Exclusivo O eterno fascínio do Antigo Egito

Arranca esta sexta-feira na Cinemateca, em Lisboa, o ciclo "Nas terras dos Faraós", uma iniciativa em diálogo com a exposição "Faraós Superstars", patente no museu da Fundação Calouste Gulbenkian. Entre obras no grande ecrã e peças históricas, a antiguidade egípcia está aí para ser redescoberta no seu esplendor popular.

O que é que nos atrai no Antigo Egito? A resposta a esta pergunta, se feita em relação aos dias de hoje, terá de passar pelo cinema. Por mais voltas que se dê, no imaginário do público persiste o próprio fascínio com que Hollywood olhou ao longo do tempo para essa cultura longínqua, carregada de iconografia. Ainda este ano chegará às salas uma nova aventura de Astérix & Obélix com Marion Cotillard como Cleópatra - a prova de que a imagem da mítica rainha está destinada a passar de atriz em atriz, qual transmissão de testemunho de beleza. Nesse universo paródico das personagens gaulesas, tivemos antes Monica Bellucci no papel da governante egípcia, mas na história do cinema é a Cleópatra de Elizabeth Taylor que vem imediatamente à memória (e ao motor de busca do Google) quando se pronuncia ou escreve o seu nome. Um rosto de linhas perfeitas, emoldurado pela franja e tranças negras, com as pálpebras bem carregadas de sombra azul, sobre os olhos cor de violeta.

Esse Cleópatra (1963), de Joseph L. Mankiewicz, é um dos títulos que não poderia faltar à chamada do ciclo "Nas terras dos faraós", que a Cinemateca programa este mês em colaboração com a Gulbenkian, onde está patente a exposição "Faraós Superstars", até 6 de março. O filme em que Taylor enverga um vestido de tecido de ouro de 24 quilates será apresentado em cópia digital restaurada e com a duração original de pouco mais de quatro horas, nunca antes exibida na Cinemateca. Um clássico a rivalizar neste contexto com outro homónimo, a Cleópatra (1934) de Cecil B. DeMille, que João Bénard da Costa defendeu com unhas e dentes num brilhante texto, não só sobre o filme mas sobretudo acerca dos preconceitos em torno do cineasta do excesso: "Cleópatra foi e é quase um sinónimo de Hollywood, na aceção pejorativa daquele termo: dinheiro, mau gosto, superficialidade, sumptuosidade, incapacidade de entender a História e as suas Grandes Figuras. Uma "americanice", uma "palhaçada", etc., foram alguns dos "mimos" aplicados a este filme, como a outras obras análogas de DeMille."

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