Foi há 20 anos que o grupo Mesa lançou o seu primeiro disco com título homónimo. Mónica Ferraz, vocalista, e João Pedro Coimbra, o teclista e compositor, celebram esse marco com dois concertos no dia 7 de maio na Casa da música no Porto e no dia 15 de maio no Lux Frágil em Lisboa. “É uma união, uma volta com muito gosto e significa que nós efetivamente nunca desaparecemos”, disse Mónica Ferraz em conversa com o DN. O primeiro álbum dos Mesa foi considerado um dos dez melhores discos por Emmanuel Legrand, editor da revista americana Billboard, considerando-o um “um impressionante disco de estreia”, ao lado de Franz Ferdinand e de Kraftwerk. “Nós já tínhamos tido aqui em Portugal essa experiência, porque foi considerado o disco do ano pela Antena 3 e ganhámos um Globo de Ouro. Isso também mostrou que a nossa música conseguia ultrapassar o nicho e isso foi muito importante. Quando veio esse reconhecimento internacional, para nós foi incrível”, sublinha João Pedro Coimbra. Durante 13 anos de pausa, os dois artistas seguiram carreiras a solo. A ideia para o regresso do grupo foi de amigos de Mónica Ferraz e João Pedro Coimbra. “Eles começaram a falar no facto de que fazíamos 20 anos e que devíamos celebrar com algo novo. Começámos a pensar nisso, fomos ouvir as canções e vimos que fazia sentido voltar”, explica o teclista e compositor.E o regresso à sala de ensaios foi um momento eufórico. Os dois artistas puderam reviver momentos, mas houve mudanças. “O meu entendimento sobre a escrita de João é agora completamente diferente do que era antes. Atualmente, sou também compositora e é diferente. Na altura, só ouvia como cantora e agora é muito engraçado ouvir como compositora e perceber um bocadinho a cabeça do João”, conta Mónica Ferraz.Já João Pedro Coimbra acrescenta que os dois se encontram com outra maturidade. “Se calhar, na altura não tínhamos esta bagagem toda, mas continuamos com a mesma vibe e isso é extremamente importante”.No entanto, muito continua igual para os dois artistas. “Às vezes basta olhar e não dizer nada. Esse olhar continua entre nós. Podia ter desaparecido, porque são 13 anos desde o último concerto e, portanto, as nossas vidas seguiram rumos completamente diferentes”, acrescenta João Pedro Coimbra.Recordar as músicas 13 anos depois do último concerto, não foi complicado para Mónica Ferraz. “Um dia antes do ensaio tive um bloqueio, mas depois cheguei à sala de ensaios e apareceu tudo na minha cabeça num clique”, explica.Já João Pedro Coimbra não se lembrava dos temas. “Não me lembrava de nada. Até porque muitas das músicas estamos a tocá-las de uma forma completamente diferente. Mas mesmo aquelas em que eu tocava não me lembrava de nada”, acrescenta. Os concertos em Lisboa e no Porto irão levar os fãs de Mesa numa viagem pelo passado com os êxitos mais conhecidos como Esquecimento, Arrefece e Vício em ti, mas também incluirá temas não tão conhecidos e outras músicas que nunca foram tocadas ao vivo pelo grupo. O ADN da banda fará parte do espetáculo, sendo os 17 temas representados de forma mais teatral e encenada. No entanto, vários fãs já encheram a caixa de mensagens nas redes sociais e de correio dos artistas com pedidos. “As pessoas mandam-nos e-mails ou mensagens para o Instagram a dizer: ‘vocês têm que tocar aquela música’”, menciona João Pedro Coimbra. Os Mesa relançaram a 18 de abril o single Deixa Cair o Inverno do segundo disco Vitamina. Os artistas revelaram ao DN que irão regravar outro single. No entanto, não estão com planos para um novo disco. “Nós não gostamos de fazer planos. Então as coisas vão fluindo assim. Estamos a fazer as coisas com muita naturalidade. E queremos desfrutar do momento”. O preço dos bilhetes para os concertos é de 15 euros.