrevo-o sempre assim, que é o dia em que saí durante a noite sem ter escolhido, depois vem um longo parêntesis. Eu tinha 25 anos quando parti e voltei com quase 38. Foi um período de formação muito importante. Formação humana, formação cultural e formação universitária. Quando voltei para o Uruguai em 1986, encontrei um país totalmente diferente, depois da ditadura, totalmente diferente, porque estava em ruínas. Era dificílimo conseguir trabalho. Eu voltava com uma nova formação, que não era a que eu tinha antes de ir. Antes eu estudava veterinária no Uruguai, imagine. Tinha de conseguir trabalho, mas não havia. Felizmente, tivemos ajuda da família e pudemos comprar uma casa e instalámo-nos, mas eu tive de reencontrar-me com o novo Uruguai. E custou-me, não foi fácil. Custou-me dizer: vou voltar a viver neste país. Mas fiquei. Tinha de ser. Eu à Suécia vou frequentemente, viajo muito, até pelo meu trabalho, porque fui correspondente; trabalhei na France Presse, trabalhei na agência noticiosa alemã, trabalhei num semanário no Uruguai, o Brecha, onde estava, entre outros, Eduardo Galeano, um grande amigo..Quando se pensa hoje no Uruguai, é um país com uma imagem muito positiva no mundo. Não só pelo soft power do futebol, mas também, por exemplo, pela democracia, por Mugica, que foi presidente e é muito admirado internacionalmente pelo exemplo de modéstia. O antigo guerrilheiro que foi eleito presidente tornou-se um símbolo de Uruguai? É figura consensual no Uruguai?Não sei se é consensual, há gente, obviamente, que não gosta de Mugica. Mas sim, é admirado. Porque as pessoas não compreendem como pode haver um presidente tão pobre que viva nas condições que ele vive. E que, além disso, tenha um conceito de vida muito próprio. Não se esqueça de que esteve 13 anos preso. E isolado. Teve muito tempo para pensar. Uma pessoa nessa situação ou fica louco ou reflete muito. Ou as duas coisas. Mugica é como um guru. Tem esse lado reflexivo, permanentemente. Quando fala, todos ouvem o que diz. Tem essa coisa incrível. E, além disso, eu digo sempre que um homem como Mugica, que pertenceu à guerrilha - isso é impensável noutro país da América Latina, salvo agora, na Colômbia, que tem Gustavo Petro, que pertenceu à guerrilha também, e eu tenho muito respeito por Petro - chegar a ser presidente da República é bastante incrível. Por uma via democrática. Ele sabe que a outra não funcionou e que esta sim funcionou. A via democrática foi a escolha dos uruguaios. E hoje temos Luis Alberto Lacalle como presidente, branco, e há três ex-presidentes vivos, a Luís Alberto Lacalle pai, branco, Júlio Maria Sanguinetti, que foi presidente duas vezes e é colorado, e Pepe Mugica, que é da Frente Ampla. E os três ex-presidentes foram à Argentina, fizeram uma conferência juntos, isso é o bom da democracia. Temos eleições em novembro. Peço aos partidos, por favor, não lutem, dialoguem. O Uruguai merece ser bem sucedido. Está no ranking entre os 12, 13 países com a melhor democracia do mundo. É incrível.